Capítulo 27
EXCOMUNHÃO
“De Roma sairá uma excomunhão, enquanto a guerra será cruenta em
Jerusalém. Depois da festa, haverá o saque. Paulo e Pedro serão afastados de Roma
e muitos serão condenados ao exílio.”
Mago
Merlim
O
Santo Padre e seu Chefe da Guarda caminharam o que parecia serem horas por
aquele corredor que tinha agora a impressão de ser infinito.
-
Santidade, parece que chegamos ao fim do túnel, só que aparentemente ele não
tem saída. – falou o secretário colocando as mãos numa parede que não parecia
ser nenhum tipo de porta.
-
Não é possível. – respondeu o Papa e continuo – será que não temos ai nenhum
tipo de fechadura como temos encontrado em outras portas?
Enquanto o secretário
conseguia desvendar quase que totalmente os três pergaminhos e apresentar ao
Santo Padre as suas conclusões, o monge Miguel também pediu para se reunir
porque tinha boas notícias, havia conseguido encontrar a localização a que se
referiam os números em hebraico nos primeiros seis pergaminhos encontrados.
- Temos boas
novidades meu jovem monge? – perguntou o Papa que estava junto ao seu amigo
secretário que foi chamado para acompanhar as possíveis revelações do monge para
que elas se juntassem as descobertas do secretário e finalmente se chegasse as
conclusões sobre os mistérios da Sala Sagrada.
- Tenho ótimas
notícias, Santidade.
- Então vamos a elas.
– falou o Papa acomodando-se em sua cadeira e com as mãos pedindo para que os outros
dois homens se sentassem.
- Como imaginávamos
aquelas letras em grego realmente são números que representam na verdade
coordenadas para a localização dos símbolos que estão espalhados pelo que
conhecemos como o mundo antigo.
- E como você
conseguiu desvendar esses números? – perguntou o secretário com profundos ares
de interesse.
- É um sistema antigo
que misturava o tempo e a distância para se marcar um ponto longitudinal. Hoje
se mede uma longitude através de graus de zero a cento e oitenta para leste ou
para oeste a partir do meridiano de Greenwich, só que nos tempos antigos
tivemos vários lugares como referencia de um ponto inicial e no caso de nossas
coordenadas temos como ponto de partida a própria Sala Sagrada que encontramos
debaixo do Vaticano.
- Então a partir do
Vaticano determinaram-se os locais onde fossem construídas as igrejas que
portariam os símbolos! E quais são esses lugares? – perguntou novamente o
secretário?
Enquanto isso o Santo
Padre se mantinha em silêncio tentando organizar em sua mente toda a completude
daqueles mistérios.
- Não conseguimos
ainda encontrar todos os seis locais. Só dois deles, o que se refere ao Filho e
o que se refere a Santíssima Trindade conseguimos determinar exatamente a
localização. Os outros quatro que se referem aos elementos da Terra estamos
encontrando muitas dificuldades para pontuar exatamente onde se encontram os
lugares, principalmente porque algumas cidades desapareceram durante esses dois
mil anos e existem outros locais em que existem várias cidades que antes não
existiam. Hoje as marcações através de longitude e latitude conseguimos
precisar melhor um ponto a se localizar. No tempo antigo as coisas eram mais
presumidas, por isso vamos precisar de mais umas pesquisas para concluirmos as
localizações dos símbolos.
- E quais são essas
duas cidades que já sabemos onde estão os dois símbolos? – perguntou o Papa
olhando as anotações do monge.
- O símbolo que se
refere ao Filho se encontra em Israel e o símbolo que se refere ao Espírito Santo
se encontra na Turquia. – falou o monge olhando para a expressão do secretário.
Todos queriam falar só que o silêncio disse
tudo naquele instante, assim como nos mantemos diante de uma revelação de nossa
alma.
- Jerusalém possui
muitas igrejas que já foram construídas, destruídas e reconstruídas, como
poderemos localizar algum tipo de símbolo escondido? Seria como procurar uma
agulha num palheiro. - falou o secretário também tentando observar as anotações
do monge, mas de repente lembrou-se que um dos pergaminhos trazia a forma
estrutural das construções que abrigariam os símbolos. Então ficou em silêncio
imaginando que mesmo que tivessem sido destruídas e reconstruídas teriam o
mesmo padrão que cada uma possuía no pergaminho. “Mas quem faria essas
construções? A maçonaria? Talvez.” – perguntou e respondeu o secretário em seu
universo de pensamentos.
- Precisamos ir a
Jerusalém então. – falou o Papa
- Não sei se é um bom
momento, Jerusalém está praticamente sitiada. – respondeu o secretario retirando-se
dos seus pensamentos pronunciando palavras.
- Mesmo que eu não vá,
alguém de nós terá que ir a procura dos símbolos. Se eles caírem ou se já
estiverem nas mãos daqueles que desejam governar completamente o planeta seria
mais uma ferramenta de domínio. Será que conseguiríamos ir de forma
extraoficial?
- Talvez consigamos,
porém acredito que mesmo assim correríamos muitos riscos por causa da hecatombe
que se arma no oriente médio. E também correríamos o risco de em pouco tempo
não localizarmos símbolos algum. – falou o secretário.
- Também temos bons
motivos para estar por lá e assim não despertarmos tanta atenção na direção de
alguma procura. – falou o Papa tentando convencer o secretário.
- Isso é uma verdade,
vou verificar quando podemos fazer isso e de que forma.
- Muito bem. Então
você Miguel, por favor, continue tentando desvendar onde estão os outros quatro
símbolos, para que possamos tentar resgatá-los. – falou o Santo Padre
encerrando aquele encontro.
Parece que quanto
mais tumultuado o momento mais a verdade se revela.
Nesses dias um
cardeal que pouco contanto tinha com o Santo Padre solicitou uma audiência
particular dizendo que era um caso urgente para a Igreja. Mesmo com toda aquela
confusão o secretário Rafael pareceu entender a urgência e o colocou diante do
Santo Padre.
- Santidade, venho
até a vossa presença para revelar-lhe o que vem acontecendo por trás do vosso
pontificado.
O Santo Padre então
se acomodou onde estava sentado e balançou a cabeça para que o cardeal se
sentisse a vontade para seguir com suas palavras e disse:
- Fique a vontade
Eminência, estou pronto para ouvi-lo.
- Vivemos
desde sempre uma luta constante pela influencia de poder diante de Vossa
Santidade. Pelo que sei acreditaram que isso seria muito fácil, o que não se
revelou com vossa liderança espiritual. Os Spiritualis ficaram completamente
satisfeitos com vosso pontificado, confirmando que o Espírito Santo enviou um
líder capaz de guiar a Barca de Pedro e sempre estão colaborando com vossa
liderança, mesmo que ocultamente. Entretanto o outro lado da força sempre foi
inconformado com vosso comando, acreditam que é o tempo de se se manifestar uma
religião mundial para o planeta e o que é pior, eles vêm articulando com
líderes políticos essa possibilidade.
- Como você
conhece toda essas informações Eminência?
- Eu fazia
parte desse projeto Santidade.
- E por que
desistiu de continuar com esse projeto?
- A principio
gostaria realmente que nossa igreja retomasse o poder temporal como forma de
melhorar o mundo Santidade, só que parece que na verdade isso acarretaria de
alguma forma uma destruição global. – falou o Cardeal que aparentemente parecia
estar sendo sincero.
- E quem são
esses homens que vem agindo dessa maneira?
- Santidade a
liderança era feita por vosso antigo conselheiro. Só que com sua morte uma luta
interna se iniciou e muitos cardeais se uniram em torno de forças politicas que
estão emergindo para dominar o mundo diante de tanta incerteza que se gerou.
- Você tem os
nomes Eminencia? – insistiu o Papa olhando profundamente no rosto de seu
cardeal.
Foi quando o
cardeal surpreendeu o Papa retirando de seu habito um papel onde se encontrava
uma relação de nomes e suas posições nessa hierarquia clandestina. O Santo
Padre a abriu e viu o primeiro nome e ao lado a palavra antipapa e a relação
seguia com vários nomes e suas posições hierárquicas e nela estava incluído o
próprio nome do cardeal que se apresentava.
- Vamos
verificar tudo isso Eminência e fique consciente que tomaremos posições
enérgicas como eles desejam que seja minha liderança.
O cardeal se
retirou com a impressão de que tinha feito o que realmente deveria ter feito
desde o começo e que essa sua atitude poderia minimizar o conflito que se
espalhava por todos os corredores que percorria.
O Santo Padre
convocou uma reunião com aqueles que estavam mais próximos para saber se sabiam
daquilo que estava acontecendo. Foi surpreendido com a afirmação de que sabiam,
só que não comunicavam o Santo Padre porque não possuíam provas que pudessem
revelar realmente o efetivo trabalho daqueles que diziam na verdade querer
iluminar os caminhos do Senhor.
Dias difíceis,
mas mesmo assim o líder supremo da igreja convocou os nomes da lista e pediu
que confirmassem sobre aquilo que estavam sendo acusados. Eles confirmarem em
grande parte tudo que estava acontecendo e confirmavam que estavam tentando
conduzir a Igreja de Cristo para o seu verdadeiro caminho que era liderar
também temporalmente o mundo. Insistiam profundamente e então foram ameados de
serem excomungados se não voltassem a se comportar diante da liderança do
Pontífice.
Com a ajuda do
secretário Rafael, foi feita uma nova estruturação, os cardeais rebeldes foram
redistribuídos pelo planeta e enviados para locais de pouca influência. Quanto
aquele que era denominado como antipapa foi afastado de todas as suas
atividades e recebeu a promessa de que se continuasse com seu comportamento
abusivo seria definitivamente excomungado.
No meio dessa
confusão o monge Miguel se aproximou do Santo Padre para dizer que tinha
encontrado os outros quatro lugares onde poderia encontrar as quatro relíquias
a que se referiam os pergaminhos dos elementos. E mais do que isso desvendou o
propósito daquelas construções e explicou-as da seguinte maneira ao Papa:
- Os seis
elementos distribuídos pelos diversos locais sagrados da antiguidade eram na
verdade uma rede de proteção contra as forças negativas.
- E como
funciona isso? – perguntou o Papa.
Miguel então
puxou um mapa com a localização dos seis elementos que giravam como os planetas
em torno da Sala Sagrada, onde se encontra o Grande Sétimo que representava o
sol, e continuou a explanação de suas ideias:
- Santidade
veja, as relíquias sagradas estão distribuídas exatamente por santuários que se
encontram nas bordas das placas tectônicas. Os símbolos eram de alguma forma
estabilizadores de energia. Eu acredito que não apenas as relíquias com seus
símbolos forjados a ouro como também as peregrinações feitas pelos seres que se
encontravam nesses locais eram maneiras de produzir energias que criavam forças
capazes de manter toda a região dentro de um equilíbrio que criava uma
estabilidade energética.
O Pontífice
olhou para os sete locais que estavam assinalados pelo monge. Era difícil
imaginar tudo isso, só que essas ideias faziam todo o sentido.
- Muitos
desses lugares mesmo com essas proteções sofreram algum tipo de conflito ou
desastre natural não é mesmo? – perguntou o Papa tentando questionar a teoria
do monge.
- Sim é
verdade, em alguns momentos eles realmente foram atingidos. Ainda não sei
exatamente por que.
- De qualquer
maneira gostaria que esses locais em que estão os símbolos dos quatro
elementos: terra, agua, fogo e ar sejam pesquisados por você. Pode arrumar
pessoas de sua confiança e faça uma busca discreta nesses quatro santuários.
Converse com o secretário Rafael e explique a ele suas teorias para que ele
também possa o ajudar em suas buscas.
- E quanto as
relíquias do Filho e do Espírito Santo?
- Terei o
cuidado de ir pessoalmente em busca desses dois elementos de nosso
quebra-cabeça.
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