Capitulo 11
AS LIBITINARIAS
Adormecera havia pouco quando uma mão me tomou e me levantou.
Encontrei-me sobre a colina e aos meus pés havia a cidade abençoada, mas dela
conseguia distinguir claramente apenas o Coliseu. Todas as pilastras estavam
decoradas com bandeiras vermelhas e rios de pessoas entravam pelas sessenta e
duas portas, enquanto das arcadas superiores eram jogadas moedas de ouro que,
ao caírem ao chão, porém, se transformavam em pequenas chamas que logo se
apagavam. E as pessoas matavam-se para se apoderar de pelo menos uma moeda de
ouro, mas, quando conseguiam pôr a mão em uma, logo percebiam que nada havia.
As mãos seguravam apenas ar. Enquanto as pessoas continuavam a entrar, de
repente abriu-se a porta libitinária e ocorreu uma grande perturbação.
Pilastras e arcadas começaram a vacilar, a tremer, e depois blocos imensos
caíram sobre as pessoas, tanto que ninguém já podia entrar, nem sair. Somente
pela libitinária vi sair uma procissão de bispos e cardeais que, ao invés de
rezar brigavam entre si.- Levam a Igreja de volta a Jerusalém – dizia alguém. –
Acertaram um pacto com Satanás. Depois houve um forte trovão e levantou-se uma
nuvem de pó. Quando reabri os olhos, no lugar do Coliseu havia um pequeno lago
e sobre ele um anjo com uma inscrição na fronte: ‘Essa é a segunda prova’. Tudo
isso amadurecerá, dizia a voz, na quarta estação. Mas, antes que o lariço
esverdeie pela terceira vez, um granizo bem pior cairá sobre a cidade santa,
agora reduzida apenas a uma espelunca de ladroes, onde a peste e o vicio serão
o pão de cada dia e onde os bispos comerão ao mesmo prato dos malfeitores,
enquanto os justos morrerão na prisão. E agora, disse-me a voz, quero que vejas
a primeira prova que será enviada para a cidade santa. Então eu vi uma chama de
fogo cair sibilando sobre a terra e encaixar-se entre as casas, não muito longe
da basílica que foi mãe e mestra. E uma voragem enorme abriu-se, engolindo
casas, ruas e pessoas. Tudo isso amadurecerá quando toda a cidade for Roma e
quando a Roma chegar um potro negro com uma mancha vermelha sobre a garupa.
Monja
de Dresden.
-
Agora Chefe, preciso de sua ajuda para abrir essa passagem – disse o Papa
pegando na mão do Chefe da Guarda e indicando de que forma ajudaria na abertura
da porta.
O
Chefe da Guarda compreendendo o que deveria ser feito, forçou a porta para dentro
que era o sentindo em que ela abriria.
A
luz assim foi aparecendo lentamente e os dois homens não conseguiam olhar para
a claridade. O Chefe da Guarda Suíça tomou a iniciativa de entrar no novo
ambiente que para ele era desconhecido e ficou impressionado com a Sala
Sagrada..
-
Que lugar é esse Santidade?
Ao se
retirar do Vaticano dentro do carro que o levaria as suas férias em Castel
Gandolfo, o Papa pediu ao seu motorista que caminhasse lentamente para que ele
tivesse oportunidade de observar de forma melhor o caminho que iriam percorrer.
O Pontífice
estava ansioso para seu descanso, ele considerava estar passando por uma primeira
fase de seu pontificado. Porém estava sentindo-se esgotado e nesses primeiros
dias desse descanso queria dizer a si mesmo para começar a desacelerar de suas
intensas atividades. Tinha plena consciência que não iria parar, mas o que
queria mesmo era que a quebra daquela constante vida de audiências pudesse
fazer com que sua mente fluísse melhor na busca daquilo que estava florindo de
seu próprio inconsciente.
‘Tudo está
acontecendo dentro da Divina Ordem. ’ – disse mentalmente a si mesmo na
tentativa de se acalmar.
O automóvel
durante o trajeto desacelerou um pouco e surgiu aquela impressão de que tudo ao
seu redor estava parado enquanto o carro em que ele estava se mantinha em
movimento. Essa impressão que as coisas estavam se movimentando numa ordem
contrária fez com que a consciência do Papa se deslocasse de alguma forma para
fora do veiculo que o conduzia. Primeiro, viu o teto do carro depois começou a
subir como se estivesse levitando e assim pode ver a Catedral de São Pedro de
cima e logo todo o Vaticano. Também viu o rio Tibre e sete colinas que pareciam
mais sete portais. Isso tudo porque sua consciência além de sair do espaço
também foi além do tempo. Uma das colinas se mantinha esbranquiçada, enquanto
duas delas pareciam estar em chamas e através delas uma multidão de forças
vermelhas invadia Roma. Os dois portais permitiram que os invasores trouxessem
as guerras mais profundas ao mundo. De outras duas montanhas agora negras podiam-se
ver seres esqueléticos saírem dos portais e andarem pelas ruas em busca de
comida e mesmo quando a encontravam não conseguiam se alimentar dela. Então dos
últimos dois portais surgiu uma névoa amarela que invadiu toda a Terra e podia
se ver as almas sendo retiradas para o universo sutil e carregavam consigo
todas as dores enfrentadas.
De repente, o carro parou.
- Perdoe,
Santidade. Um cachorro atravessou repentinamente e o motorista teve que dar uma
freada brusca. – disse o secretario do Papa que estava sentado ao seu lado.
O Papa não
entendeu o que dizia o seu Secretário. Sua atenção estava dividida entre os
tempos de sua consciência.
- Santidade
o Senhor está bem? – insistiu o secretário tentando entender a reação do Papa.
O Pontífice
demorou ainda alguns segundos para se sentir novamente sentado no banco do
automóvel.
- Santidade!
- Estou bem Secretário.
– respondeu tranquilamente o Papa.
O carro
depois do susto seguiu em marcha lenta e a mente do Pontífice foi também apesar
da experiência inusitada, seguindo calmamente o caminho que ia percorrendo.
A viagem foi
extremamente curta pelo menos foi o que sentiu psicologicamente o Papa, sua
experiência de alteração de consciência fez com que o trajeto de alguns
quilômetros para o seu local de férias parecesse ter ocorrido apenas em alguns
minutos.
Quando
chegou a pequena cidade o Santo Padre sentiu o ar completamente diferente da
metrópole Romana. Abriu um pouco o vidro do automóvel e deixou entrar aquela
sensação de cidade do interior. O dia estava lindo e o Lago Albano parecia ser
um espelho que refletia o céu azul.
Mudar de
ares pode também mudar nosso estado de espírito e normalmente para melhor.
O Pontífice
se sentiu bem melhor naquele lugar e não era a sensação de férias, pois sabia
que nunca mais em sua vida tiraria realmente umas férias de poder se retirar
completamente de tudo, era sim uma sensação de que poderia de alguma forma
ficar um pouco mais consigo mesmo e poder assim dar por alguns dias uma atenção
maior para seu estado de espírito mais profundo.
Assim que se
instalou o Papa seguiu para a sacada do castelo por onde podia ver toda a paisagem que cercava a linda cidade. Ficou
maravilhado e as sensações que tinha tido com a visão de Roma também foram
retomadas, agora pela mente que gostaria de desvendar os mistérios.
Muitos dos
enigmas não estão ligados a região da mente e sim a um universo maior do ser.
Veio então
em sua mente o monge Miguel que havia dito rapidamente ao Papa que tinha muitas
novidades quanto aos seus sonhos e a estrela de seis pontas. O monge estaria
ali apenas no dia seguinte, então o Pontífice resolveu relaxar e se colocar em
estado de agradecimento por poder estar diante de tal beleza da natureza.
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