1ª PARTE
O CONCLAVE
Capitulo 01
O ANUNCIO
Petrus
Romanus, qui pascet oves in multistribulationibus; quibus transactis, civitas
septicollis diruetur, et ludex tremendus iudicabit populum. Finis (Pedro
Romano, que apascentará as ovelhas em meio a muitas tribulações. Passadas
estas, será destruída a cidade das sete colinas e o tremendo Juiz julgará o seu
povo. Fim.)
São Malaquias
Da
quarta janela do quarto andar do Palácio Apostólico, o Bispo de Roma pode ver
aquilo que ele nunca imaginou presenciar, a praça de São Pedro estava marejada
de vermelho. As profecias sempre se referiram a esse dia, mas poucos
acreditavam que tal vaticínio pudesse se cumprir.
-
Vossa Santidade.
O
Papa podia ouvir o chefe da sua guarda clamar por sua atenção, porém sua mente
naquele instante foi além daquele espaço e daquele tempo, voltou para um
momento distante do passado.
O jovem estava diante de um acontecimento que
marcaria sua mente, como que traçando nela um mapa para o seu caminho. A
experiência gravou uma imagem em sua consciência para todo o sempre.
- Santo Padre. – disse o homem chamando a atenção do
recém nomeado presbítero e prosseguiu dizendo como se fosse uma urgência – tu
te tornarás Papa e serás o ultimo de sua linhagem.
Aquele jovem seminarista
que vivia os últimos instantes da cerimonia de sua ordenação ouviu as palavras
sem nada entender. Ficou em silêncio esperando que o homem continuasse a frase,
só que ele virou as costas e seguiu pelo corredor central da Igreja da Glória
na direção da saída.
O agora sacerdote estarrecido, não sabia o que
fazer; se saísse correndo pelo corredor em disparada iria assustar a todos. Resolveu
terminar a cerimonia de sua ordenação e depois ir para a praça daquela pequena
cidade, mas que parecia estar toda ali naquele templo.
A cidade onde tinha sido ordenado não era a sua
cidade natal, mas como seminarista, ficou por aquelas redondezas por um bom
tempo de sua vida e não se recordava de conhecer aquele rosto que pronunciado
aquelas palavras.
Era um dia especial para toda a
comunidade, véspera do dia de Nossa Senhora e também a consagração de um jovem
seminarista numa pequena cidade tinha se tornado o grande acontecimento. Mas
mesmo diante de tudo isso, o novo sacerdote pediu licença por um instante
principalmente para os seus familiares:
- Gente, por favor, vou tomar apenas um ar do
lado de fora da igreja e já volto.
O novo sacerdote procurou se dirigir para a
entrada da igreja. Não foi possível se quer chegar as suas portas, pois todos
os participantes da celebração correram para cumprimenta-lo por aquele dia tão
importante de sua vida. Era nítida a sua distração, pois conversava com alguém
e a todo instante desviava sua atenção na busca de um novo encontro daqueles
olhos que pareciam ter invadido sua alma com um anuncio.
Mesmo no meio da multidão,
tentou reencontrar aquele homem, mas não conseguiu.
A procura naquele dia indicaria
o caminho de seu destino.
Sua irmã, percebendo que algo
estava errado se aproximou do sacerdote,
pegou em seu braço direito e sussurrou em seu ouvido:
- Irmão, você está bem?
Aconteceu alguma coisa?
- Você viu aquele homem que se
aproximou de mim no final da cerimonia? – responde o sacerdote com uma outra
pergunta.
Ela conscientemente manteve a
calma e continuou sussurrando em seu ouvido:
- Muita gente se aproximou de
você o tempo todo.
- Não, mas ele era diferente.
Tinha uma certeza profunda em seus olhos e me disse uma coisa que me pareceu um
absurdo.
- E o que foi que ele disse?
Então o sacerdote recuou em sua
procura desenfreada.
- Não sei dizer ao certo, sei
que ele tinha um colar lindo e um pingente em forma de sol.
- Irmão você precisa se ater a
este instante presente! As pessoas estão querendo a sua atenção.
Então o padre se tornou mais
tranquilo tentando voltar sua atenção as pessoas ali presentes, mas não deixou
de pensar consigo mesmo: “Será que aquele homem, não estava nesse tempo?
Poderia ser algo de minha própria imaginação? Quem sabe algum tipo de
tentação?” – pensou consigo mesmo o jovem sacerdote.
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