quinta-feira, 14 de março de 2013

Capítulo 27 - EXCOMUNHÃO


Capítulo 27
EXCOMUNHÃO
                                                                                                                            
                                                                         


              

“De Roma sairá uma excomunhão, enquanto a guerra será cruenta em Jerusalém. Depois da festa, haverá o saque. Paulo e Pedro serão afastados de Roma e muitos serão condenados ao exílio.”
Mago Merlim

                                                                                 


O Santo Padre e seu Chefe da Guarda caminharam o que parecia serem horas por aquele corredor que tinha agora a impressão de ser infinito.
- Santidade, parece que chegamos ao fim do túnel, só que aparentemente ele não tem saída. – falou o secretário colocando as mãos numa parede que não parecia ser nenhum tipo de porta.
- Não é possível. – respondeu o Papa e continuo – será que não temos ai nenhum tipo de fechadura como temos encontrado em outras portas?






Enquanto o secretário conseguia desvendar quase que totalmente os três pergaminhos e apresentar ao Santo Padre as suas conclusões, o monge Miguel também pediu para se reunir porque tinha boas notícias, havia conseguido encontrar a localização a que se referiam os números em hebraico nos primeiros seis pergaminhos encontrados.
- Temos boas novidades meu jovem monge? – perguntou o Papa que estava junto ao seu amigo secretário que foi chamado para acompanhar as possíveis revelações do monge para que elas se juntassem as descobertas do secretário e finalmente se chegasse as conclusões sobre os mistérios da Sala Sagrada.
- Tenho ótimas notícias, Santidade.
- Então vamos a elas. – falou o Papa acomodando-se em sua cadeira e com as mãos pedindo para que os outros dois homens se sentassem.
- Como imaginávamos aquelas letras em grego realmente são números que representam na verdade coordenadas para a localização dos símbolos que estão espalhados pelo que conhecemos como o mundo antigo.
- E como você conseguiu desvendar esses números? – perguntou o secretário com profundos ares de interesse.
- É um sistema antigo que misturava o tempo e a distância para se marcar um ponto longitudinal. Hoje se mede uma longitude através de graus de zero a cento e oitenta para leste ou para oeste a partir do meridiano de Greenwich, só que nos tempos antigos tivemos vários lugares como referencia de um ponto inicial e no caso de nossas coordenadas temos como ponto de partida a própria Sala Sagrada que encontramos debaixo do Vaticano.
- Então a partir do Vaticano determinaram-se os locais onde fossem construídas as igrejas que portariam os símbolos! E quais são esses lugares? – perguntou novamente o secretário?
Enquanto isso o Santo Padre se mantinha em silêncio tentando organizar em sua mente toda a completude daqueles mistérios.
- Não conseguimos ainda encontrar todos os seis locais. Só dois deles, o que se refere ao Filho e o que se refere a Santíssima Trindade conseguimos determinar exatamente a localização. Os outros quatro que se referem aos elementos da Terra estamos encontrando muitas dificuldades para pontuar exatamente onde se encontram os lugares, principalmente porque algumas cidades desapareceram durante esses dois mil anos e existem outros locais em que existem várias cidades que antes não existiam. Hoje as marcações através de longitude e latitude conseguimos precisar melhor um ponto a se localizar. No tempo antigo as coisas eram mais presumidas, por isso vamos precisar de mais umas pesquisas para concluirmos as localizações dos símbolos.
- E quais são essas duas cidades que já sabemos onde estão os dois símbolos? – perguntou o Papa olhando as anotações do monge.
- O símbolo que se refere ao Filho se encontra em Israel e o símbolo que se refere ao Espírito Santo se encontra na Turquia. – falou o monge olhando para a expressão do secretário.
 Todos queriam falar só que o silêncio disse tudo naquele instante, assim como nos mantemos diante de uma revelação de nossa alma.
- Jerusalém possui muitas igrejas que já foram construídas, destruídas e reconstruídas, como poderemos localizar algum tipo de símbolo escondido? Seria como procurar uma agulha num palheiro. - falou o secretário também tentando observar as anotações do monge, mas de repente lembrou-se que um dos pergaminhos trazia a forma estrutural das construções que abrigariam os símbolos. Então ficou em silêncio imaginando que mesmo que tivessem sido destruídas e reconstruídas teriam o mesmo padrão que cada uma possuía no pergaminho. “Mas quem faria essas construções? A maçonaria? Talvez.” – perguntou e respondeu o secretário em seu universo de pensamentos.
- Precisamos ir a Jerusalém então. – falou o Papa
- Não sei se é um bom momento, Jerusalém está praticamente sitiada. – respondeu o secretario retirando-se dos seus pensamentos pronunciando palavras.
- Mesmo que eu não vá, alguém de nós terá que ir a procura dos símbolos. Se eles caírem ou se já estiverem nas mãos daqueles que desejam governar completamente o planeta seria mais uma ferramenta de domínio. Será que conseguiríamos ir de forma extraoficial?
- Talvez consigamos, porém acredito que mesmo assim correríamos muitos riscos por causa da hecatombe que se arma no oriente médio. E também correríamos o risco de em pouco tempo não localizarmos símbolos algum. – falou o secretário.
- Também temos bons motivos para estar por lá e assim não despertarmos tanta atenção na direção de alguma procura. – falou o Papa tentando convencer o secretário.
- Isso é uma verdade, vou verificar quando podemos fazer isso e de que forma.
- Muito bem. Então você Miguel, por favor, continue tentando desvendar onde estão os outros quatro símbolos, para que possamos tentar resgatá-los. – falou o Santo Padre encerrando aquele encontro.
Parece que quanto mais tumultuado o momento mais a verdade se revela.
Nesses dias um cardeal que pouco contanto tinha com o Santo Padre solicitou uma audiência particular dizendo que era um caso urgente para a Igreja. Mesmo com toda aquela confusão o secretário Rafael pareceu entender a urgência e o colocou diante do Santo Padre.
- Santidade, venho até a vossa presença para revelar-lhe o que vem acontecendo por trás do vosso pontificado.
O Santo Padre então se acomodou onde estava sentado e balançou a cabeça para que o cardeal se sentisse a vontade para seguir com suas palavras e disse:
- Fique a vontade Eminência, estou pronto para ouvi-lo. 
- Vivemos desde sempre uma luta constante pela influencia de poder diante de Vossa Santidade. Pelo que sei acreditaram que isso seria muito fácil, o que não se revelou com vossa liderança espiritual. Os Spiritualis ficaram completamente satisfeitos com vosso pontificado, confirmando que o Espírito Santo enviou um líder capaz de guiar a Barca de Pedro e sempre estão colaborando com vossa liderança, mesmo que ocultamente. Entretanto o outro lado da força sempre foi inconformado com vosso comando, acreditam que é o tempo de se se manifestar uma religião mundial para o planeta e o que é pior, eles vêm articulando com líderes políticos essa possibilidade.
- Como você conhece toda essas informações Eminência?
- Eu fazia parte desse projeto Santidade.
- E por que desistiu de continuar com esse projeto?
- A principio gostaria realmente que nossa igreja retomasse o poder temporal como forma de melhorar o mundo Santidade, só que parece que na verdade isso acarretaria de alguma forma uma destruição global. – falou o Cardeal que aparentemente parecia estar sendo sincero.
- E quem são esses homens que vem agindo dessa maneira?
- Santidade a liderança era feita por vosso antigo conselheiro. Só que com sua morte uma luta interna se iniciou e muitos cardeais se uniram em torno de forças politicas que estão emergindo para dominar o mundo diante de tanta incerteza que se gerou.
- Você tem os nomes Eminencia? – insistiu o Papa olhando profundamente no rosto de seu cardeal.
Foi quando o cardeal surpreendeu o Papa retirando de seu habito um papel onde se encontrava uma relação de nomes e suas posições nessa hierarquia clandestina. O Santo Padre a abriu e viu o primeiro nome e ao lado a palavra antipapa e a relação seguia com vários nomes e suas posições hierárquicas e nela estava incluído o próprio nome do cardeal que se apresentava.


- Vamos verificar tudo isso Eminência e fique consciente que tomaremos posições enérgicas como eles desejam que seja minha liderança.
O cardeal se retirou com a impressão de que tinha feito o que realmente deveria ter feito desde o começo e que essa sua atitude poderia minimizar o conflito que se espalhava por todos os corredores que percorria.
O Santo Padre convocou uma reunião com aqueles que estavam mais próximos para saber se sabiam daquilo que estava acontecendo. Foi surpreendido com a afirmação de que sabiam, só que não comunicavam o Santo Padre porque não possuíam provas que pudessem revelar realmente o efetivo trabalho daqueles que diziam na verdade querer iluminar os caminhos do Senhor.
Dias difíceis, mas mesmo assim o líder supremo da igreja convocou os nomes da lista e pediu que confirmassem sobre aquilo que estavam sendo acusados. Eles confirmarem em grande parte tudo que estava acontecendo e confirmavam que estavam tentando conduzir a Igreja de Cristo para o seu verdadeiro caminho que era liderar também temporalmente o mundo. Insistiam profundamente e então foram ameados de serem excomungados se não voltassem a se comportar diante da liderança do Pontífice.
Com a ajuda do secretário Rafael, foi feita uma nova estruturação, os cardeais rebeldes foram redistribuídos pelo planeta e enviados para locais de pouca influência. Quanto aquele que era denominado como antipapa foi afastado de todas as suas atividades e recebeu a promessa de que se continuasse com seu comportamento abusivo seria definitivamente excomungado.
No meio dessa confusão o monge Miguel se aproximou do Santo Padre para dizer que tinha encontrado os outros quatro lugares onde poderia encontrar as quatro relíquias a que se referiam os pergaminhos dos elementos. E mais do que isso desvendou o propósito daquelas construções e explicou-as da seguinte maneira ao Papa:


- Os seis elementos distribuídos pelos diversos locais sagrados da antiguidade eram na verdade uma rede de proteção contra as forças negativas.
- E como funciona isso? – perguntou o Papa.
Miguel então puxou um mapa com a localização dos seis elementos que giravam como os planetas em torno da Sala Sagrada, onde se encontra o Grande Sétimo que representava o sol, e continuou a explanação de suas ideias:
- Santidade veja, as relíquias sagradas estão distribuídas exatamente por santuários que se encontram nas bordas das placas tectônicas. Os símbolos eram de alguma forma estabilizadores de energia. Eu acredito que não apenas as relíquias com seus símbolos forjados a ouro como também as peregrinações feitas pelos seres que se encontravam nesses locais eram maneiras de produzir energias que criavam forças capazes de manter toda a região dentro de um equilíbrio que criava uma estabilidade energética.
O Pontífice olhou para os sete locais que estavam assinalados pelo monge. Era difícil imaginar tudo isso, só que essas ideias faziam todo o sentido.
- Muitos desses lugares mesmo com essas proteções sofreram algum tipo de conflito ou desastre natural não é mesmo? – perguntou o Papa tentando questionar a teoria do monge.
- Sim é verdade, em alguns momentos eles realmente foram atingidos. Ainda não sei exatamente por que.
- De qualquer maneira gostaria que esses locais em que estão os símbolos dos quatro elementos: terra, agua, fogo e ar sejam pesquisados por você. Pode arrumar pessoas de sua confiança e faça uma busca discreta nesses quatro santuários. Converse com o secretário Rafael e explique a ele suas teorias para que ele também possa o ajudar em suas buscas.
- E quanto as relíquias do Filho e do Espírito Santo?
- Terei o cuidado de ir pessoalmente em busca desses dois elementos de nosso quebra-cabeça.

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