segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

1ª Parte, O Conclave - capitulo 01, O ANUNCIO



1ª PARTE
  
O CONCLAVE










Capitulo 01
O ANUNCIO



Petrus Romanus, qui pascet oves in multistribulationibus; quibus transactis, civitas septicollis diruetur, et ludex tremendus iudicabit populum. Finis (Pedro Romano, que apascentará as ovelhas em meio a muitas tribulações. Passadas estas, será destruída a cidade das sete colinas e o tremendo Juiz julgará o seu povo. Fim.)
                                  São Malaquias
                                                                                                                            

Da quarta janela do quarto andar do Palácio Apostólico, o Bispo de Roma pode ver aquilo que ele nunca imaginou presenciar, a praça de São Pedro estava marejada de vermelho. As profecias sempre se referiram a esse dia, mas poucos acreditavam que tal vaticínio pudesse se cumprir.
- Vossa Santidade.
O Papa podia ouvir o chefe da sua guarda clamar por sua atenção, porém sua mente naquele instante foi além daquele espaço e daquele tempo, voltou para um momento distante do passado.


O jovem estava diante de um acontecimento que marcaria sua mente, como que traçando nela um mapa para o seu caminho. A experiência gravou uma imagem em sua consciência para todo o sempre.
- Santo Padre. – disse o homem chamando a atenção do recém nomeado presbítero e prosseguiu dizendo como se fosse uma urgência – tu te tornarás Papa e serás o ultimo de sua linhagem.
 Aquele jovem seminarista que vivia os últimos instantes da cerimonia de sua ordenação ouviu as palavras sem nada entender. Ficou em silêncio esperando que o homem continuasse a frase, só que ele virou as costas e seguiu pelo corredor central da Igreja da Glória na direção da saída.
O agora sacerdote estarrecido, não sabia o que fazer; se saísse correndo pelo corredor em disparada iria assustar a todos. Resolveu terminar a cerimonia de sua ordenação e depois ir para a praça daquela pequena cidade, mas que parecia estar toda ali naquele templo.
A cidade onde tinha sido ordenado não era a sua cidade natal, mas como seminarista, ficou por aquelas redondezas por um bom tempo de sua vida e não se recordava de conhecer aquele rosto que pronunciado aquelas palavras.
Era um dia especial para toda a comunidade, véspera do dia de Nossa Senhora e também a consagração de um jovem seminarista numa pequena cidade tinha se tornado o grande acontecimento. Mas mesmo diante de tudo isso, o novo sacerdote pediu licença por um instante principalmente para os seus familiares:
 - Gente, por favor, vou tomar apenas um ar do lado de fora da igreja e já volto.
 O novo sacerdote procurou se dirigir para a entrada da igreja. Não foi possível se quer chegar as suas portas, pois todos os participantes da celebração correram para cumprimenta-lo por aquele dia tão importante de sua vida. Era nítida a sua distração, pois conversava com alguém e a todo instante desviava sua atenção na busca de um novo encontro daqueles olhos que pareciam ter invadido sua alma com um anuncio.
Mesmo no meio da multidão, tentou reencontrar aquele homem, mas não conseguiu.
A procura naquele dia indicaria o caminho de seu destino.
Sua irmã, percebendo que algo estava errado se aproximou  do sacerdote, pegou em seu braço direito e sussurrou em seu ouvido:
- Irmão, você está bem? Aconteceu alguma coisa?
- Você viu aquele homem que se aproximou de mim no final da cerimonia? – responde o sacerdote com uma outra pergunta.
Ela conscientemente manteve a calma e continuou sussurrando em seu ouvido:
- Muita gente se aproximou de você o tempo todo.
- Não, mas ele era diferente. Tinha uma certeza profunda em seus olhos e me disse uma coisa que me pareceu um absurdo.
- E o que foi que ele disse?
Então o sacerdote recuou em sua procura desenfreada.
- Não sei dizer ao certo, sei que ele tinha um colar lindo e um pingente em forma de sol.
- Irmão você precisa se ater a este instante presente! As pessoas estão querendo a sua atenção.
Então o padre se tornou mais tranquilo tentando voltar sua atenção as pessoas ali presentes, mas não deixou de pensar consigo mesmo: “Será que aquele homem, não estava nesse tempo? Poderia ser algo de minha própria imaginação? Quem sabe algum tipo de tentação?” – pensou consigo mesmo o jovem sacerdote. 

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