quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Capitulo 15 - CADEIRA DE PEDRO


Capitulo 15
CADEIRA DE PEDRO
                                                                                                                            
            



“...mas a barca de Pedro não terá paz. Anátema para quem não acompanhou o pai.
Na cadeira de Pedro sentarão, ao mesmo tempo, o Justo e o Bisão. Ambos terão o dom de falar ao povo.”
                                                                        Aranha Negra.           
  


O chefe da guarda atendeu ao pedido do Santo Padre, voltou-se e encostou a porta com receio de que depois não conseguiriam mais abri-la. Fez tudo isso rapidamente não querendo perde os passos que o Papa tomava na direção do centro da pequena sala. Quando pareceu ter ouvido um barulho que vinha de fora da sala por trás de algum daqueles labirintos de tuneis.
- Chefe tranque a porta.
O homem então correu para não apenas encostar e sim puxar a porta pelo lado de dentro da sala e ela acabou realmente de alguma forma se fechando. Assim, o Pontífice se sentiu mais seguro e quando chegou ao centro da sala colocou suas mãos na altura do peito e desabotoando alguns dos botões retirou um bolso que estava por dentro de suas vestes perto da altura de seu coração.






As férias papais duraram ainda algumas semanas até que foram interrompidas por mais um dos escândalos que vinham envolvendo os bastidores do Vaticano. O Santo Padre também estava querendo retornar a Santa Sé para dar continuidade as buscas dos seus mistérios, agora com o que parecia ser um mapa em suas mãos.
Ao retornar ao Vaticano o Santo Padre resolveu definitivamente tomar medidas mais drásticas para enfrentar o mar de discórdia em que se encontrava “A Barca de Pedro”. Sentindo-se disposto e cheio de uma energia renovada em atos que para muitos parecia ser loucura começou a refazer toda a administração do seu Estado. Primeiro afastou o secretário geral e trouxe para essa função seu amigo de seminário para ocupar o cargo. Afastou o seu mordomo e escolheu estar contigo também um padre da confiança de seu novo secretário Rafael. Trouxe também o monge Miguel para acompanha-lo diariamente em sua busca dos enigmas. Em pontos estratégicos como nas prefeituras colocou pessoas de sua confiança e assim tentou isolar principalmente aquele Arcebispo que pelos corredores era considerado o antipapa.
Toda ação tem sua reação e logo o Santo Padre começou a sofrer retaliações indiretas por aqueles que foram afastados e mais desordem parecia estar em movimento. Pensou até em convocar um Concílio para mudar completamente os rumos de sua Igreja. Tinha consciência que o povo estava se afastado da ordem religiosa por que as lideranças eclesiais tinham se encastelado em suas sedes.
A Igreja estava completamente dividida em duas forças que pareciam uma caminhar à esquerda e outra à direita do Santo Padre. As reformas feitas pelo Bispo de Roma desagradariam os dois lados, Iluminatis e Spiritualis acirravam a disputa ainda mais pelo governo temporal do Vaticano. Foram nesses dias que o bispo vermelho que o procurara logo no inicio de seu Pontificado intitulando-se o antipapa sem mais nem menos faleceria. E o que se dizia que uma nova eleição ocorreria bastidores para que esse cargo fictício fosse ocupado. E mesmo com suas transformações administrativas a Santa Sé estava se afundando em crises que só acompanhavam as crises políticas mundiais.
Há dias em que o bem estar
Num desses tempos difíceis o Santo Padre se recordou das conversas que havia tido com monge Miguel e quis conhecer a necrópole e as catacumbas do Vaticano. Chamou seu novo secretário agora Cardeal nomeado e amigo de seminário e disse que com ele gostaria de visitar as profundezas do Vaticano. Seu amigo sabia mais ou menos o que estavam procurando e disse que era uma honra poder acompanhar o Santo Padre naqueles mundos mais escondidos, diria ele.
Conseguiram deixar uma das tardes da agenda do Papa sem audiências. Dirigiram-se então para a Basílica de São Pedro e dai para a entrada que os levaria primeiro para as criptas onde se encontravam vários Papas enterrados. Nesse local visitaram os últimos líderes da Igreja aos quais o Santo Padre havia sucedido. Logo depois foram à visita do tumulo de São Pedro. Ali ficaram bastante tempo contemplando os mistérios que envolviam todos aqueles homens que tinham conduzido a Igreja até aqueles dias.
O secretario geral entendia que por ali dificilmente encontrariam algo, pois eram locais de visitação pública conhecidos perfeitamente por todos, então acompanhados do monsenhor responsável pelas instalações foram conduzidos para os locais onde eram fechados ao publico. Eram catacumbas viradas e reviradas por arqueólogos durante grandes períodos e provavelmente também não esconderiam nada que alguém já não tivesse colocado os olhos. Só que o Santo Padre sabia de certa forma o que estavam procurando, algo que retratasse os símbolos que vinham perseguindo pelas trilhas de sua jornada.
O monsenhor experiente em acompanhar os arqueólogos também resolveu levar com ele o maior de todos os pesquisadores para acompanhar aquela visita e assim mostrar ao Papa os lugares que recentemente haviam sido escavados graças a novas tecnologias desenvolvidas para aquele tipo de trabalho. Ficaram surpresos com tanto corredores de catacumbas sob os prédios do Vaticano.
Antes que os dois homens, o Papa e o seu novo secretário geral acompanhassem aquela procura, ficou acertado entre os dois que enquanto o Santo Pontífice provavelmente seria acompanhado por arqueólogos, o secretario percorreria os cantos em que provavelmente os dois juntos não conseguiriam visitar e assim o fizeram. Enquanto o monsenhor e o cientista iam apresentando as novas descobertas o novo secretário ia entrando por outros lugares e foi numa dessas escapadas que ele encontrou algo que provavelmente interessaria aos mistérios que estavam tentando serem desvendados. Então como previamente acordado assim que viu algo que interessaria deu um sinal ao Santo Padre que percebendo o que estava acontecendo deixou ser conduzido por seu secretário.
Em um dos corredores já aparentemente bem percorrido havia duas colunas com a figura de dois anjos dois anjos que aparentemente vigiavam ou protegiam uma lápide. O que chamou a atenção do secretário é que cada um dos anjos com as mãos estendidas seguravam uma esfera que tinha no centro o símbolo da estrela de seis pontas. Os dois seres estavam posicionados de perfil onde se podiam ver as suas asas e se encontravam de frente para o que parecia ser um portal e cada um possuía na mão esquerda uma espada e na direita a esfera com a estrela de seis pontas como era representado no anel de Salomão encontrado pelo Papa em Castel Gandolfo.
Inteligentemente o Santo Padre vendo aquelas duas figuras perguntou ao arqueólogo:
- De que maneira vocês estão pesquisando esses corredores com essas novas tecnologias meu amigo cientista?
- Santo Padre, hoje a arqueologia utiliza-se desde imagens de satélite até uma pequena espátula para fazer as suas descobertas. Em escavações como esta podemos usar radares, mapeamento a laser, além de buscas químicas, físicas e biológicas.
- Se existir uma abertura numa dessas paredes então podemos descobrir sem derrubá-la? – disse o secretário ao arqueólogo.
- Sem dúvidas, e se a abertura for muito estreita, robôs podem vasculhar e nos enviar imagens de tudo que está por trás do que procuramos.
- E o que estamos procurando aqui meu jovem? – disse o Papa.
A pergunta deixou todos surpresos. O cientista olhou para o monsenhor sem entender o que o Papa estava querendo dizer.
- Santidade, estamos procurando relíquias, escritos e outras tantas coisas deixadas pelos primeiros cristãos. – disse o monsenhor.
- Vocês já estão utilizando essas tecnologias modernas nessa parte descoberta recentemente? – perguntou o secretário.
- Estamos utilizando por enquanto apenas para abrir novos corredores. Em muitos lugares aparentemente eram apenas túmulos então deixamos eles momentaneamente de lado e vamos em busca de novos corredores para apenas depois nos dedicarmos a essas câmeras.
- É o caso dessas imagens a nossa frente? – perguntou o Papa.
- Santidade esse espaço entre os dois anjos ainda vamos estudar. Não parece uma cripta, nem um corredor, tem apenas a aparência de mural é bem diferente de tudo que temos encontrado até agora. Se o senhor desejar podemos fazer uma pesquisa minuciosa.
- Ao contrário meu amigo cientista gostaria que não o tocasse e que o preservasse pelo menos por enquanto de qualquer tipo de escavação, pode ser assim?
- Sem dúvida, Santo Padre. – falou o monsenhor responsável pelas escavações.
Os quatros homens continuaram sua caminha pelos corredores históricos que parecia fazer parte de todas as fundações do Vaticano. Algo inacreditável de ser compreendido apenas com a força de suas mentes e apesar de estarem na verdade em um cemitério podia-se encontrar beleza naquelas buscas.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Capitulo 14 - O SETE ENCONTRAR O SETE




Capitulo 14
O SETE ENCONTRAR O SETE
                                                                                                                            
            



Passa a sombra de um anjo a vereda; escancaradas as portas do cemitério.
Um trovão tremendo, um redemoinho, uma flecha; e tudo passará depressa.
Virá como um ladrão o Grande Dono; sentireis apenas um grande abalo.
Quando o sete encontrar o sete, a humanidade inteira estará em aperto.
Voltarão os mortos, cairá o firmamento; para todos no vale há o encontro.
O anjo piedoso escreverá sobre o cálice:
“Aqui jaz”.                                                                     
Finalmente a Terra pousará em paz.
                                                                       Mago Ladino                 
  


Enquanto o Papa se dirigia ao centro da Sala Sagrada, o Chefe da Guarda continuava a reparar no ambiente em que se encontravam, talvez fosse a força do hábito de sua profissão. Observou então com detalhes o ambiente em que estava e realmente a sala formava um hexágono e em parede ou porta existiam símbolos que pareciam letras que ele desconhecia.
- Chefe. - disse o Papa voltando-se ao seu acompanhante antes de atingir o meio da sala e continuou – acho melhor fecharmos a porta por onde entramos.
- Santidade, depois saberemos como sair dessa sala?
- Fique tranquilo. Daremos um jeito.



Os dias de férias continuaram não como a agenda que o Pontífice enfrentava no Vaticano, no entanto as consultas continuavam a serem feitas todos os dias. Conformou-se, parecia que realmente esse seria o seu novo ritmo. Escolheu então receber e despachar apenas pela manha e a tarde e noite deixar livre para os seus períodos de contemplação e para a sua busca pessoal. Para isso manteve o monge Miguel no castelo durante sua estada.
Resolveu então mostrar para o monge a biblioteca particular que tinha descoberto no quarto.
- Miguel está vendo esta coleção, olhei alguns livros e um pouco de textos. Eles em sua maioria se referem a vaticínios sobre a vida dos Papas. Gostaria que você olhasse com detalhes, talvez possamos encontrar algo que nos ajude. Quem sabe o que procuramos não está no Vaticano e sim neste castelo ou talvez em outro lugar.
- Sim Santidade, quando posso começar nossas pesquisas?
 - Pode ser agora Miguel, hoje estou como dia quase livre, irei apenas atender pela manha o Secretário Geral do Vaticano que está me trazendo alguns informes importantes.
Ao dizer isso o Papa percebeu que o semblante do monge se transformou, ele tentou disfarçar só que era um jovem transparente incapaz de não demonstrar o que estava acontecendo em seu interior. O Pontífice então resolveu não tocar novamente no assunto.
- Vou descer para o escritório do castelo e você fica a vontade em suas buscas.
- Obrigado Santidade. – disse o monge já se dirigindo na direção dos livros entusiasmadamente.
O Santo Padre então se dirigiu para a saída do quarto e sentia que algo estava indo no caminho certo principalmente na busca de decifrar os enigmas. Seu mordomo o esperava quando ele abriu a porta. Vivia tão desconfiado de tudo que estava acontecendo ao seu redor que imaginou por um instante se aquele homem não estava ouvindo suas conversas por trás das portas. Só que daquela possivelmente não ouviria muita coisa, pois era grossa tanto quanto as paredes e feita de madeira centenária.
Enquanto o Papa descia as escadas o monge mergulhava no oceano que tanto amava. As gotas daquelas aguas eram formadas de papel e os habitantes eram letras que juntas formavam palavras e que próximas criavam ideias e que unidas formavam o universo do qual o conhecimento beirava o infinito.
O monge nunca tinha colocado todo o seu corpo nas águas salgadas do mar, mas naquelas águas literárias era um exímio mergulhador. Logo estava imerso até a consciência pelas ondas das ideias dos livros que o cercava naquela enorme estante, mas que para ele era apenas um pequeno braço de mar. Estava habituado a desbravar oceanos sem fim como era a Biblioteca do Vaticano. Lá mergulhava até as profundezas onde nenhuma luz existia. Onde nenhum homem poderia alcançar por causa das pressões e da ausência de luz ele conseguia lá estar. Usava a intuição como ninguém para se colocar na trilha das marés e nadar por águas seguras.
Foi assim que logo depois de olhar os livros de uma forma mais geral orou com profundidade para que suas mãos fossem guiadas pela força do Espírito. Ele estava diante de várias coleções e muitos livros isolados que falavam quase todos de profecias de todos os tempos, desde o antigo testamento até videntes e profetas contemporâneos. Olhando rápido uma coisa lhe chamou a atenção, uma das coleções possuía apenas sete livros isso não era comum, normalmente eram dez, vinte ou até cinco livros. Escolheu então começar por ela sua procura. Ela estava voltada para vaticínios dos fins dos tempos.
Sentou na escrivaninha onde o Santo Padre parecia fazer suas anotações e fazer seus estudos naqueles dias de descanso. Pegou os sete livros da estante e os amontou ao seu lado. Era de seu costume primeiro olhar rapidamente em toda a coleção para depois dissecar um a um e muitas foram as vezes em até que começou de trás para frente. Pois foi nessa passagem rápida como os olhos pelos livros que no sétimo livro encontrou uma frase grifada: ‘Quando o sete encontrar o sete, a humanidade inteira estará em aperto. ’ E o que mais lhe chamou a atenção era que a frase inteira estava grifada só que nas palavras ‘ Sete encontrar o sete’ o grifo estava com mais ênfase.
Procurou então ver quem era o seu autor, Mago Ladino, leu um pouco de sua história que estava no começo do livro e depois se concentrou no aquilo podia ser chamado de “canto poético”. Percebeu então que como a maioria das profecias ela estava relacionada a um terrível fim dos tempos.
‘O que seria então o sete encontrando o sete’. – pensou o monge consigo mesmo e procurando a claridade de uma janela em busca de iluminação para a sua consciência.
- Como estão as pesquisas, meu filho?
O monge se assustou com as palavras.
- Perdão Santidade estava distraído pensando no que poderia ser esse pequeno enigma.
- Qual enigma dessa vez Miguel?
- Quando o sete encontrar o sete. – responde e explicou onde tinha encontrado a frase sublinhada.
Não havia percebido, mas a manhã toda já havia passado naquela sua busca.
- Vamos dar uma pausa para nos alimentarmos e deixar essa busca cozinhar em fogo baixo em nossa consciência, mais tarde voltamos a nossas pesquisas.
- Santidade, mas o que seria um sete encontrando um sete?
- O sete é um número que indica perfeição e pode ser usado desde a Invocação dos anjos até uma Evocação de demônios. – disse o Papa usando sua sabedoria das escrituras.
- Então estamos nos referindo a um enigma gigantesco.
- Talvez não, quem sabe seja apenas uma coisa muito simples. Só que agora vamos dar um descanso. – disse o Santo Padre sorrindo querendo retirar o monge daquela imersão.
Uma das formas de se decifrar algo é se distanciar da procura.
O monge e o Papa então se retiraram para o almoço que não durou muito, pois o entusiasmo do jovem também contagiava. Voltaram então lentamente para os aposentos do Santo Padre e para o ponto em que estavam.
- Quando o sete encontrar o sete, a humanidade inteira estará em aperto. – disse o monge em voz alta só que pensativo e repetindo a frase do Mago Ladino.
Entretanto o Pontífice tentou manter-se distraído de tudo aquilo, foi em direção a sacada enquanto Miguel voltara a concentração total sobre os livros, queria desvendar aquilo o mais urgente possível.
O Papa então olhou para dentro observando a enorme estante e sua mente repetiu para si mesmo ‘ o sete encontrar o sete’ e olhou distraidamente para a estante contanto 1,2,3,4,5,6 e 7 era a quantidade de divisórias da esquerda para a direita da estante. Olhou novamente e da direita para a esquerda também se chegava ao sete e contou de baixo para cima e de cima para baixo também se chegava a uma sétima divisória que estava vazia.
- Miguel esses livros estavam naquele vazio da estante?
- Sim Santidade.
- E só estavam eles lá naquele lugar?
- Aparentemente sim Santidade.
- Posso lhe pedir uma coisa?
- De uma olhada melhor naquele espaço.
- Sim Santidade! Algum problema?
- Lá o sete encontra o sete.
- Como assim!
- De onde quer que você conte os módulos da estante eles acabam chegando ao numero sete, de onde você retirou esses sete livros.
- Interessante, vou subir para olhar melhor. – falou o monge já pegando uma cadeira e subindo e assim olhando melhor o espaço em que estavam os livros. Olhou para os lados da prateleira, para o fundo e aparentemente não havia nada de diferente, apenas um espaço vazio.
- E então Miguel alguma coisa diferente?
- Aparentemente nada Santidade, ficou apenas o espaço vazio.
O Papa ficou pensando um pouco e tantos anos andando por mosteiros, palácios e igrejas já tinha visto muitas formas de se esconder algo quando se queria.
- Bata na madeira do fundo da estante.
O monge sem entender nada fez o que o seu mestre havia mandado,
- Aparentemente está tudo normal, Santidade.
- Tire alguns livros da prateleira do lado e bata no fundo dela.
O monge assim o fez e ai então entendeu o que o Papa estava dizendo.
- O som parece um pouco diferente, na que está vazia parece ser diferente.
- Deixe-me subir Miguel.
- Mas Santidade é perigoso.
- Preciso ver isso Miguel.
Então o Monge não teve como conter o homem e se preocupou apenas uma possível queda do Papa.
- Antes Miguel, tranque aquela porta.
O Papa subiu realmente na cadeira e olhou, tocou o fundo procurando algum tipo de abertura. Foi quando imaginou que talvez ele pudesse correr e o empurrou com as mãos para uma das laterais e percebeu que ela de alguma forma parecia se mover. Realmente era corrediça.
- Miguel, pegue outra cadeira e tente me ajudar parece que o fundo se move.
O monge correu para pegar uma outra cadeira e com a força dos dois homens o fundo correu da direita para a esquerda lentamente para de trás da prateleira vizinha. Uma pequena abertura surgiu só que por trás dela uma parede de tijolos antigos. Parecia não querer continuar o deslize e ter travado a corrediça, a abertura não chegava ao meio do vão que continha a prateleira. O Papa mais experiente colocou seu dedo indicador por trás da espécie de porta que corria, havia uma trava. Pediu então para o monge pegar algo que pudesse empurrar uma espécie de lingueta que travava a corrediça da madeira.
Miguel então desceu da cadeira e pegou um abridor de cartas e o entregou ao Santo Padre, foi quando a porta de entrada sofreu batidas.
- Santidade, telefone para o senhor. – disse a voz do mordomo por trás da porta.
Aquele era um momento único e o Santo Padre gritou da cadeira em que estava em  pé:
- Anote o recado. Depois ligarei.
- Mas Santidade, a chamada é do Vaticano e é urgente.
- Seja o que for, anote. Pode esperar.
- Está bem Santidade.
O Papa pegou o abridor de cartas e com sua ponta destravou a espécie o pino. A porta corrediça continuo a deslizar. Então por trás dela uma pequena abertura como aquelas em que um santo fica dentro do oco da parede. Ao seu redor havia uma espécie de acabamento saliente formando uma rebarba por onde o fundo corrediço da prateleira travava ao tocar. O buraco era fundo e o Santo Padre não teve dúvidas enfiou a mão e dele saiu um anel e dentro dele um pequeno pergaminho.
- Encontramos Miguel o que procurávamos. – disse o Papa entregando a relíquia ao monge que estava abaixo de boca aberta esperando as novidades.
- Santidade, o anel.
- Psiu. – disse o Papa colocando o dedo em sua boca solicitando que aquilo fosse dito em sigilo.
O Santo Padre com a ajuda do monge praticamente pulou da cadeira e retomou em suas mãos o anel com o pergaminho. Os dois então abriram juntos sobre a pequena mesa o pergaminho enrolado e para a surpresa dos dois era o desenho do símbolo do anel de Salomão. Olharam o mapa parecia apenas ser a cópia do símbolo que estava no anel, só que tinha como título: Mapa do Vaticano.
Os dois homens olharam um para o outro sem mais uma vez poder compreender o que poderia ser aquilo. Sentaram nas cadeiras em que tinham subido para investigar a estante e colocaram o pequeno pergaminho sobre a mesa. Um olhava o pergaminho o outro estava encantado pela joia.
- O que você acredita ser esse mapa Miguel e o anel é realmente o de Salomão?
- Santidade, quanto ao anel observe por dentro está grafado o outro lado da estrela e o mapa parece ser apenas uma representação da estrela no anel, não teria sentido se fosse um mapa de algum lugar do Vaticano, ficaria muito claro para qualquer um visualizar esse símbolo dentro de qualquer parte.
- E se estivesse escondido em algum lugar que não fosse assim tão visível como, por exemplo, nas catacumbas do Vaticano?
- Aí não sei dizer Santidade, nunca estivesse nem perto dessas catacumbas.
- Observe no mapa, as pontas da estrela possuem seguimentos que não estão representados nos anéis.
- Poderiam ser passagens escondidas pelos subsolos, talvez!
- Quem sabe realmente possam ser, só que onde estariam essas aberturas e será o caminho para alguma outra construção ou apenas um sarcófago?

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Capitulo 13 - O COMEÇO DOS SOFRIMENTOS


Capitulo 13
O COMEÇO DOS SOFRIMENTOS
                                                                                                                            
            



Quando Jesus estava sentado no monte das Oliveiras, os discípulos chegaram perto dele e perguntaram-lhe em particular: ”Dize-nos quando acontecerá tudo isso? E qual é o sinal de tua vinda e do fim do mundo?” Jesus lhes respondeu: Cuidado para ninguém vos enganar. Porque muitos virão em meu nome e dirão: ‘Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos. Ouvireis falar de guerras e boatos de guerras, mas não vos perturbeis, porque é preciso que isto aconteça; mas ainda não é o fim. Uma nação se levantará contra outra e um reino contra o outro. Haverá fome e terremotos em diversos lugares. Mas tudo isso é o começo dos sofrimentos. Em seguida vos entregarão a torturas e vos matarão, e sereis odiados por todas as nações por causa do meu nome. Muitos perderão a fé, uns trairão os outros e odiarão. E numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. Por causa da crescente maldade, o amor de muitos esfriará. Mas quem perseverar até o fim será salvo. Este Evangelho do Reino será pregado pelo mundo inteiro como testemunho a todas as nações. Então virá o fim.
                                                           Evangelho de São Mateus.                 
  




O Chefe da Guarda ficou olhando ao seu redor querendo entender sobre o que o Papa estava se referindo quando disse que ali estava toda a energia do Vaticano. Não via nenhum tipo de máquina ou qualquer forma de gerador, apenas uma pequena sala em formato estranho, não era circular nem retangular, parecia ter sido construída em forma de um hexágono e que por ter andado em um túnel e na escuridão o tempo todo não conseguia decifrar onde eles se encontravam exatamente.
- Onde está o gerador de toda a energia Santidade? É isso que estamos procurando?
- Calma chefe, logo estaremos diante do Grande Sétimo. – disse o Papa se dirigindo para o centro da sala.
De relance, o Chefe da Guarda olhou para trás e viu por onde tinham entrado e reparou que realmente existiam outras cinco paredes que não sabia se podia ser outras portas de entrada ou saída.



O Pontífice passou a tarde daquele primeiro dia de suas férias tentando se desligar um pouco de todas as coisas, só que todos aqueles vaticínios o levavam novamente a uma tempestade mental de possibilidades e sentiu o seu corpo físico novamente dar sinais de esgotamento. Deitou-se então um pouco para um pequeno sono a espera de esse ato restabelecesse suas energias.
- Santidade! – ouviu o Papa não entendendo de onde vinha aquela voz, parecia ser a de seu mordomo. Tudo estava muito distante, quem sabe um sonho.
- Santidade, o senhor gostaria que fosse servido o vosso jantar? – continuou a voz.
‘Nada de sonho’. – pensou o Papa abrindo os olhos que ainda pareciam cheios de areia e que insistiam em se manter fechados, mas mesmo assim respondeu a pergunta:
- Você poderia trazer alguma coisa leve para que eu pudesse me alimentar aqui mesmo no quarto?
- Sim Santidade, mas o senhor está bem?
- Estou apenas cansado, vou comer algo e voltar a descansar aqui mesmo no quarto, amanha vou estar bem melhor.
O mordomo se retirou e voltaria depois de alguns minutos com um suco e um lanche para o Papa que se alimentou e ficou de seu quarto observando o céu até o sono chegar novamente.
No dia seguinte acordou logo pela manhã estranhando todo aquele silencio. Já havia se acostumado com o tumulto que era Roma e particularmente o Vaticano. Há muito não sentia seu ser diante da presença do silencio. Aproveitou para rezar suas orações matinais e foi durante esse tempo que se recordou que monge Miguel chegaria para darem inicio a sua busca pessoal de revelar os enigmas que vinha vivendo em seu pontificado.
Não demorou muito tempo para que o mordomo viesse chamá-lo para o café da manhã e disse que estava saindo dos seus aposentos.
Monge Miguel já o aguardava no saguão do palácio.
- Bom dia meu filho. – disse o Papa ansioso para ouvir novidades.
- Bom dia Santidade. – respondeu o monge baixando a cabeça.
- Você já tomou café Miguel?
- Sim Santidade quando saí do Vaticano me alimentei.
- Vou tomar então um breve dejejum e logo começamos nosso trabalho está bem?
- Claro Santidade, fico a vossa espera. – respondeu o monge olhando para os lados e sempre observando o ambiente.
O Pontífice se dirigiu para a sala de refeições com um pressentimento estranho. Algo de diferente estava acontecendo com aquele jovem monge. Parecia de alguma forma assustado e nada a vontade. Talvez a mudança de ambiente e tanta novidade ou quem sabe algo que realmente os ajudaria a clarear as suas buscas. Sentou-se a mesa e se alimentou rápido querendo terminar logo a refeição para se reunir com Miguel.
- Você filho não parece bem. – disse o Papa assim que se reuniu isoladamente com o jovem monge.
O jovem monge tentou disfarçar dando logo algumas novidades ao Pontífice.
- Tenho ótimas novidades Santidade.
O Papa percebeu que o jovem queria não ser o centro do assunto.
- Quais são as boas novas?
- O símbolo que vossa Santidade está procurando é o anel de Salomão. – disse o jovem.
O Papa já havia recebido essas informações de seu amigo seminarista quando da viagem a sua terra natal.
- Entendo. – disse ele esperando outras revelações. – mas e quanto as inscrições em suas pontas? –
- Santidade, primeiro precisamos entender que essa estrela se refere provavelmente a estrela que mais brilha no céu: Sírius.
- Porque Sírius?                                
- Em minhas pesquisas parece que a estrela de Sírius é uma espécie de centro local de vários sóis e entre eles está o nosso sol.
- E quanto a possuir duas faces?
- Ainda não sei dizer se os símbolos em duas faces que nós descobrimos se referem a uma estrela dupla, ou quem sabe dois anéis.
- Espera, vamos devagar que agora não entendi nada. – falou o Papa sorrindo.
- Santidade é como se existisse uma dualidade, sim-não, cara-coroa, positivo-negativo.
- Um corpo físico e outro espiritual?
- Talvez seja uma colocação mais exata para nossa busca.
- E quanto as inscrições em suas pontas?
- Elas estão grifadas em um hebraico antigo e que parecem na verdade ser números e não nomes.
- Sim em hebraico as letras também podem se referir a numerais não é mesmo Miguel?
- Isso mesmo.
- Parece que quanto mais descobrimos mais distantes ficamos de desvendar os segredos.
- Também estou com essa impressão Santidade.
- Estamos diante de um quebra-cabeça sem fim. Só que tenho um pressentimento que isso tem a ver com nossa realidade muito mais do que imaginamos.
- Como assim? – disse o monge surpreso.
- Por exemplo, seu rosto parece machucado o que aconteceu com ele?
O jovem monge ficou completamente sem jeito, pois acreditava que tudo aquilo iria passar despercebido. Então baixou a cabeça e permaneceu em silencio.
- Preciso saber o que está acontecendo, confio bastante em você meu filho, espero que também confie em mim. – insistiu o Papa.
Os olhos do monge marejaram-se de lágrimas.
- Não foi nada Santidade.
- Miguel preciso saber se está acontecendo algo de errado para que eu tenha certeza de que tudo o que você está passando é verdadeiro ou são pistas falsas.
- Santo Padre não mentiria para Vossa Santidade.
- Então o que está acontecendo?
- Num desses dias em que Vossa Santidade estava em viagem fui interpelado num dos corredores da biblioteca por homens vestidos de monges, só que não tinham um comportamento cristão.
- E o que fizeram contigo Miguel?
- Me levaram para um dos corredores, já bem tarde, não tinha mais ninguém na biblioteca me amarraram em uma cadeira e começaram a me torturar.
- Meu Deus! E o que queriam saber de você? – disse o Papa com uma fala constrangida.
- Queriam que eu revelasse sobre o resultado de nossas pesquisas, e principalmente saber o que estávamos procurando.
- E o que você disse Miguel?
- Tive que revelar parte da verdade Santidade, eles tinham em suas mãos os desenhos do anel de Salomão.
- Fique tranquilo filho, isso é sinal que eles também não encontraram o que estamos procurando.
- Mas preciso dizer-lhe Santidade, que me perguntaram se nós já tínhamos encontrado os anéis.
- Então existe realmente um anel e parece que são mais de um!
- Esse anel é utilizado como uma forma de proteção das forças malignas.
- Sim verdade, mas nos parece que existe algo mais do que isso. – falou o Papa olhando melhor agora para a face de Miguel e reparando que ele provavelmente sofreu bastante fisicamente.
- Também acredito nisso Santidade, esse anel ou esses anéis provavelmente são chaves para a revelação de um enigma maior e é isso que não disse aos meus torturadores. Existe algum lugar secreto dentro do próprio Vaticano que esconde um grande segredo.
- Onde poderemos encontrar então esses anéis? Já andei sigilosamente procurando por essas relíquias por todas as partes e não encontrei nada.
- Qual seria o lugar mais secreto para se esconder essas relíquias dentro do Vaticano ou quem sabe até fora dele?- disse o monge em tom de estar realizando uma pergunta para si mesmo.
A questão ficou correndo pelos ares do palácio como que um fantasma assombrando os corredores dos cômodos. Os fantasmas parecem habitar mais dentro do que fora.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Capitulo 12 - O CORAÇÃO DO VATICANO


Capitulo 12
O CORAÇÃO DO VATICANO
                                                                                                                            
            



A ansiedade dominou a todos e todos se reuniram em volta do Santo Padre para defendê-lo e assisti-lo em suas necessidades. Naquele momento apareceram dois anjos portando um estandarte que foram apresentar ao Santo Padre dizendo:
- Recebe a bandeira daquela que combate e dispersa os exércitos mais fortes da Terra. Os teus inimigos desapareceram, os teus filhos invocam teu retorno com lágrimas e suspiros.
Levantando-se o olhar para o estandarte, via-se inscrito, de um lado, Regina sine labe concepta(Rainha sem pecado concebida) e, do outro, Auxilium Christianorum(Auxílio dos Cristãos). O Santo Padre pegou com alegria o estandarte, mas vendo o pequeno numero de pessoas que haviam sobrado a sua volta, mostrou-se muito aflito. Os dois anjos acrescentaram:
Vai logo consolar os teus filhos. Escreve aos teus irmãos dispersos nas várias partes do mundo que é necessário fazer uma reforme dos costumes e dos homens. Isso não poderá ser alcançado se não partindo para as populações o pão da Palavra Divina.
                                                           Dom Bosco                 
  


Quando o Papa e o Chefe da Guarda adaptaram-se melhor naquela pequena sala, as perguntas voltaram com toda a força:
- Santidade, afinal onde estamos? Que lugar é este?
- Estamos no coração do Vaticano.
- No coração!
- Sim, aqui está toda a energia central do Vaticano.



Ao encerrar suas orações diante do grande lago de Castel Gandolfo, o Santo Padre foi convidado por seu secretário para o primeiro almoço de suas férias.
- Santidade, o almoço está pronto podemos servir?
- Sim secretário e, por favor, convide todos que nos acompanharam nessa nossa viagem para almoçarmos juntos.
- Todos Santidade?
- Isso mesmo, claro que só aqueles que quiserem. – respondeu o Santo Padre com um sorriso aberto.
- Vamos precisar então de algum tempo a mais para ajeitarmos todas as coisas de forma que possamos servir a todos.
- Sem problemas, vamos lá gostaria de ajudar de alguma forma.
- Não se preocupe Santidade nós vamos dar um jeito nisso.
E realmente isso aconteceu, quando o Papa sentou-se a mesa para almoçar lá estavam quase todos que o acompanhavam. No entanto, ele sentiu falta de alguém.
- Onde está Dona Marta?
Dona Marta era a cozinheira que tinha vindo da terra natal do Pontífice para o acompanhar em sua alimentação, estivesse onde ele estivesse.
- Ela não quis vir Santidade. – disse o secretário.
Então o Papa se levantou e se dirigiu a cozinha do palácio.
- Dona Marta, vamos almoçar juntos.
- Santidade, isso me envergonha – disse a mulher muito preocupada com aquele convite.
- Nada disso. – falou o Papa segurando o braço de sua cozinheira com imenso carinho.
Ela teve que se convencer daquilo e sentou ao lado direito do Pontífice. Quando todos estavam reunidos começaram a se servir e a alegria logo tomou conta de cada coração.
Aquela tarde foi um dos dias mais felizes da história da vida daquele homem que tinha a missão de levar o seu grande povo para um novo tempo. Todos naquela mesa pareciam fazer parte de um mesmo sentido de uma mesma direção.
Ao encerrar o almoço coletivo o Santo Padre, retirou-se para descansar. Foi conhecer o quarto reservado para a sua estada no Castelo. Era um ambiente tranquilo e tinha uma visão maravilhosa de todo ambiente ao redor das edificações.
O Papa depois de retirar a sua roupa formal e colocar uma roupa mais leve começou realmente a se sentir um pouco mais relaxado. Quis ler um livro para passar um pouco o tempo e percebeu que em uma pequena estante no quarto. Feita de madeira escura tinha um acabamento formidável e nela vários livros. O Pontífice então se aproximou em busca de visualizar os títulos e então escolher um deles para ler apenas como uma distração para a mente.
Interessante que naquela pequena coleção só existiam livros de profecias. Desde as profecias do antigo testamento na Bíblia até profecias mais contemporâneas, e não apenas católicas como também de outras religiões.
O Santo Padre então ainda apenas por curiosidade pegou um dos livros e ele era uma espécie de compendio da vida e das profecias de vários homens de seu tempo. Começou a folhear uma das primeiras páginas e logo de inicio leu uma citação do livro bíblico de Amós:
“Pois o Senhor Deus não faz coisa alguma sem revelar seu segredo a seus servos, os profetas.” (Amós 3:7).
A frase fez O Papa retomar o olhar para todos aqueles livros diante de seus olhos e imaginar que provavelmente alguns de seus antecessores tinham de alguma forma consultado toda aquela coleção de profecias.
Ao continuar a leitura quase no final, o Santo Padre encontrou uma relação que continha o nome dos livros, o nome do profeta e como referencia a página anotada. Ficou curioso com aquilo. De quem seria aquela letra? Talvez o Papa que lhe antecedera, quem sabe! Ou talvez ainda um outro, que por ventura estivesse já repassando essa procura. Olhou então bem no começo do livro tentando achar o ano da publicação e aparentemente não encontrou. Voltou a relação manuscrita encontrada e procurou um dos livros que ali estava anotado. Encontrou e buscou a página anotada na relação, nela o profeta se referia nitidamente a acontecimentos relacionados a um papado. Pegou então outro livro e foi olhar a outra anotação e novamente outra profecia relacionada agora ao que parecia ser um Pontífice que seria atingido mortalmente.
A curiosidade tirou o Santo Padre de seu descanso. Começou a olhar anotação por anotação, profecia por profecia. Uma delas fez com que algo o identificasse com toda aquela situação. Um profeta do século XIX, chamado Dom Bosco. No livro localizado falava-se um pouco de sua vida. Nascera de uma família bem modesta em uma cidade perto de Turim no norte da Itália. Em sua infância perdera seu pai e isso o fizera passar com sua mãe enormes dificuldades. Foi ainda criança quando começou a ter sonhos proféticos e num deles um personagem trajado com uma longa capa branca lhe dava conselhos. Tornou-se sacerdote e durante todo o seu oficio procurou se dedicar a instituições assistenciais principalmente com jovens e a viver durante toda a sua vida em contato com suas vidências. Uma delas estava completamente grifada por quem reuniu todos aqueles livros ou por alguém que as tenha lido e o sonho do profeta era relato da seguinte forma:
 “Era uma noite escura, os homens já não podiam distinguir qual fosse o caminho a ser seguido para voltar sobre os próprios passos, quando apareceu no céu uma luz fortíssima que iluminava as passadas dos viajantes como se fosse pleno dia. Naquele momento, viu-se uma multidão de homens, mulheres, velhos, crianças, monges, monjas e sacerdotes, tendo a frente o Santo Padre, sair do Vaticano ordenando-se como se fosse uma procissão. Mas sobreveio um temporal furioso que, obscurecendo um pouco da claridade, parecia travar uma batalha entre luz e trevas.
Nesse meio tempo, chegou-se a uma pequena praça coberta de mortos e feridos, vários dos quais pediam conforto insistentemente. Depois de ter caminhado por um espaço correspondente a duzentos nasceres do sol, cada um percebeu que não estava em Roma. A ansiedade dominou a todos e todos se reuniram em volta do Santo Padre para defendê-lo e assisti-lo em suas necessidades. Naquele momento apareceram dois anjos portando um estandarte que foram apresentar ao Santo Padre, dizendo:
- Recebe a bandeira daquela que combate e dispensa os exércitos mais fortes da Terra. Os teus inimigos desapareceram, os teus filhos invocaram teu retorno com lágrimas e suspiros.
Levantando-se o olhar para o estandarte, via-se escrito, de um lado, Regina sine labe concepta e, do outro, Auxilium Christianorum. O Santo Padre pegou com alegria o estandarte, mas, vendo o pequeno numero de pessoas que haviam sobrado à sua volta, mostrou-se muito aflito. Os dois anjos acrescentaram:
- Vai logo consolar os teus filhos. Escreve aos teus irmãos dispersos nas várias partes do mundo que é necessário fazer uma reforma dos costumes e dos homens.
Isso não poderá ser alcançado senão partindo para as populações o pão da Palavra Divina. ”
O Pontífice leu e releu varias vezes e sentiu que aquilo parecia ter sido escrito para ele e sua missão pessoal. Parecia estar claro que ele de alguma forma teria que sair do Vaticano e num outro momento voltaria para Roma na tentativa de restabelecer o poder religioso.
‘Seja feita Vossa Vontade, meu Senhor e meu Deus’. – pronunciou o Papa para dentro de si mesmo.