Capitulo 03
O ESCOLHIDO
”Estás predestinado a ser rodeado por muitas adversidades. Tens o
nome de uma pedra. E és uma pedra larga e delgada. Cairás sob o castigo que
quebrou todos os impérios. E a sua sabedoria, no final dos tempos, será
definida como loucura.”
Paracelso
Um grande estrondo pôde ser ouvido e sentido ao
mesmo tempo, o palácio tremera e o Chefe da Guarda Suíça apoiou o Santo Padre
para que ele não caísse. Só assim a atenção do Papa aparentemente tinha voltado
para tudo aquilo que o cercava. Apenas aparentemente, pois o transe não havia
terminado.
Seus
estudos foram completados em Roma e novamente o destino agiu. Por causa do seu
brilhantismo teológico ele seria convidado para conhecer o Vaticano e sua
estrutura. Foi nesse dia que conheceu o Arcebispo que se tornaria o Papa e que
o antecederia no Trono de Pedro antes do Papa Francisco.
O
padre ainda era muito jovem quando viu pela primeira vez o todo poderoso Prefeito
da Congregação para a Doutrina da Fé que se tornaria o Papa Olivetano. Conhecia
todos os artigos escritos por aquele homem, se sentia honrado em poder estar
diante daquele que tanto admirava. O Prefeito parecia a seu ver de longe um
homem severo de um sorriso enigmático. Isso se confirmaria também de perto.
Conversaram
apenas por alguns minutos e apesar da diferença de idade como também de
carisma, algo os uniu. Talvez um sentido fervoroso de caminhar pela fé, o padre
naquele breve momento não compreenderia o que poderia ser aquilo, só depois
percebeu a mão do destino guiando seus caminhos.
Quando
saiu da presença do então Prefeito da Congregação e caminhava pelos corredores
foi relembrado de sua missão episcopal.
Aproximou-se
repentinamente um monge beneditino e lhe disse:
-
Padre me acompanhe por alguns instantes pelos corredores.
-
Quem é você irmão? – perguntou o visitante.
-
Como você mesmo o disse sou um irmão padre, por favor, me acompanhe.
Os
corredores eram imensos e intermináveis, quando parecia estar chegando ao fim
de um deles o monge seguia de forma com que aparecesse um novo caminho, parecia
que estava sendo perseguido. Não tirou o capuz em nenhum momento e continuo
agora dizendo bem baixo para não ser ouvido pelas paredes:
-
O Prefeito sucederá o nosso Papa atual e mesmo antes disso acontecer padre, o
senhor será designado Bispo, depois Arcebispo de uma das maiores Arquidioceses
católica romana do mundo.
-
Porque está me dizendo isso irmão?
-
O senhor precisa querer viver o seu destino padre.
- Não entendo porque um humilde padre pode
querer desejar tudo isso, irmão.
-
São os desígnios de Deus, Santo Padre.
-
Porque me chamas de Santo Padre?
-
Padre, você sucederá nosso prefeito no Trono de Pedro.
-
Do que você está falando!
-
Preciso ir. O senhor siga até o fim do corredor e vire a direita lá encontrará
o seu caminho.
Quando o padre voltou seus olhos novamente
para o monge após olhar para o fim do corredor, ele estava com a mão numa
espécie de amuleto e parecia pedir proteção. Não era uma cruz como podia se
esperar, era redondo e nele podia se ver um sol. Aquele símbolo novamente
atravessava o destino do padre e agora ele não podia deixar de perguntar sobre
aquilo:
- Espere, o que é esse símbolo?
Você é realmente um monge? Quem está por trás de tudo isso?
- No momento certo Reverendíssimo.
– disse o monge e saiu correndo apressado pelos infindáveis corredores do
prédio.
O padre estava novamente diante
daquele enigma. Só que agora poderia correr atrás daquilo que estava
acontecendo e o fez. Acompanhou o monge ainda que de longe por um dos
corredores e quando ele entrou numa daquelas tantas salas também fez o mesmo.
Tinha sido rápido, mas novamente não o bastante. O monge não estava na sala.
- Você está por aí? – disse o
padre falando para a sala vazia.
O silencio apareceu como
resposta. O padre imaginou que pudesse haver algum tipo de passagem secreta.
Caminhou lentamente pelos cantos da sala querendo encontrar alguma resposta e
nada. Ficou preocupado também imaginando que se alguém o encontrasse naquele
lugar não entenderia o que ele poderia estar fazendo.
Restou ao padre caminhar na
direção da porta que o levaria novamente ao corredor. Seguiu pelo caminho
apontado pelo monge antes de desaparecer diante dos seus olhos e se deparou com
a saída do prédio.
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