quarta-feira, 6 de março de 2013

Capitulo 20 - O MACHADO NO MEIO DO SINAL


Capitulo 20
O Machado no Meio do Sinal
                                                                                                                            
                                                                         

              

“Axis in Medietate Signi.” (O machado no meio do sinal)
                                                           São Malaquias



- Chefe, por favor, vamos tentar colocar a pedra de mármore em seu lugar. – disse o Papa colocando o Grande Sétimo no chão e já tentando ajudar o seu companheiro a colocar a tampa de mármore que guardava a pedra dourada.
- O que fazemos agora Santidade? – falou o chefe da guarda depois de ter conseguido tampá-la.
- Precisamos agora nos retirar e levar o Grande Sétimo conosco para fora do Vaticano.





O Santo Pontífice ficou alguns dias resolvendo problemas em diversas audiências em virtude do fervor político em que se encontravam principalmente os países mais próximos do Vaticano, em virtude de suas profundas crises econômicas que, aliás, pareciam ser infinitas.
O materialismo estava manifestando convulsões recorrentes. Grandes e pequenos males provocaram profundas crises que começaram a despertar falta de consciência em seus lideres. Movimentos involuntários aos governos centrais mobilizavam milhões de pessoas para a construção de novas realidades. Convulsões sociais surgiam resultantes de febres geradas pela miséria que se espalhava por todos os cantos.
Apesar de todas as confusões o líder do Trono de Pedro sabia que sua busca era importantíssima, mesmo diante de tantos assuntos urgentes que lhe eram apresentados no dia a dia, assim que conseguiu chamou o chefe da guarda e pediu que junto com seu amigo secretário se dirigissem novamente as catacumbas do Vaticano. Enquanto isso o monge Miguel seguia tentando decifrar definitivamente a cópia dos seis pergaminhos que estavam sobre sua guarda.
- Secretário amanhã logo pela manhã vamos sair cedinho e voltarmos a sala sagrada, para que você tente me ajudar a desvendar alguns segredos que podem ter escapado aos meus olhos e aos olhos do jovem monge. Sinto que nosso tempo é curto.
- Santidade, preciso lhe falar algo sobre a coisa do tempo. – disse o secretário.
- Como assim amigo?
- Não sei se Vossa Santidade acredita em profecias.
- Quando me relaciono com profecias me refiro sempre as palavras de Amós 2,7: “ Pois o Senhor Deus não faz coisa alguma sem revelar seu segredo a seus servos, os profetas.”
- Pois bem, Santo Padre. Tomei a liberdade de estudar em minhas poucas horas vagas, todos os documentos proféticos que encontramos por todos os lados que caminhamos sobre todos os Papas e seus sucessores. Uma das que encontrei inclusive foi em Castel Gandolfo naquela pequena biblioteca particular e é uma profecia muito interessante.
- E qual delas despertou tal interesse por uma mente tão brilhante quanto a sua meu amigo? – disse o Papa estranhando aquele interesse por seu agora novo conselheiro que sempre se mantinha discreto diante de qualquer situação.
- Refiro-me as profecias de São Malaquias.
- Você sabe que existem controvérsias sobre a autoria e mais ainda sobre as interpretações das citações proféticas que acompanham a lista que se referem aos Papas?
- Sim Santo Padre, você me conhece desde que ainda éramos jovens e sabe que não sou um homem que considere nada que não tenha lá de alguma forma uma explicação razoável, e que Vossa Santidade sim era o homem da fé.
- Isso realmente sempre foi uma das nossas diferenças e também um ponto que sempre nos aproximou não é mesmo? – disse o Papa sorrindo – mas continue estou curioso de ver você interessado em presságios.
- Quando em uma das nossas conversas Vossa Santidade referiu-se a biblioteca particular de profecias sobre os papas que existia em Castel Gandolfo, alguma coisa dentro de mim se acendeu. Então numa dessas minhas folgas curtas tomei a liberdade de ir verificar os escritos que lá estavam, eu até pedi para ficar alguns dias no castelo, o Santo Padre se recorda.
- Lembro-me. Achei até estranho, porque desde que você passou a trabalhar no Vaticano nunca mais tinha ido a nenhum lugar, então pensei comigo ‘provavelmente meu amigo deve estar estressado tanto quanto eu’.
- Estava realmente um pouco cansado, tudo isso que nos cerca é bem maior do que aquele nosso pequeno seminário e muitas vezes toda essa burocracia que necessitamos para apenas dizer algumas palavras me consome, só que não foi apenas por isso, eu estava muito interessado em ler tudo que estava por lá e realmente fiquei impressionado com a coleção de profecias e anotações que lá se encontram.
- Meu amigo, mas o que realmente que lhe deixou tão impressionado. – disse o Papa querendo descobrir do que se tratava tanta cerimônia.
- Santidade, conhecemos bem as profecias de São Malaquias e principalmente a ultima delas onde se refere ao ultimo papa, mas o que realmente me interessou foi a sua citação  para o papa Xisto V que governou a igreja de 1585 a 1590.
- E o que tem de especial nessa citação?
- As profecias são numeradas no total de 112 ou 113 ainda há uma controvérsia sobre isso,  porém a que me refiro é a de numero 73 e diz o seguinte ‘Axis in Medietate Signi’ ou traduzindo ‘O eixo no meio do emblema’ ou ainda numa outra forma de tradução ‘O machado no meio do sinal’.
- Bem, provavelmente a profecia tem a ver com seu nome, ou onde nasceu ou ainda com seu brasão cardinalício ou quem sabe seu papado foi marcado por uma tragédia, porque um machado no meio do sinal da a impressão que algo horrível aconteceu. – falou o Papa querendo interpretar a citação.
- Verdade. Em seu brasão existe realmente um leão dividido ao meio por um machado. No entanto existe uma coisa mais interessante que pode se revelar. Nesse caso, alguns interpretes dizem que isso é uma metáfora e que o significado poderia ser “O machado que divide as profecias em duas metades”.
 - Não entendi onde podemos chegar. – falou o Papa olhando agora intrigado para o seu secretário.
- Santidade o raciocínio é que o pontificado de Xisto V durou de 1585 até 1590 em torno de cinco a seis anos. Deduzimos então que a metade está em torno de 1587/1588. Se formos buscar o inicio da primeira definição para os pontificados que ocorreu em 1143 teriam passados 444 anos, se esse período corresponde a metade dos pontificados, imaginamos assim que a outra metade então se encerraria em 2031/2032.
- Espere um pouco, deixa-me raciocinar – disse o Papa pegando uma caneta e um papel. - então teríamos duas metades de 444 somadas totalizamos 888 se contarmos a partir do ano de 1143 chegaria ao ano de 2031 ou 2032 dependendo dos meses é isso?
- Perfeito Santidade, como sou um homem racional fiquei intrigado com essas contas.
- Então ainda temos alguns anos! – falou o Papa sorrindo apenas com um dos cantos do rosto demonstrando um certo grau de ironia.
- Santidade, temos também nessas minhas buscas pelas profecias uma outra de um dos Vossos antecessores: o Papa João XXIII. – falou o secretário puxando um papel onde tinha várias anotações.
- E qual seria? – disse o Papa olhando para as anotações de seu secretário.
- Disse ele :“São vinte séculos mais a idade do Salvador”.
- Se fosse em nosso calendário daria 2033. No entanto sabemos que existem alguns anos que divergem da contagem oficial não é isso?
- Verdade Santidade, mas de uma forma geral estamos lá por perto do ano de 2030.
- Há outra coisa, talvez o Papa João XXIII conhecesse essa interpretação que você me apresentou das profecias de São Malaquias.
- Sabe que também pensei nisso, imaginei que aquela quantidade de livros e anotações sobre as profecias de todos os papas pode já existir a muitos anos quem sabe até séculos, pois encontrei naquela biblioteca particular livros do século XVI e anotações sem data que pareciam ter sido escritas já há muitos anos.
- Parece que acompanhar as profecias sobre o papado é uma rotina de todos os pontífices. Sabe o que realmente imagino das profecias? Na verdade elas têm como função alertar um homem como também toda a humanidade de uma possibilidade futura, como quando um pai avisa seu filho que aquele comportamento pode conduzi-lo a determinado destino e que assim que retornamos as Leis o que foi profetizado não tem mais necessidade de acontecer.
- É só que a humanidade parece o filho desobediente que nunca ouve os conselhos de seu pai. – disse o secretário olhando para as suas anotações.
- Ainda temos que conversar secretário sobre as profecias de Fátima.
- Mas elas já foram reveladas, não é mesmo.
- Não como se deveria. – disse o Papa balançando a cabeça e piscando os olhos.

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