terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Capitulo 13 - O COMEÇO DOS SOFRIMENTOS


Capitulo 13
O COMEÇO DOS SOFRIMENTOS
                                                                                                                            
            



Quando Jesus estava sentado no monte das Oliveiras, os discípulos chegaram perto dele e perguntaram-lhe em particular: ”Dize-nos quando acontecerá tudo isso? E qual é o sinal de tua vinda e do fim do mundo?” Jesus lhes respondeu: Cuidado para ninguém vos enganar. Porque muitos virão em meu nome e dirão: ‘Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos. Ouvireis falar de guerras e boatos de guerras, mas não vos perturbeis, porque é preciso que isto aconteça; mas ainda não é o fim. Uma nação se levantará contra outra e um reino contra o outro. Haverá fome e terremotos em diversos lugares. Mas tudo isso é o começo dos sofrimentos. Em seguida vos entregarão a torturas e vos matarão, e sereis odiados por todas as nações por causa do meu nome. Muitos perderão a fé, uns trairão os outros e odiarão. E numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. Por causa da crescente maldade, o amor de muitos esfriará. Mas quem perseverar até o fim será salvo. Este Evangelho do Reino será pregado pelo mundo inteiro como testemunho a todas as nações. Então virá o fim.
                                                           Evangelho de São Mateus.                 
  




O Chefe da Guarda ficou olhando ao seu redor querendo entender sobre o que o Papa estava se referindo quando disse que ali estava toda a energia do Vaticano. Não via nenhum tipo de máquina ou qualquer forma de gerador, apenas uma pequena sala em formato estranho, não era circular nem retangular, parecia ter sido construída em forma de um hexágono e que por ter andado em um túnel e na escuridão o tempo todo não conseguia decifrar onde eles se encontravam exatamente.
- Onde está o gerador de toda a energia Santidade? É isso que estamos procurando?
- Calma chefe, logo estaremos diante do Grande Sétimo. – disse o Papa se dirigindo para o centro da sala.
De relance, o Chefe da Guarda olhou para trás e viu por onde tinham entrado e reparou que realmente existiam outras cinco paredes que não sabia se podia ser outras portas de entrada ou saída.



O Pontífice passou a tarde daquele primeiro dia de suas férias tentando se desligar um pouco de todas as coisas, só que todos aqueles vaticínios o levavam novamente a uma tempestade mental de possibilidades e sentiu o seu corpo físico novamente dar sinais de esgotamento. Deitou-se então um pouco para um pequeno sono a espera de esse ato restabelecesse suas energias.
- Santidade! – ouviu o Papa não entendendo de onde vinha aquela voz, parecia ser a de seu mordomo. Tudo estava muito distante, quem sabe um sonho.
- Santidade, o senhor gostaria que fosse servido o vosso jantar? – continuou a voz.
‘Nada de sonho’. – pensou o Papa abrindo os olhos que ainda pareciam cheios de areia e que insistiam em se manter fechados, mas mesmo assim respondeu a pergunta:
- Você poderia trazer alguma coisa leve para que eu pudesse me alimentar aqui mesmo no quarto?
- Sim Santidade, mas o senhor está bem?
- Estou apenas cansado, vou comer algo e voltar a descansar aqui mesmo no quarto, amanha vou estar bem melhor.
O mordomo se retirou e voltaria depois de alguns minutos com um suco e um lanche para o Papa que se alimentou e ficou de seu quarto observando o céu até o sono chegar novamente.
No dia seguinte acordou logo pela manhã estranhando todo aquele silencio. Já havia se acostumado com o tumulto que era Roma e particularmente o Vaticano. Há muito não sentia seu ser diante da presença do silencio. Aproveitou para rezar suas orações matinais e foi durante esse tempo que se recordou que monge Miguel chegaria para darem inicio a sua busca pessoal de revelar os enigmas que vinha vivendo em seu pontificado.
Não demorou muito tempo para que o mordomo viesse chamá-lo para o café da manhã e disse que estava saindo dos seus aposentos.
Monge Miguel já o aguardava no saguão do palácio.
- Bom dia meu filho. – disse o Papa ansioso para ouvir novidades.
- Bom dia Santidade. – respondeu o monge baixando a cabeça.
- Você já tomou café Miguel?
- Sim Santidade quando saí do Vaticano me alimentei.
- Vou tomar então um breve dejejum e logo começamos nosso trabalho está bem?
- Claro Santidade, fico a vossa espera. – respondeu o monge olhando para os lados e sempre observando o ambiente.
O Pontífice se dirigiu para a sala de refeições com um pressentimento estranho. Algo de diferente estava acontecendo com aquele jovem monge. Parecia de alguma forma assustado e nada a vontade. Talvez a mudança de ambiente e tanta novidade ou quem sabe algo que realmente os ajudaria a clarear as suas buscas. Sentou-se a mesa e se alimentou rápido querendo terminar logo a refeição para se reunir com Miguel.
- Você filho não parece bem. – disse o Papa assim que se reuniu isoladamente com o jovem monge.
O jovem monge tentou disfarçar dando logo algumas novidades ao Pontífice.
- Tenho ótimas novidades Santidade.
O Papa percebeu que o jovem queria não ser o centro do assunto.
- Quais são as boas novas?
- O símbolo que vossa Santidade está procurando é o anel de Salomão. – disse o jovem.
O Papa já havia recebido essas informações de seu amigo seminarista quando da viagem a sua terra natal.
- Entendo. – disse ele esperando outras revelações. – mas e quanto as inscrições em suas pontas? –
- Santidade, primeiro precisamos entender que essa estrela se refere provavelmente a estrela que mais brilha no céu: Sírius.
- Porque Sírius?                                
- Em minhas pesquisas parece que a estrela de Sírius é uma espécie de centro local de vários sóis e entre eles está o nosso sol.
- E quanto a possuir duas faces?
- Ainda não sei dizer se os símbolos em duas faces que nós descobrimos se referem a uma estrela dupla, ou quem sabe dois anéis.
- Espera, vamos devagar que agora não entendi nada. – falou o Papa sorrindo.
- Santidade é como se existisse uma dualidade, sim-não, cara-coroa, positivo-negativo.
- Um corpo físico e outro espiritual?
- Talvez seja uma colocação mais exata para nossa busca.
- E quanto as inscrições em suas pontas?
- Elas estão grifadas em um hebraico antigo e que parecem na verdade ser números e não nomes.
- Sim em hebraico as letras também podem se referir a numerais não é mesmo Miguel?
- Isso mesmo.
- Parece que quanto mais descobrimos mais distantes ficamos de desvendar os segredos.
- Também estou com essa impressão Santidade.
- Estamos diante de um quebra-cabeça sem fim. Só que tenho um pressentimento que isso tem a ver com nossa realidade muito mais do que imaginamos.
- Como assim? – disse o monge surpreso.
- Por exemplo, seu rosto parece machucado o que aconteceu com ele?
O jovem monge ficou completamente sem jeito, pois acreditava que tudo aquilo iria passar despercebido. Então baixou a cabeça e permaneceu em silencio.
- Preciso saber o que está acontecendo, confio bastante em você meu filho, espero que também confie em mim. – insistiu o Papa.
Os olhos do monge marejaram-se de lágrimas.
- Não foi nada Santidade.
- Miguel preciso saber se está acontecendo algo de errado para que eu tenha certeza de que tudo o que você está passando é verdadeiro ou são pistas falsas.
- Santo Padre não mentiria para Vossa Santidade.
- Então o que está acontecendo?
- Num desses dias em que Vossa Santidade estava em viagem fui interpelado num dos corredores da biblioteca por homens vestidos de monges, só que não tinham um comportamento cristão.
- E o que fizeram contigo Miguel?
- Me levaram para um dos corredores, já bem tarde, não tinha mais ninguém na biblioteca me amarraram em uma cadeira e começaram a me torturar.
- Meu Deus! E o que queriam saber de você? – disse o Papa com uma fala constrangida.
- Queriam que eu revelasse sobre o resultado de nossas pesquisas, e principalmente saber o que estávamos procurando.
- E o que você disse Miguel?
- Tive que revelar parte da verdade Santidade, eles tinham em suas mãos os desenhos do anel de Salomão.
- Fique tranquilo filho, isso é sinal que eles também não encontraram o que estamos procurando.
- Mas preciso dizer-lhe Santidade, que me perguntaram se nós já tínhamos encontrado os anéis.
- Então existe realmente um anel e parece que são mais de um!
- Esse anel é utilizado como uma forma de proteção das forças malignas.
- Sim verdade, mas nos parece que existe algo mais do que isso. – falou o Papa olhando melhor agora para a face de Miguel e reparando que ele provavelmente sofreu bastante fisicamente.
- Também acredito nisso Santidade, esse anel ou esses anéis provavelmente são chaves para a revelação de um enigma maior e é isso que não disse aos meus torturadores. Existe algum lugar secreto dentro do próprio Vaticano que esconde um grande segredo.
- Onde poderemos encontrar então esses anéis? Já andei sigilosamente procurando por essas relíquias por todas as partes e não encontrei nada.
- Qual seria o lugar mais secreto para se esconder essas relíquias dentro do Vaticano ou quem sabe até fora dele?- disse o monge em tom de estar realizando uma pergunta para si mesmo.
A questão ficou correndo pelos ares do palácio como que um fantasma assombrando os corredores dos cômodos. Os fantasmas parecem habitar mais dentro do que fora.

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