sexta-feira, 1 de março de 2013

Capitulo 16 - A INUNDAÇÃO


Capitulo 16
A INUNDAÇÂO
                                                                                                                            
            



A grande cidade das sete colinas,
Depois da paz, guerra, fome e inundação:
Que se estenderão até longe, destruindo muitas regiões,
Mesmo as ruínas antigas e a grande fundação.
                                                                       Nostradamus
                                      
  


O Santo Padre então retirou do pequeno saquinho de pano que trazia consigo um anel que o chefe da guarda nunca havia visto. Tinha a cor de uma gema de ouro e brilhava como se tivesse saído daquele mesmo instante de um ourives.
- Santo Padre o que fazemos agora?
- Aguarde um momento chefe, vamos retirar o Grande Sétimo.
O Papa então pegou o anel e colocou no dedo médio de sua mão esquerda.
Só então o chefe da guarda que era tão observador percebeu que o Papa também estava com o anel do pescador em sua mão direita.


Assim que pôde se encontrar com agora seu secretário particular, o monge Miguel, o Santo Pontífice contou-lhe todas as novidades com relação aos achados que haviam feito nas catacumbas do Vaticano.
- Precisamos o quanto mais cedo possível ver o que tem por trás desse painel, Santidade.
- Por que você diz isso filho?
- Tenho a sensação clara que estamos numa corrida para desvendar os mistérios, Santidade e que não estamos sozinhos nessa busca e o que é pior não sabemos ao certo o que nossos concorrentes sabem sobre tudo isso. Parece que eles provavelmente conhecem todos os nossos passos.
- Provavelmente suas deduções estão corretas, só que temos a força do Bem Maior ao nosso lado.
O monge ficou calado diante da afirmação. Então o Papa prosseguiu o dialogo.
- Você tem razão meu jovem, precisamos verificar o que encontramos o quanto antes, vou falar com o Secretário para que possamos voltar às catacumbas o mais rápido possível. Estou encontrando dificuldades, pois esses dias minha agenda está lotada, o mundo parece que a cada segundo caminha mais rápido para uma desordem completa. Os sistemas e suas instituições não suportam as pressões que eles mesmos criaram e estão se corroendo de dentro para fora, assim como nossa Igreja parece também estar passando por esse mesmo processo. Parece que as forças positivas não conseguem mais se agregar e nesse momento estão trabalhando mais interiormente e individualmente como nós estamos fazendo, e que a forças involutivas estão se encarregando de destruir o que nos cerca e em consequência se autodestruírem.
- Posso verificar sozinho o que Vossa Santidade encontrou?
- Não é nada seguro. Iremos nós e com segurança dessa vez. – respondeu o Papa.
Apenas depois de alguns dias de forma discreta o Secretário Geral conseguiu uma brecha na agenda papal e levou consigo o chefe da guarda que primeiro vasculhou todos os corredores para se certificar de que tudo estava bem e depois ficou na entrada principal onde o Papa, o secretário, e o monge ficariam a vontade para realizar as suas buscas.
Foram diretos para onde se encontravam os dois anjos e o lindo mural. Monge Miguel ao ver tudo aquilo quase caiu de joelhos não acreditando o que estavam presenciando.
- Santidade, os dois anjos carregam e protegem com suas espadas as duas estrelas como tínhamos visto no livro e no anel que encontramos em Vossas férias. E os murais com dois cães com dois sóis ao alto da cabeça nos fazem lembrar Sírios que sabemos hoje ser uma estrela binária.
Os três homens ficaram olhando para o mural admirando tudo aquilo ter atravessado séculos e estar quase em perfeito estado.
- Então podemos crer que existe algo por trás desse mural? – disse o secretário.
- Provavelmente, olhem no pé do mural parece estar mais úmido que o restante do corredor. – falou o monge.
Todos olharam para o piso e realmente dava-se a impressão de que a própria pintura do pé do mural parecia estar mais viva. Recordaram-se então que Roma tinha sido inundada por uma tempestade nunca vista naqueles dias e que mesmo o Vaticano estar em uma colina não deixou de sofrer com tal volume de água.
- Quem sabe o mural se abra como abrimos a pequena abertura da estante onde encontramos o mapa e o anel. – falou o Papa olhando para o mural.
Tentaram empurrar a pintura para lá e para cá e nada, não dava para se comparar com o que tinham visto em Castel Gandolfo. Eles estavam diante de uma armação de pedra e não de madeira como era a estante.
- Provavelmente existe alguma trava, ou alguma abertura onde se pode colocar uma chave ou algo parecido. – falou o secretário tocando com as mãos o mural.
Os três homens começaram com as mãos tentar encontrar algum tipo de abertura.
- Santidade, em cada canto do mural há a representação de uma estrela e no centro delas a imagem da estrela de seis pontas dentro de um circulo. Isso não pode ser apenas coincidência.
O monge então tocou na estrela mais próxima de seu lado direito onde se encontrava e percebeu que essa espécie de miolo afundava.
- Muito bem meu jovem, parece que realmente temos aqui uma espécie de fecho que destrava algo parecido com um ferrolho nos cantos do mural, mas algum tipo de chave deve abrir isso. – falou o Pontífice mexendo em um dos buracos das estrelas.
- Uma Pedra desse tamanho não precisaria de nenhum tipo de trava, pois necessitaria de um batalhão de homens para movimentá-la. – disse o secretário batendo mais forte sobre uma das partes do mural, só que ao comprimir a mão sentiu não ser tão forte assim e completou – parece ser apenas madeira maciça.
- Então temos grandes chances de abri-la de alguma forma, só que como vamos tirar essas trancas internas que já devem estar ai ha anos sem serem tocadas? – falou o monge.
Enquanto isso, o Papa observava dentro de si mesmo alguma forma de destravar aquilo e quando levou a mão direita percebeu que o anel do pescador que estava em seu dedo tinha o mesmo diâmetro do orifício e assim o colocou na abertura e girando o seu punho tentava de alguma maneira destravar o segredo, só que não conseguia porque as hastes laterais do anel não deixavam ele ir até o fundo da abertura. Então se recordou do anel de Salomão que haviam encontrado e que agora mantinha consigo. Abriu um dos botões centrais de sua veste e de um saquinho de pano retirou o anel. Os dois homens ficaram boquiabertos olhando a atitude do Santo Padre.
O monge e o secretário não tiveram coragem de perguntar o que o Santo Padre estava fazendo e enquanto isso o anel de Salomão foi colocado na abertura e girando o punho ouviu-se algo que parecia estar destravando.
- Deu certo. – afirmou o Papa sem perceber que seus dois companheiros estavam olhando para ele como se um milagre tivesse acontecido.
O Pontífice então colocou o anel no feche inferior do lado em que estava e ouviu o mesmo barulho. Foi então para o lado contrário de onde estava e não conseguia fazer o mesmo milagre.
- Talvez desse lado possa ser anti-horário e não horário como do outro lado. – disse o secretário.
Assim que o Papa inverteu o movimento dos punhos pôde-se ouvir o destravar também do outro lado. Correram então para empurrar a porta sem resultado.
- Quem sabe ela não seja de correr? – falou o monge
Dessa maneira os três homens tentaram arrastar a porta da esquerda para direita sem resultados.
- Vamos tentar no outro sentido.
Assim que começaram a tentativa de arrastar a porta da direita para a esquerda ela se moveu apenas por alguns centímetros, o que já era bastante para as suas buscas.
- Acho que precisaremos de mais gente para tentar mover essa porta. – falou o secretário.
- Vamos tentar apenas nós três. Não gostaria que outras pessoas se envolvessem nessa procura, não sei o que pode estar por trás desse mural, mas enquanto não soubermos é melhor mantermos tudo isso no maior segredo possível.
Então os três homens instalaram juntos suas mãos na pequena abertura que tinha já se instalado e conseguiram assim abrir de forma que uma pessoa pudesse passar. Olhando pela abertura só se via a escuridão do que parecia ser realmente um corredor.
- Não podemos entrar nessa escuridão. – disse o secretário.
Dessa vez quem surpreendeu foi o monge retirando do bolso de seu hábito uma lanterna. Os outros dois homens ficaram surpresos e o jovem foi justificando-se:
- Sempre tive dificuldades com o escuro e achei que íamos encontrar algo parecido nessas profundezas.
- Vão vocês dois. Ficarei aqui na entrada para que não sejamos surpreendidos de alguma forma. – falou o secretário.
O Papa confiando na sabedoria de seu amigo logo concordou com a  ideia.
- Vamos meu jovem espero que essa sua lanterna tenha pilhas o bastante para nos guiar.
- São pilhas novas. – respondeu o jovem sorrindo.
Os dois homens se aventuraram então pela passagem estreita que só permitia o trânsito de um de cada vez. O jovem monge ia a frente rompendo pelas teias de aranha que frequentemente tocavam seu rosto e enquanto isso, o Papa o seguia com uma sensação estranha que aqueles corredores estavam sendo inundados de água.
- Não parece que vamos a qualquer momento ser cobertos pela água? – falou o Papa.
- Santidade tudo aqui parece estar inundado até os fios das teias. – respondeu o monge e apontando a lanterna para frente sem conseguir ver o final daquele corredor que agora parecia mais ser um túnel.
- Esse lugar ou foi ou será coberto completamente pelas águas, posso sentir uma onda invadindo cada centímetro desses túneis. – disse o Papa com uma forte impressão.
- Só espero que não seja nem agora nem nas próximas horas Santidade. – respondeu o monge com um tom de brincadeira.
Os dois homens ficaram caminhando por um bom tempo encontrando somente a escuridão. Só sentiram uma diferença quando o corredor se estreitou e logo voltou a se abrir, talvez fosse uma curva.
- Parece que esse túnel não chega a lugar nenhum e andando no escuro é pior ainda dá a impressão que estamos sempre caminhando no mesmo lugar.
O Papa mantinha-se calmo apenas seguindo o monge e esperando ver uma fresta de luz que não fosse daquela lanterna. Quando parecia terem chegado ao fim do túnel e o que era pior não havia saída.
- Parece que nos encontramos em um beco sem saída, Santidade. – falou o monge apontando a lanterna para o fim do corredor.
- Não existem caminhos sem saída meu jovem, existem apenas obstáculos a serem contornados. – respondeu o Papa já tocando com as mãos o fim do túnel.
- Será uma outra porta? – falou o monge Miguel afastando-se e tentando iluminar com maior amplitude o lugar.
- Se for uma porta estamos diante de uma outra fechadura, ou ela abriria apenas por dentro! – disse o Papa para o seu agora escudeiro como se já estivesse falando consigo mesmo.
- Tudo aqui está tão escuro e empoeirado que fica difícil encontrarmos até mesmo uma fechadura gigante.
- Se for uma porta ela provavelmente será aberta pela mesma chave que abriu o mural lá no início de nossas buscas.
- Isso tem muito sentido Santidade. – falou o monge tentando limpar tudo que vinha com as mãos e principalmente nos cantos a procura de um pequeno buraco naquela nova passagem.
Achei. – falou o Papa confiante.
O monge procurou iluminar a mão do Papa onde ele parecia ter encontrado uma fechadura e eles puderam ver novamente a estrela de Salomão e no meio dela uma abertura igual a que tinham encontrado no mural de entrada.

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