Capitulo 13
O COMEÇO DOS SOFRIMENTOS
Quando Jesus estava sentado no monte das Oliveiras, os discípulos
chegaram perto dele e perguntaram-lhe em particular: ”Dize-nos quando
acontecerá tudo isso? E qual é o sinal de tua vinda e do fim do mundo?” Jesus
lhes respondeu: Cuidado para ninguém vos enganar. Porque muitos virão em meu
nome e dirão: ‘Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos. Ouvireis falar de guerras
e boatos de guerras, mas não vos perturbeis, porque é preciso que isto
aconteça; mas ainda não é o fim. Uma nação se levantará contra outra e um reino
contra o outro. Haverá fome e terremotos em diversos lugares. Mas tudo isso é o
começo dos sofrimentos. Em seguida vos entregarão a torturas e vos matarão, e
sereis odiados por todas as nações por causa do meu nome. Muitos perderão a fé,
uns trairão os outros e odiarão. E numerosos falsos profetas surgirão e
enganarão a muitos. Por causa da crescente maldade, o amor de muitos esfriará.
Mas quem perseverar até o fim será salvo. Este Evangelho do Reino será pregado
pelo mundo inteiro como testemunho a todas as nações. Então virá o fim.
Evangelho
de São Mateus.
O
Chefe da Guarda ficou olhando ao seu redor querendo entender sobre o que o Papa
estava se referindo quando disse que ali estava toda a energia do Vaticano. Não
via nenhum tipo de máquina ou qualquer forma de gerador, apenas uma pequena
sala em formato estranho, não era circular nem retangular, parecia ter sido
construída em forma de um hexágono e que por ter andado em um túnel e na
escuridão o tempo todo não conseguia decifrar onde eles se encontravam
exatamente.
-
Onde está o gerador de toda a energia Santidade? É isso que estamos procurando?
-
Calma chefe, logo estaremos diante do Grande Sétimo. – disse o Papa se
dirigindo para o centro da sala.
De
relance, o Chefe da Guarda olhou para trás e viu por onde tinham entrado e
reparou que realmente existiam outras cinco paredes que não sabia se podia ser
outras portas de entrada ou saída.
O Pontífice passou
a tarde daquele primeiro dia de suas férias tentando se desligar um pouco de
todas as coisas, só que todos aqueles vaticínios o levavam novamente a uma
tempestade mental de possibilidades e sentiu o seu corpo físico novamente dar
sinais de esgotamento. Deitou-se então um pouco para um pequeno sono a espera
de esse ato restabelecesse suas energias.
- Santidade!
– ouviu o Papa não entendendo de onde vinha aquela voz, parecia ser a de seu
mordomo. Tudo estava muito distante, quem sabe um sonho.
- Santidade,
o senhor gostaria que fosse servido o vosso jantar? – continuou a voz.
‘Nada de
sonho’. – pensou o Papa abrindo os olhos que ainda pareciam cheios de areia e que
insistiam em se manter fechados, mas mesmo assim respondeu a pergunta:
- Você
poderia trazer alguma coisa leve para que eu pudesse me alimentar aqui mesmo no
quarto?
- Sim
Santidade, mas o senhor está bem?
- Estou
apenas cansado, vou comer algo e voltar a descansar aqui mesmo no quarto,
amanha vou estar bem melhor.
O mordomo se
retirou e voltaria depois de alguns minutos com um suco e um lanche para o Papa
que se alimentou e ficou de seu quarto observando o céu até o sono chegar
novamente.
No dia
seguinte acordou logo pela manhã estranhando todo aquele silencio. Já havia se
acostumado com o tumulto que era Roma e particularmente o Vaticano. Há muito
não sentia seu ser diante da presença do silencio. Aproveitou para rezar suas
orações matinais e foi durante esse tempo que se recordou que monge Miguel
chegaria para darem inicio a sua busca pessoal de revelar os enigmas que vinha
vivendo em seu pontificado.
Não demorou
muito tempo para que o mordomo viesse chamá-lo para o café da manhã e disse que
estava saindo dos seus aposentos.
Monge Miguel
já o aguardava no saguão do palácio.
- Bom dia
meu filho. – disse o Papa ansioso para ouvir novidades.
- Bom dia
Santidade. – respondeu o monge baixando a cabeça.
- Você já
tomou café Miguel?
- Sim
Santidade quando saí do Vaticano me alimentei.
- Vou tomar
então um breve dejejum e logo começamos nosso trabalho está bem?
- Claro
Santidade, fico a vossa espera. – respondeu o monge olhando para os lados e
sempre observando o ambiente.
O Pontífice
se dirigiu para a sala de refeições com um pressentimento estranho. Algo de
diferente estava acontecendo com aquele jovem monge. Parecia de alguma forma
assustado e nada a vontade. Talvez a mudança de ambiente e tanta novidade ou
quem sabe algo que realmente os ajudaria a clarear as suas buscas. Sentou-se a
mesa e se alimentou rápido querendo terminar logo a refeição para se reunir com
Miguel.
- Você filho
não parece bem. – disse o Papa assim que se reuniu isoladamente com o jovem
monge.
O jovem
monge tentou disfarçar dando logo algumas novidades ao Pontífice.
- Tenho
ótimas novidades Santidade.
O Papa
percebeu que o jovem queria não ser o centro do assunto.
- Quais são
as boas novas?
- O símbolo
que vossa Santidade está procurando é o anel de Salomão. – disse o jovem.
O Papa já
havia recebido essas informações de seu amigo seminarista quando da viagem a
sua terra natal.
- Entendo. –
disse ele esperando outras revelações. – mas e quanto as inscrições em suas
pontas? –
- Santidade,
primeiro precisamos entender que essa estrela se refere provavelmente a estrela
que mais brilha no céu: Sírius.
- Porque Sírius?
- Em minhas
pesquisas parece que a estrela de Sírius é uma espécie de centro local de
vários sóis e entre eles está o nosso sol.
- E quanto a
possuir duas faces?
- Ainda não
sei dizer se os símbolos em duas faces que nós descobrimos se referem a uma
estrela dupla, ou quem sabe dois anéis.
- Espera,
vamos devagar que agora não entendi nada. – falou o Papa sorrindo.
- Santidade
é como se existisse uma dualidade, sim-não, cara-coroa, positivo-negativo.
- Um corpo
físico e outro espiritual?
- Talvez
seja uma colocação mais exata para nossa busca.
- E quanto
as inscrições em suas pontas?
- Elas estão
grifadas em um hebraico antigo e que parecem na verdade ser números e não
nomes.
- Sim em
hebraico as letras também podem se referir a numerais não é mesmo Miguel?
- Isso
mesmo.
- Parece que
quanto mais descobrimos mais distantes ficamos de desvendar os segredos.
- Também
estou com essa impressão Santidade.
- Estamos
diante de um quebra-cabeça sem fim. Só que tenho um pressentimento que isso tem
a ver com nossa realidade muito mais do que imaginamos.
- Como assim?
– disse o monge surpreso.
- Por
exemplo, seu rosto parece machucado o que aconteceu com ele?
O jovem
monge ficou completamente sem jeito, pois acreditava que tudo aquilo iria
passar despercebido. Então baixou a cabeça e permaneceu em silencio.
- Preciso
saber o que está acontecendo, confio bastante em você meu filho, espero que
também confie em mim. – insistiu o Papa.
Os olhos do
monge marejaram-se de lágrimas.
- Não foi
nada Santidade.
- Miguel
preciso saber se está acontecendo algo de errado para que eu tenha certeza de
que tudo o que você está passando é verdadeiro ou são pistas falsas.
- Santo
Padre não mentiria para Vossa Santidade.
- Então o
que está acontecendo?
- Num desses
dias em que Vossa Santidade estava em viagem fui interpelado num dos corredores
da biblioteca por homens vestidos de monges, só que não tinham um comportamento
cristão.
- E o que
fizeram contigo Miguel?
- Me levaram
para um dos corredores, já bem tarde, não tinha mais ninguém na biblioteca me
amarraram em uma cadeira e começaram a me torturar.
- Meu Deus!
E o que queriam saber de você? – disse o Papa com uma fala constrangida.
- Queriam
que eu revelasse sobre o resultado de nossas pesquisas, e principalmente saber
o que estávamos procurando.
- E o que
você disse Miguel?
- Tive que
revelar parte da verdade Santidade, eles tinham em suas mãos os desenhos do
anel de Salomão.
- Fique
tranquilo filho, isso é sinal que eles também não encontraram o que estamos
procurando.
- Mas
preciso dizer-lhe Santidade, que me perguntaram se nós já tínhamos encontrado
os anéis.
- Então
existe realmente um anel e parece que são mais de um!
- Esse anel
é utilizado como uma forma de proteção das forças malignas.
- Sim
verdade, mas nos parece que existe algo mais do que isso. – falou o Papa
olhando melhor agora para a face de Miguel e reparando que ele provavelmente
sofreu bastante fisicamente.
- Também
acredito nisso Santidade, esse anel ou esses anéis provavelmente são chaves
para a revelação de um enigma maior e é isso que não disse aos meus
torturadores. Existe algum lugar secreto dentro do próprio Vaticano que esconde
um grande segredo.
- Onde
poderemos encontrar então esses anéis? Já andei sigilosamente procurando por
essas relíquias por todas as partes e não encontrei nada.
- Qual seria
o lugar mais secreto para se esconder essas relíquias dentro do Vaticano ou
quem sabe até fora dele?- disse o monge em tom de estar realizando uma pergunta
para si mesmo.
A questão
ficou correndo pelos ares do palácio como que um fantasma assombrando os corredores
dos cômodos. Os fantasmas parecem habitar mais dentro do que fora.
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