quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Capitulo 15 - CADEIRA DE PEDRO


Capitulo 15
CADEIRA DE PEDRO
                                                                                                                            
            



“...mas a barca de Pedro não terá paz. Anátema para quem não acompanhou o pai.
Na cadeira de Pedro sentarão, ao mesmo tempo, o Justo e o Bisão. Ambos terão o dom de falar ao povo.”
                                                                        Aranha Negra.           
  


O chefe da guarda atendeu ao pedido do Santo Padre, voltou-se e encostou a porta com receio de que depois não conseguiriam mais abri-la. Fez tudo isso rapidamente não querendo perde os passos que o Papa tomava na direção do centro da pequena sala. Quando pareceu ter ouvido um barulho que vinha de fora da sala por trás de algum daqueles labirintos de tuneis.
- Chefe tranque a porta.
O homem então correu para não apenas encostar e sim puxar a porta pelo lado de dentro da sala e ela acabou realmente de alguma forma se fechando. Assim, o Pontífice se sentiu mais seguro e quando chegou ao centro da sala colocou suas mãos na altura do peito e desabotoando alguns dos botões retirou um bolso que estava por dentro de suas vestes perto da altura de seu coração.






As férias papais duraram ainda algumas semanas até que foram interrompidas por mais um dos escândalos que vinham envolvendo os bastidores do Vaticano. O Santo Padre também estava querendo retornar a Santa Sé para dar continuidade as buscas dos seus mistérios, agora com o que parecia ser um mapa em suas mãos.
Ao retornar ao Vaticano o Santo Padre resolveu definitivamente tomar medidas mais drásticas para enfrentar o mar de discórdia em que se encontrava “A Barca de Pedro”. Sentindo-se disposto e cheio de uma energia renovada em atos que para muitos parecia ser loucura começou a refazer toda a administração do seu Estado. Primeiro afastou o secretário geral e trouxe para essa função seu amigo de seminário para ocupar o cargo. Afastou o seu mordomo e escolheu estar contigo também um padre da confiança de seu novo secretário Rafael. Trouxe também o monge Miguel para acompanha-lo diariamente em sua busca dos enigmas. Em pontos estratégicos como nas prefeituras colocou pessoas de sua confiança e assim tentou isolar principalmente aquele Arcebispo que pelos corredores era considerado o antipapa.
Toda ação tem sua reação e logo o Santo Padre começou a sofrer retaliações indiretas por aqueles que foram afastados e mais desordem parecia estar em movimento. Pensou até em convocar um Concílio para mudar completamente os rumos de sua Igreja. Tinha consciência que o povo estava se afastado da ordem religiosa por que as lideranças eclesiais tinham se encastelado em suas sedes.
A Igreja estava completamente dividida em duas forças que pareciam uma caminhar à esquerda e outra à direita do Santo Padre. As reformas feitas pelo Bispo de Roma desagradariam os dois lados, Iluminatis e Spiritualis acirravam a disputa ainda mais pelo governo temporal do Vaticano. Foram nesses dias que o bispo vermelho que o procurara logo no inicio de seu Pontificado intitulando-se o antipapa sem mais nem menos faleceria. E o que se dizia que uma nova eleição ocorreria bastidores para que esse cargo fictício fosse ocupado. E mesmo com suas transformações administrativas a Santa Sé estava se afundando em crises que só acompanhavam as crises políticas mundiais.
Há dias em que o bem estar
Num desses tempos difíceis o Santo Padre se recordou das conversas que havia tido com monge Miguel e quis conhecer a necrópole e as catacumbas do Vaticano. Chamou seu novo secretário agora Cardeal nomeado e amigo de seminário e disse que com ele gostaria de visitar as profundezas do Vaticano. Seu amigo sabia mais ou menos o que estavam procurando e disse que era uma honra poder acompanhar o Santo Padre naqueles mundos mais escondidos, diria ele.
Conseguiram deixar uma das tardes da agenda do Papa sem audiências. Dirigiram-se então para a Basílica de São Pedro e dai para a entrada que os levaria primeiro para as criptas onde se encontravam vários Papas enterrados. Nesse local visitaram os últimos líderes da Igreja aos quais o Santo Padre havia sucedido. Logo depois foram à visita do tumulo de São Pedro. Ali ficaram bastante tempo contemplando os mistérios que envolviam todos aqueles homens que tinham conduzido a Igreja até aqueles dias.
O secretario geral entendia que por ali dificilmente encontrariam algo, pois eram locais de visitação pública conhecidos perfeitamente por todos, então acompanhados do monsenhor responsável pelas instalações foram conduzidos para os locais onde eram fechados ao publico. Eram catacumbas viradas e reviradas por arqueólogos durante grandes períodos e provavelmente também não esconderiam nada que alguém já não tivesse colocado os olhos. Só que o Santo Padre sabia de certa forma o que estavam procurando, algo que retratasse os símbolos que vinham perseguindo pelas trilhas de sua jornada.
O monsenhor experiente em acompanhar os arqueólogos também resolveu levar com ele o maior de todos os pesquisadores para acompanhar aquela visita e assim mostrar ao Papa os lugares que recentemente haviam sido escavados graças a novas tecnologias desenvolvidas para aquele tipo de trabalho. Ficaram surpresos com tanto corredores de catacumbas sob os prédios do Vaticano.
Antes que os dois homens, o Papa e o seu novo secretário geral acompanhassem aquela procura, ficou acertado entre os dois que enquanto o Santo Pontífice provavelmente seria acompanhado por arqueólogos, o secretario percorreria os cantos em que provavelmente os dois juntos não conseguiriam visitar e assim o fizeram. Enquanto o monsenhor e o cientista iam apresentando as novas descobertas o novo secretário ia entrando por outros lugares e foi numa dessas escapadas que ele encontrou algo que provavelmente interessaria aos mistérios que estavam tentando serem desvendados. Então como previamente acordado assim que viu algo que interessaria deu um sinal ao Santo Padre que percebendo o que estava acontecendo deixou ser conduzido por seu secretário.
Em um dos corredores já aparentemente bem percorrido havia duas colunas com a figura de dois anjos dois anjos que aparentemente vigiavam ou protegiam uma lápide. O que chamou a atenção do secretário é que cada um dos anjos com as mãos estendidas seguravam uma esfera que tinha no centro o símbolo da estrela de seis pontas. Os dois seres estavam posicionados de perfil onde se podiam ver as suas asas e se encontravam de frente para o que parecia ser um portal e cada um possuía na mão esquerda uma espada e na direita a esfera com a estrela de seis pontas como era representado no anel de Salomão encontrado pelo Papa em Castel Gandolfo.
Inteligentemente o Santo Padre vendo aquelas duas figuras perguntou ao arqueólogo:
- De que maneira vocês estão pesquisando esses corredores com essas novas tecnologias meu amigo cientista?
- Santo Padre, hoje a arqueologia utiliza-se desde imagens de satélite até uma pequena espátula para fazer as suas descobertas. Em escavações como esta podemos usar radares, mapeamento a laser, além de buscas químicas, físicas e biológicas.
- Se existir uma abertura numa dessas paredes então podemos descobrir sem derrubá-la? – disse o secretário ao arqueólogo.
- Sem dúvidas, e se a abertura for muito estreita, robôs podem vasculhar e nos enviar imagens de tudo que está por trás do que procuramos.
- E o que estamos procurando aqui meu jovem? – disse o Papa.
A pergunta deixou todos surpresos. O cientista olhou para o monsenhor sem entender o que o Papa estava querendo dizer.
- Santidade, estamos procurando relíquias, escritos e outras tantas coisas deixadas pelos primeiros cristãos. – disse o monsenhor.
- Vocês já estão utilizando essas tecnologias modernas nessa parte descoberta recentemente? – perguntou o secretário.
- Estamos utilizando por enquanto apenas para abrir novos corredores. Em muitos lugares aparentemente eram apenas túmulos então deixamos eles momentaneamente de lado e vamos em busca de novos corredores para apenas depois nos dedicarmos a essas câmeras.
- É o caso dessas imagens a nossa frente? – perguntou o Papa.
- Santidade esse espaço entre os dois anjos ainda vamos estudar. Não parece uma cripta, nem um corredor, tem apenas a aparência de mural é bem diferente de tudo que temos encontrado até agora. Se o senhor desejar podemos fazer uma pesquisa minuciosa.
- Ao contrário meu amigo cientista gostaria que não o tocasse e que o preservasse pelo menos por enquanto de qualquer tipo de escavação, pode ser assim?
- Sem dúvida, Santo Padre. – falou o monsenhor responsável pelas escavações.
Os quatros homens continuaram sua caminha pelos corredores históricos que parecia fazer parte de todas as fundações do Vaticano. Algo inacreditável de ser compreendido apenas com a força de suas mentes e apesar de estarem na verdade em um cemitério podia-se encontrar beleza naquelas buscas.


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