sábado, 16 de fevereiro de 2013

2ª Parte, O Pontificado - Capitulo 05 - O SONHO



2ª PARTE



O PONTIFICADO
                            






CAPITULO 05

O SONHO

                                                                                                                            
             “Quando chegar o grande sétimo,
            Aparecerão nesse tempo os jogos da Hecatombe;
             Próximo à idade do grande milênio,
             Quando os mortos sairão de suas tumbas.”
                                                                   Nostradamus.                                  
  

O Papa deu sinais de que voltaria a realidade que o cercava então disse ao Chefe da Guarda:
- Precisamos levar conosco o Grande Sétimo.
O Guarda ficou surpreso e nada entendeu ao que se referia o Papa e essa dúvida levou novamente o Pontífice a se recordar do seu primeiro contato com as revelações do Vaticano.



Nos primeiros dias em que o Papa assumiu suas atividades foi tomado por uma avalanche de informações, no entanto, a que mais lhe surpreendeu não estava neste universo e sim num sonho.
Sonhou que estava num templo diferente de todas as Igrejas que podia se lembrar. As paredes eram translúcidas ao ponto de não se saber se estava dentro de um prédio ou ao ar livre. No início do sonho ele podia ver todas as coisas como se fosse um expectador de tudo aquilo. Quando ouviu uma voz se dirigir a ele sua perspectiva mudou e passou então a estar presente num evento que ele, a principio, desconhecia.
- Você está sendo enviado com a proteção da luz do sol do Grande Sétimo. – disse a voz.
Quando levantou a cabeça numa espécie de cerimônia, estava sobre ele o símbolo de um sol de seis pontas em espiral em forma de cruz no centro. Aquilo brilhava como um âmbar refletido. Sentiu uma energia profunda tomar conta de todo o seu ser uma espécie de êxtase espiritual invadindo sua consciência.
O Pontífice então acordou com a imagem daquele evento e lembrou-se claramente que aquele era o mesmo símbolo que trazia o pingente que tinha visto com o monge. Era ainda de madrugada. Não conseguiu mais dormir. A imagem da visão do sonho ficou impressa em sua mente e lembrou-se que aquilo era o mesmo símbolo usado pelos spiritualis. Saiu então para orar na pequena capela particular pedindo a Deus que iluminasse esses seus mistérios.
Após o café da manhã chamou o seu Secretario particular. Ele gostaria de visitar os arquivos da biblioteca do Vaticano em busca de respostas aos seus enigmas, quis saber como estava a sua agenda para aquele dia. Descobriu que apenas a sua tarde estava vazia. Mesmo assim pediu para que o Prefeito da Biblioteca Vaticana pudesse encontra-lo ainda pela manhã.
Na primeira hora vaga que pode falou com o Prefeito:
- Meu amigo. – disse o Papa.
- Vossa Santidade. – respondeu o Prefeito.
Os dois se conheciam bem, pois o Pontífice sempre teve enorme curiosidade sobre o imenso acervo da Biblioteca e com isso, sempre mantinha contato com o atual Prefeito que sempre pareceu ser de sua confiança.
- Vou precisar muito de sua ajuda. Gostaria que Vossa Excelência pesquisasse alguns símbolos e esclarecesse algumas dúvidas que trago comigo.
- Fico à vossa disposição. – respondeu prontamente o Prefeito.
Então combinaram alguns dias da próxima semana para se encontrarem na biblioteca.
Ainda nos seus primeiros dias de papado, o Pontífice sentiu necessidade de compartilhar o sonho que havia tido com o Arcebispo mais velho, que agora se tornara o seu braço direito. O Pontífice estava cercado de informações e novidades que nunca podia imaginar existir. Precisava então se cercar de pessoas em quem pudesse confiar, pois parecia que a todo instante as paredes do Palácio do Vaticano estavam sendo vigiadas. Tudo parecia ser mais complicado do que imaginava ser.
O Pontífice e o Arcebispo se reuniram à portas fechadas e antes de contar o seu sonho o Papa fez um desabafo ao seu amigo:
- Irmão, poderia realmente me dizer o que está acontecendo por trás de tudo isso?
O Arcebispo sorriu e respondeu como que sussurrando:
- Estava esperando por essa nossa conversa Santidade!
- Estamos entre amigos. Vamos deixar as formalidades de lado, sabe o quanto confio em você, no entanto preciso realmente saber o que está acontecendo nos bastidores de nossa Igreja. Sempre estive apenas ao redor de tudo isso, distante das decisões mais importantes, enquanto que a sua vida esteve sempre ligada a tudo que está acontecendo entre essas paredes. Conheço as diversas expressões de fé, embora me pareça que algo mais profundo esteja acontecendo.
- A sua escolha para ocupar o Trono de Pedro não ocorreu por acaso. Tudo isso foi resultado de uma longa luta entre as forças que vem governando este Estado.
- Quem são essas forças?
- Santidade, o cardinalato está divido basicamente em três. Duas partes são as grandes forças que se degladiam e uma terceira parte, são de Arcebispos que estão isolados dessa luta pelo poder.
- É nessa terceira parte que eu estava incluído não é mesmo? Por isso fui eleito apenas após vários escrutíneos. – disse o Papa assustado com tudo aquilo e continuou – e o que são essas outras duas partes e mais, o que desejam cada uma delas de mim?
 - Uma das partes se intitula os spiritualis. Eles de forma disfarçada conduziam o conclave a escolher o senhor como Pontífice, pois acreditam que sua índole é incorruptível e, portanto, será guiado pelas forças do Espírito Santo. Eles creem profundamente que a Igreja deve se manter afastada do poder temporal.
- A outra parte são os iluminatis não é mesmo? – disse o Papa ao Bispo que ficou surpreso com a afirmação do Pontífice.
- É verdade meu senhor. Mas eles são apenas uma pequena parte de uma Ordem Maior que pretendem governar o planeta através de uma liderança central.
- E como eles pretendem fazer isso?
- Através de uma Nova Ordem Mundial. Eles pretendem criar um governo central para todo o planeta e colocar um papa comandado por eles no Trono de Pedro. Os iluminatis, portanto, são apenas uma parte oculta dessa grande Ordem Mundial. Eles pretendem tomar o poder temporal.
- E qual era essa possibilidade no último conclave Arcebispo?
- Eles estiveram muito próximos de ocupar o Trono de Pedro, Santidade.
- Então as fileiras da Igreja estão tomadas por essas duas forças?
- Sim, Santidade. Elas são sutis e estão por todas as partes.
- O pontificado caminha por uma linha estreita então?
- Isso mesmo, Santidade.
- O que você acredita que devo fazer?
- Por enquanto esperar. As duas partes irão procura-lo.
- Arcebispo me diga sinceramente. – disse o Papa como quem conversa com um amigo. –  com qual das duas partes o senhor está envolvido?
- Estou aqui para servi-lo Santidade, não importa mais para mim com que parte simpatizo.
O Papa então se recordou que havia convidado o velho Arcebispo na verdade para lhe contar sobre o sonho que havia tido em uma daquelas noites anteriores. Com todas aquelas novidades que não pareciam deixar de acontecer, o Pontífice ficou em dúvida se devia se abrir com alguém sobre o que estava acontecendo em seu inconsciente. Resolveu contar o que tinha sonhado.
Dia e noite se encontram a todo instante.
O Arcebispo ouviu atentamente o sonho do Pontífice sem entender muito ao que se referia aquele movimento onírico. Apenas o que ele podia dizer era o que sabia sobre o símbolo da estrela de seis pontas com o símbolo de uma cruz espiralada no centro:
- Santidade o senhor podia ver os dois lados do símbolo?
O Papa ficou por alguns instantes tentando lembrar se no sonho via os dois lados do sol que estava simbolizado na visão.
- Não, aparentemente só me lembro de ter visto um dos lados.
- Os Spiritualis e os Iluminatis usam praticamente o mesmo símbolo, dizem até que eles tem a mesma origem, mas não se sabe quando se deu esse início.
- E qual seria essa diferença?
- Os Spiritualis usam o sete como força de manifestação nesse mundo, enquanto que os Iluminatis usam o treze como força propulsora de suas atividades.
- O sete se refere as forças da natureza: terra, agua, ar, fogo mais as forças atemporais o Pai, o Filho e o Espírito Santo, não é isso?
- Sim, isso mesmo.
- Não entendi o porquê do treze então. – disse o Papa.
- O treze seria as seis formas normais mais seis ocultas e apenas a força do Pai é representada pelo centro do símbolo. Então teríamos uma estrela de seis pontas com duas faces diferentes e um mesmo centro.
- E o símbolo dos Spiritualis teria então duas faces, mas um mesmo símbolo em seus dois lados – afirmou o Pontífice tentando lembrar-se do que tinha visto nas mãos do monge, no dia de sua ordenação e principalmente do símbolo que presenciara em seu sonho.
- O Grande Sétimo. – exclamou o Arcebispo
- O Grande Sétimo!
- É a maneira com que se referem os Spiritualis ao seu símbolo de proteção. – confirmou o Arcebispo.
- E qual a origem de todos esses símbolos?
- Em algo uma coisa os Spiritualis e os Iluminatis concordam Santidade, as duas ordens sempre dizem que tem suas origens nos céus.
- O que você me aconselha, diante dessas duas realidades?
- Tenho certeza Santidade, que as duas ordens logo manterão contato contigo afim de exporem suas realidades.
- Resta-me então seguir como se não entendesse nada disso, não é mesmo.
- Com certeza eles buscarão aproximação de Vossa Santidade de uma forma ou de outra.
- Então vamos aguardar pacientemente. – falou o Papa dizendo aquilo como se fosse um pedido em uma oração protetora para o seu destino.

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