sábado, 23 de fevereiro de 2013

Capitulo 11 - AS LIBITINARIAS



Capitulo 11
AS LIBITINARIAS
                                                                                                                            
            



Adormecera havia pouco quando uma mão me tomou e me levantou. Encontrei-me sobre a colina e aos meus pés havia a cidade abençoada, mas dela conseguia distinguir claramente apenas o Coliseu. Todas as pilastras estavam decoradas com bandeiras vermelhas e rios de pessoas entravam pelas sessenta e duas portas, enquanto das arcadas superiores eram jogadas moedas de ouro que, ao caírem ao chão, porém, se transformavam em pequenas chamas que logo se apagavam. E as pessoas matavam-se para se apoderar de pelo menos uma moeda de ouro, mas, quando conseguiam pôr a mão em uma, logo percebiam que nada havia. As mãos seguravam apenas ar. Enquanto as pessoas continuavam a entrar, de repente abriu-se a porta libitinária e ocorreu uma grande perturbação. Pilastras e arcadas começaram a vacilar, a tremer, e depois blocos imensos caíram sobre as pessoas, tanto que ninguém já podia entrar, nem sair. Somente pela libitinária vi sair uma procissão de bispos e cardeais que, ao invés de rezar brigavam entre si.- Levam a Igreja de volta a Jerusalém – dizia alguém. – Acertaram um pacto com Satanás. Depois houve um forte trovão e levantou-se uma nuvem de pó. Quando reabri os olhos, no lugar do Coliseu havia um pequeno lago e sobre ele um anjo com uma inscrição na fronte: ‘Essa é a segunda prova’. Tudo isso amadurecerá, dizia a voz, na quarta estação. Mas, antes que o lariço esverdeie pela terceira vez, um granizo bem pior cairá sobre a cidade santa, agora reduzida apenas a uma espelunca de ladroes, onde a peste e o vicio serão o pão de cada dia e onde os bispos comerão ao mesmo prato dos malfeitores, enquanto os justos morrerão na prisão. E agora, disse-me a voz, quero que vejas a primeira prova que será enviada para a cidade santa. Então eu vi uma chama de fogo cair sibilando sobre a terra e encaixar-se entre as casas, não muito longe da basílica que foi mãe e mestra. E uma voragem enorme abriu-se, engolindo casas, ruas e pessoas. Tudo isso amadurecerá quando toda a cidade for Roma e quando a Roma chegar um potro negro com uma mancha vermelha sobre a garupa.
                                                           Monja de Dresden.                     
  






- Agora Chefe, preciso de sua ajuda para abrir essa passagem – disse o Papa pegando na mão do Chefe da Guarda e indicando de que forma ajudaria na abertura da porta.
O Chefe da Guarda compreendendo o que deveria ser feito, forçou a porta para dentro que era o sentindo em que ela abriria.
A luz assim foi aparecendo lentamente e os dois homens não conseguiam olhar para a claridade. O Chefe da Guarda Suíça tomou a iniciativa de entrar no novo ambiente que para ele era desconhecido e ficou impressionado com a Sala Sagrada..
- Que lugar é esse Santidade?




Ao se retirar do Vaticano dentro do carro que o levaria as suas férias em Castel Gandolfo, o Papa pediu ao seu motorista que caminhasse lentamente para que ele tivesse oportunidade de observar de forma melhor o caminho que iriam percorrer.
O Pontífice estava ansioso para seu descanso, ele considerava estar passando por uma primeira fase de seu pontificado. Porém estava sentindo-se esgotado e nesses primeiros dias desse descanso queria dizer a si mesmo para começar a desacelerar de suas intensas atividades. Tinha plena consciência que não iria parar, mas o que queria mesmo era que a quebra daquela constante vida de audiências pudesse fazer com que sua mente fluísse melhor na busca daquilo que estava florindo de seu próprio inconsciente.
‘Tudo está acontecendo dentro da Divina Ordem. ’ – disse mentalmente a si mesmo na tentativa de se acalmar.
O automóvel durante o trajeto desacelerou um pouco e surgiu aquela impressão de que tudo ao seu redor estava parado enquanto o carro em que ele estava se mantinha em movimento. Essa impressão que as coisas estavam se movimentando numa ordem contrária fez com que a consciência do Papa se deslocasse de alguma forma para fora do veiculo que o conduzia. Primeiro, viu o teto do carro depois começou a subir como se estivesse levitando e assim pode ver a Catedral de São Pedro de cima e logo todo o Vaticano. Também viu o rio Tibre e sete colinas que pareciam mais sete portais. Isso tudo porque sua consciência além de sair do espaço também foi além do tempo. Uma das colinas se mantinha esbranquiçada, enquanto duas delas pareciam estar em chamas e através delas uma multidão de forças vermelhas invadia Roma. Os dois portais permitiram que os invasores trouxessem as guerras mais profundas ao mundo. De outras duas montanhas agora negras podiam-se ver seres esqueléticos saírem dos portais e andarem pelas ruas em busca de comida e mesmo quando a encontravam não conseguiam se alimentar dela. Então dos últimos dois portais surgiu uma névoa amarela que invadiu toda a Terra e podia se ver as almas sendo retiradas para o universo sutil e carregavam consigo todas as dores enfrentadas.
 De repente, o carro parou.
- Perdoe, Santidade. Um cachorro atravessou repentinamente e o motorista teve que dar uma freada brusca. – disse o secretario do Papa que estava sentado ao seu lado.
O Papa não entendeu o que dizia o seu Secretário. Sua atenção estava dividida entre os tempos de sua consciência.
- Santidade o Senhor está bem? – insistiu o secretário tentando entender a reação do Papa.
O Pontífice demorou ainda alguns segundos para se sentir novamente sentado no banco do automóvel.
- Santidade!
- Estou bem Secretário. – respondeu tranquilamente o Papa.
O carro depois do susto seguiu em marcha lenta e a mente do Pontífice foi também apesar da experiência inusitada, seguindo calmamente o caminho que ia percorrendo.
A viagem foi extremamente curta pelo menos foi o que sentiu psicologicamente o Papa, sua experiência de alteração de consciência fez com que o trajeto de alguns quilômetros para o seu local de férias parecesse ter ocorrido apenas em alguns minutos.
Quando chegou a pequena cidade o Santo Padre sentiu o ar completamente diferente da metrópole Romana. Abriu um pouco o vidro do automóvel e deixou entrar aquela sensação de cidade do interior. O dia estava lindo e o Lago Albano parecia ser um espelho que refletia o céu azul.
Mudar de ares pode também mudar nosso estado de espírito e normalmente para melhor.
O Pontífice se sentiu bem melhor naquele lugar e não era a sensação de férias, pois sabia que nunca mais em sua vida tiraria realmente umas férias de poder se retirar completamente de tudo, era sim uma sensação de que poderia de alguma forma ficar um pouco mais consigo mesmo e poder assim dar por alguns dias uma atenção maior para seu estado de espírito mais profundo.
Assim que se instalou o Papa seguiu para a sacada do castelo por onde podia ver toda a  paisagem que cercava a linda cidade. Ficou maravilhado e as sensações que tinha tido com a visão de Roma também foram retomadas, agora pela mente que gostaria de desvendar os mistérios.
Muitos dos enigmas não estão ligados a região da mente e sim a um universo maior do ser.
Veio então em sua mente o monge Miguel que havia dito rapidamente ao Papa que tinha muitas novidades quanto aos seus sonhos e a estrela de seis pontas. O monge estaria ali apenas no dia seguinte, então o Pontífice resolveu relaxar e se colocar em estado de agradecimento por poder estar diante de tal beleza da natureza.

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