2ª PARTE
O PONTIFICADO
CAPITULO 05
O SONHO
O SONHO
“Quando chegar
o grande sétimo,
Aparecerão nesse
tempo os jogos da Hecatombe;
Próximo à idade
do grande milênio,
Quando os mortos
sairão de suas tumbas.”
Nostradamus.
O
Papa deu sinais de que voltaria a realidade que o cercava então disse ao Chefe
da Guarda:
-
Precisamos levar conosco o Grande Sétimo.
O
Guarda ficou surpreso e nada entendeu ao que se referia o Papa e essa dúvida
levou novamente o Pontífice a se recordar do seu primeiro contato com as
revelações do Vaticano.
Nos primeiros dias em
que o Papa assumiu suas atividades foi tomado por uma avalanche de informações,
no entanto, a que mais lhe surpreendeu não estava neste universo e sim num
sonho.
Sonhou que estava num
templo diferente de todas as Igrejas que podia se lembrar. As paredes eram
translúcidas ao ponto de não se saber se estava dentro de um prédio ou ao ar
livre. No início do sonho ele podia ver todas as coisas como se fosse um expectador
de tudo aquilo. Quando ouviu uma voz se dirigir a ele sua perspectiva mudou e
passou então a estar presente num evento que ele, a principio, desconhecia.
- Você está sendo
enviado com a proteção da luz do sol do Grande Sétimo. – disse a voz.
Quando levantou a
cabeça numa espécie de cerimônia, estava sobre ele o símbolo de um sol de seis
pontas em espiral em forma de cruz no centro. Aquilo brilhava como um âmbar
refletido. Sentiu uma energia profunda tomar conta de todo o seu ser uma
espécie de êxtase espiritual invadindo sua consciência.
O Pontífice então
acordou com a imagem daquele evento e lembrou-se claramente que aquele era o
mesmo símbolo que trazia o pingente que tinha visto com o monge. Era ainda de
madrugada. Não conseguiu mais dormir. A imagem da visão do sonho ficou impressa
em sua mente e lembrou-se que aquilo era o mesmo símbolo usado pelos
spiritualis. Saiu então para orar na pequena capela particular pedindo a Deus
que iluminasse esses seus mistérios.
Após o café da manhã
chamou o seu Secretario particular. Ele gostaria de visitar os arquivos da
biblioteca do Vaticano em busca de respostas aos seus enigmas, quis saber como
estava a sua agenda para aquele dia. Descobriu que apenas a sua tarde estava
vazia. Mesmo assim pediu para que o Prefeito da Biblioteca Vaticana pudesse
encontra-lo ainda pela manhã.
Na primeira hora vaga
que pode falou com o Prefeito:
- Meu amigo. – disse
o Papa.
- Vossa Santidade. –
respondeu o Prefeito.
Os dois se conheciam
bem, pois o Pontífice sempre teve enorme curiosidade sobre o imenso acervo da Biblioteca
e com isso, sempre mantinha contato com o atual Prefeito que sempre pareceu ser
de sua confiança.
- Vou precisar muito
de sua ajuda. Gostaria que Vossa Excelência pesquisasse alguns símbolos e esclarecesse
algumas dúvidas que trago comigo.
- Fico à vossa
disposição. – respondeu prontamente o Prefeito.
Então combinaram
alguns dias da próxima semana para se encontrarem na biblioteca.
Ainda nos seus
primeiros dias de papado, o Pontífice sentiu necessidade de compartilhar o
sonho que havia tido com o Arcebispo mais velho, que agora se tornara o seu
braço direito. O Pontífice estava cercado de informações e novidades que nunca
podia imaginar existir. Precisava então se cercar de pessoas em quem pudesse
confiar, pois parecia que a todo instante as paredes do Palácio do Vaticano
estavam sendo vigiadas. Tudo parecia ser mais complicado do que imaginava ser.
O Pontífice e o
Arcebispo se reuniram à portas fechadas e antes de contar o seu sonho o Papa
fez um desabafo ao seu amigo:
- Irmão, poderia
realmente me dizer o que está acontecendo por trás de tudo isso?
O Arcebispo sorriu e
respondeu como que sussurrando:
- Estava esperando por
essa nossa conversa Santidade!
- Estamos entre
amigos. Vamos deixar as formalidades de lado, sabe o quanto confio em você, no
entanto preciso realmente saber o que está acontecendo nos bastidores de nossa Igreja.
Sempre estive apenas ao redor de tudo isso, distante das decisões mais importantes,
enquanto que a sua vida esteve sempre ligada a tudo que está acontecendo entre
essas paredes. Conheço as diversas expressões de fé, embora me pareça que algo
mais profundo esteja acontecendo.
- A sua escolha para
ocupar o Trono de Pedro não ocorreu por acaso. Tudo isso foi resultado de uma
longa luta entre as forças que vem governando este Estado.
- Quem são essas
forças?
- Santidade, o
cardinalato está divido basicamente em três. Duas partes são as grandes forças
que se degladiam e uma terceira parte, são de Arcebispos que estão isolados
dessa luta pelo poder.
- É nessa terceira
parte que eu estava incluído não é mesmo? Por isso fui eleito apenas após vários
escrutíneos. – disse o Papa assustado com tudo aquilo e continuou – e o que são
essas outras duas partes e mais, o que desejam cada uma delas de mim?
- Uma das partes se intitula os spiritualis.
Eles de forma disfarçada conduziam o conclave a escolher o senhor como
Pontífice, pois acreditam que sua índole é incorruptível e, portanto, será
guiado pelas forças do Espírito Santo. Eles creem profundamente que a Igreja
deve se manter afastada do poder temporal.
- A outra parte são
os iluminatis não é mesmo? – disse o Papa ao Bispo que ficou surpreso com a
afirmação do Pontífice.
- É verdade meu
senhor. Mas eles são apenas uma pequena parte de uma Ordem Maior que pretendem
governar o planeta através de uma liderança central.
- E como eles
pretendem fazer isso?
- Através de uma Nova
Ordem Mundial. Eles pretendem criar um governo central para todo o planeta e
colocar um papa comandado por eles no Trono de Pedro. Os iluminatis, portanto,
são apenas uma parte oculta dessa grande Ordem Mundial. Eles pretendem tomar o
poder temporal.
- E qual era essa
possibilidade no último conclave Arcebispo?
- Eles estiveram
muito próximos de ocupar o Trono de Pedro, Santidade.
- Então as fileiras
da Igreja estão tomadas por essas duas forças?
- Sim, Santidade. Elas
são sutis e estão por todas as partes.
- O pontificado
caminha por uma linha estreita então?
- Isso mesmo,
Santidade.
- O que você acredita
que devo fazer?
- Por enquanto
esperar. As duas partes irão procura-lo.
- Arcebispo me diga
sinceramente. – disse o Papa como quem conversa com um amigo. – com qual das duas partes o senhor está
envolvido?
- Estou aqui para
servi-lo Santidade, não importa mais para mim com que parte simpatizo.
O Papa então se
recordou que havia convidado o velho Arcebispo na verdade para lhe contar sobre
o sonho que havia tido em uma daquelas noites anteriores. Com todas aquelas
novidades que não pareciam deixar de acontecer, o Pontífice ficou em dúvida se
devia se abrir com alguém sobre o que estava acontecendo em seu inconsciente.
Resolveu contar o que tinha sonhado.
Dia e noite se
encontram a todo instante.
O Arcebispo ouviu
atentamente o sonho do Pontífice sem entender muito ao que se referia aquele
movimento onírico. Apenas o que ele podia dizer era o que sabia sobre o símbolo
da estrela de seis pontas com o símbolo de uma cruz espiralada no centro:
- Santidade o senhor
podia ver os dois lados do símbolo?
O Papa ficou por
alguns instantes tentando lembrar se no sonho via os dois lados do sol que
estava simbolizado na visão.
- Não, aparentemente
só me lembro de ter visto um dos lados.
- Os Spiritualis e os
Iluminatis usam praticamente o mesmo símbolo, dizem até que eles tem a mesma
origem, mas não se sabe quando se deu esse início.
- E qual seria essa
diferença?
- Os Spiritualis usam
o sete como força de manifestação nesse mundo, enquanto que os Iluminatis usam
o treze como força propulsora de suas atividades.
- O sete se refere as
forças da natureza: terra, agua, ar, fogo mais as forças atemporais o Pai, o
Filho e o Espírito Santo, não é isso?
- Sim, isso mesmo.
- Não entendi o porquê
do treze então. – disse o Papa.
- O treze seria as
seis formas normais mais seis ocultas e apenas a força do Pai é representada
pelo centro do símbolo. Então teríamos uma estrela de seis pontas com duas
faces diferentes e um mesmo centro.
- E o símbolo dos Spiritualis
teria então duas faces, mas um mesmo símbolo em seus dois lados – afirmou o Pontífice
tentando lembrar-se do que tinha visto nas mãos do monge, no dia de sua
ordenação e principalmente do símbolo que presenciara em seu sonho.
- O Grande Sétimo. –
exclamou o Arcebispo
- O Grande Sétimo!
- É a maneira com que
se referem os Spiritualis ao seu símbolo de proteção. – confirmou o Arcebispo.
- E qual a origem de
todos esses símbolos?
- Em algo uma coisa
os Spiritualis e os Iluminatis concordam Santidade, as duas ordens sempre dizem
que tem suas origens nos céus.
- O que você me
aconselha, diante dessas duas realidades?
- Tenho certeza
Santidade, que as duas ordens logo manterão contato contigo afim de exporem
suas realidades.
- Resta-me então
seguir como se não entendesse nada disso, não é mesmo.
- Com certeza eles
buscarão aproximação de Vossa Santidade de uma forma ou de outra.
- Então vamos
aguardar pacientemente. – falou o Papa dizendo aquilo como se fosse um pedido
em uma oração protetora para o seu destino.
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