segunda-feira, 25 de março de 2013

Capítulo 36 - MORRERÁ QUEIMADO


Capítulo 36
MORRERÁ QUEIMADO
                                                                                                                            
                                                                         


              

 “Quando o filho da perdição já tiver realizado seus desígnios, reunirá todos os seus crentes e lhes dirá que subirá ao céu.”
 “No momento dessa ascensão, um raio o atingirá e morrerá queimado.”
 “Por outro lado, a montanha na qual se haverá estabelecido para sua ascensão, ficará por um instante coberta por uma nuvem que exalará um odor de corrupção espantosa, realmente infernal.”
                                                         Santa Hildegarda


O chefe da guarda e o Papa preparam-se para saírem da sala sagrada. Ao tentarem, a porta por onde entraram estava trancada.
- O que faremos para sair daqui Santidade?
- Tenha calma chefe, essa porta abre pelos dois lados. Por favor, segure o Grande Sétimo enquanto eu tento abri-la.
O fechamento da porta foi providencial, porque quando o Papa foi abri-la recordou-se que outra delas podia ser aberta e os levaria para fora da Basílica. Pelo menos é o que aparentemente podia se ver no mapa que ele havia encontrado em Castel Gandolfo.
- Chefe, tive outra ideia, vamos abrir aquela outra porta e sair por ela.
O chefe da guarda então ficou surpreso e logo procurou acompanhar o Papa na direção da porta que tinha um símbolo parecido com uma pomba.
O Sumo Pontífice encontrou a mesma dificuldade para abrir a porta com o símbolo do Espírito Santo que havia encontrado para abrir a porta por onde havia entrado, só que dessa vez tinha por algum motivo certeza suficiente para insistir na tentativa de abertura.
- Santidade para onde nos levará essa porta?
- Acredito que para fora do palácio, chefe.
- Para que lugar exatamente Santidade, porque parece que nesse momento tudo está cercado.
- Vamos tentar, estou com o pressentimento que estão nos aguardando pelo caminho que fizemos para entrar.
Com a insistência do Papa a porta com o símbolo da pomba acabou se abrindo.
- Deixe-me ir a frente, Santidade. – falou o secretário já caminhando na direção da saída.
O corredor parecia não ter sido aberto há séculos. Teias de aranha se entrelaçavam e formava o que parecia ser uma rede de cordas, A escuridão parecia ser ainda maior do que aquela que tinham encontrado no túnel por onde haviam entrado. Só que o silêncio era profundo, dando a impressão que realmente o Papa havia escolhido o melhor caminho a percorrer.
Mais uma vez o secretário pegou o seu celular e começou a clarear o caminho para que os dois pudessem seguir em segurança.
- Santidade, o senhor já andou por esse caminho?
- Não tive tempo secretário. – respondeu o Papa seguindo o seu escudeiro.
- Como sabe onde vamos parar?
- Só conheço esse caminho através de mapas.
O secretário ficou surpreso e pensou em olhar para trás e observar o rosto do Santo Padre, mas logo se recordou que na escuridão não ia dar resultado algum.
O caminho que o Papa e seu segurança estavam seguindo era de difícil acesso. Só se via a escuridão, em alguns lugares água empossada, em outros começaram a subir uma escada de degraus todos tortos. Foi quando o secretário olhou para o pulso e disse ao Papa:
- Santidade, já estamos caminhando ha dez minutos e nem sinal de chegarmos a qualquer lugar.
- Secretário pelo que me lembro do mapa essa saída nos colocará fora do Vaticano, portanto acredito que vamos realmente caminhar bastante.
O Santo Padre e seu Chefe da Guarda caminharam o que parecia serem horas por aquele corredor que tinha agora a impressão de ser infinito.
- Santidade, parece que chegamos ao fim do túnel, só que aparentemente ele não tem saída. – falou o secretário colocando as mãos numa parede que não parecia ser nenhum tipo de porta.
- Não é possível. – respondeu o Papa e continuo – será que não temos ai nenhum tipo de fechadura como temos encontrado em outras portas?
Com o celular tentando clarear a parede os dois homens começaram a revistar tudo que estava diante dos dois. Onde não conseguiam ver tateavam à procura de alguma forma de fechadura.
- Santidade, parece que estamos apenas diante de uma parede e se aqui havia alguma porta ela foi fechada por um muro de tijolos.
- Das seis portas as únicas que abriam eram as que tinham o símbolo do Filho e a do Espírito Santo, as outras quatro abriam apenas uma espécie de antessala, mas que também não possuíam saídas, sempre acreditei que a sala que se referia ao Espírito Santo nos levaria para fora do Vaticano.
- Provavelmente isso era uma saída e possuía uma porta, só que foi fechada com essa parede.
O Santo Padre e seu chefe da guarda tiveram que retornar pelo mesmo túnel que parecia ser a saída por onde retirariam o Grande Sétimo evitando dessa forma que aquela relíquia caísse nas mãos do filho do mal.
- Vamos ter que sair por onde entramos Santidade.
- Tenho a impressão que estamos na verdade de alguma forma encurralados, nosso destino está verdadeiramente nas mãos de Deus. – afirmou o Papa que apresentava sinais de grande cansaço.
O caminho de volta para a Sala Sagrada parecia agora durar anos. Assim que chegaram a porta de onde haviam partido, o chefe da guarda afirmou:
- Vossa Santidade está escutando?
O Santo Padre ficou estático querendo ouvir.
- Não ouço absolutamente nada.
- É isso que está estranho. Enquanto andamos por esses corredores e quando estávamos aqui nessa sala eu sempre ouvia algum tipo de ruído distante, só que agora tudo está em silêncio.
Antes mesmo que o secretário terminasse a sua frase os dois homens foram surpreendidos.
Os dois homens foram surpreendidos pelo filho do mal que os aguardava na Sala Sagrada.
- É uma honra estar diante da vossa presença, Santidade – falou aquele que já recebia a alcunha de anticristo.
O secretário tentou partir para cima do filho do mal e logo foi segurado pelos homens que o acompanhava.
- O que o senhor deseja? – perguntou o Papa.
- Aquilo que está sobre vossa guarda. – respondeu o filho do mal, já indicando para um de seus homens que retirasse das mãos do Santo Padre o Grande Sétimo.
Os homens que acompanhavam o anticristo tiraram o Grande Sétimo das mãos do Papa a força e a entregaram ao filho do mal.
- O Senhor não imagina como procurávamos essa joia, chegamos a pensar que ela era apenas uma criação da mente dos místicos. – disse o filho do mal com os olhos cheios de cobiça.
 - O que você pretende fazer com ela?
- Abrir as portas de uma outra dimensão para este mundo.
- Tragam-me os elementos que precisamos para realizar minha ascensão. – disse o filho da perdição para aqueles que o acompanhava.
Foi então que o falso profeta apareceu, aquele mesmo que o Santo Padre havia ameaçado de excomunhão. Depositou no chão da Sala Sagrada uma maleta escura, abriu-a e de dentro começou a retirar as relíquias que tanto foram procuradas durante o pontificado.
- Você não sabe o que está fazendo!  - falou o Papa ao filho do mal.
-Sua Santidade está completamente enganada sei perfeitamente o que estou realizando.
- E o que você acredita estar realizando?
- Abrindo as portas das forças que para cá me enviaram e ao mesmo tempo retornando para minhas origens. – respondeu o filho do mal.
Assim que terminou o pedido do filho do mal, o falso profeta, aquele que estava por trás de todas as dificuldades que a Santa Igreja vinha enfrentando, retirou da mala preta que ele trazia todos os símbolos que preencheriam a seis portas da Sala Sagrada.
O falso profeta pegou uma a uma as relíquias que eram verdadeiras joias forjadas em puro ouro. Colocou-as nas formas que estavam encravadas na porta e toda a sala de alguma forma começou a se tornar dourada.
O filho do mal arrancou a força os anéis que trazia o Papa com ele, e com as joias abriu facilmente o relicário que ficava no chão da Sala Sagrada e para mais surpresa ainda colocou o Grande Sétimo em seu devido lugar sem a menor dificuldade.
A Besta pretendia cumprir o que vinha dizendo aos seus fiéis: “No fim de minha guerra ascenderei aos céus.”.
- Bispo, traga o nosso homem. – falou o anticristo para o falso profeta.
O falso profeta com alguns soldados abriu a porta por onde eles haviam entrado e surgiu o Monge Miguel. Estava completamente desfigurado, provavelmente fora preso e torturado.
- O que você esta fazendo? – disse o Papa ao anticristo.
- Cale-se – respondeu o filho do mal ao Santo Padre e indicando aos seus soldados que o fizessem se calar.
Então se dirigiu ao jovem Monge:
- O que devo fazer agora meu jovem?
- Perdoe-me Santidade. – disse o monge Miguel dirigindo-se ao Papa.
- Faça o que tem que ser feito meu jovem amigo. – respondeu o Santo Padre como pode.
- Chega de conversas, o que devo fazer agora monge?
O monge sem resistir, pois parecia ter sido já profundamente agredido respondeu com dificuldades:
- É necessário que todas as portas sejam fechadas, que todos se retirem e sozinho se faça a oração do salmo 121.
O filho do mal ficou surpreso com aquela informação, mas acreditou que tinha sentido e pediu para que seus soldados se retirassem e levassem com eles todos que se encontravam na sala. A porta por onde todos haviam entrado foi reaberta e todos foram parar no corredor e por trás dela à espera do grande evento ficou o falso profeta.
A Sala Sagrada estava completamente clara com todos os seus elementos colocados em seu devido lugar. O resplendor do encontro dos símbolos dourados das seis portas com o Grande Sétimo ao centro e a claridade que emergia do alto tornaram tudo aquilo mais dourado que um dia pleno de sol. O filho do mal então pegou o Salmo 121 que havia sido entregue à ele pelo falso profeta e começou a orar. Os seis símbolos da porta começaram a se alinhar com o Grande Sétimo quando foi pronunciado o primeiro versículo. No segundo versículo o centro da sala se despertou. O filho do mal ficou impressionado e continuo a receitar os demais versículos e quando estava para chegar ao fim o céu e a terra começaram a se unir numa mesma força. Quando tudo parecia estar dando resultado um grande estrondo pode ser ouvido e a energia dispersada jogou o filho do mal contra a parede queimando todo o seu corpo.

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