3ª PARTE
O DIA
DO SENHOR
Capítulo 22
A PORTA SANTA
Quando subir ao trono de Pedro um papa que levará a letra Z no
nome, terá chegado o momento de abrigar-se em casa, porque a tempestade está
próxima.
A.Cassert
O
fechamento da porta foi providencial, porque quando o Papa foi abri-la recordou-se
que uma outra delas podia ser aberta e os levaria para fora da Basílica. Pelo
menos é o que aparentemente podia se ver no mapa que ele havia encontrado em
Castel Gandolfo.
-
Chefe, tive outra ideia, vamos abrir aquela outra porta e sair por ela.
O
chefe da guarda então ficou surpreso e logo procurou acompanhar o Papa na
direção da porta que tinha um símbolo parecido com uma pomba.
O Ano Santo
estava para se iniciar e seguindo a tradição, o Santo Padre havia marcado a
abertura da Porta Santa para dias após ter descoberto os documentos da verdade.
Resolveu então sigilosamente se reunir com o monge Miguel e seu amigo
secretário Rafael. Copilaram com algumas alterações os três pergaminhos e os
guardaram no cofre reservado ao Papa e
os originais foram distribuídos por três lugares secretos ao redor do mundo,
mas não sem que antes conseguissem desvendar claramente aquela grande mosaico
que havia sido escondido com tantos mistérios.
O Papa então
seguindo a tradição se dirigiu ao cerimonial que tinha como inspiração a antiga
disciplina cristã que proibia os pecadores públicos entrarem na Igreja,
enquanto não terminasse o tempo estabelecido para as suas penitências. Apesar
das tantas dificuldades que vinham vivendo o povo, a Basílica de São Pedro
naquele dia estava cercada de uma multidão de fiéis conquistados pela liderança
daquele que já era considerado um santo misericordioso.
A multidão
entonava cânticos enquanto o Santo Padre acompanhado de dois cardeais caminhava
lentamente na direção da Porta Santa. Suas vestes brilhavam como uma supernova
e a iluminação desse estado se expandiam pelo horizonte. Ao chegar ajoelhou-se
suportado por seu cajado e professou interiormente suas orações. Depois de
alguns minutos se ergueu e definitivamente procurou abrir a porta e assim
pronunciou:
- Esta é a
porta do Senhor.
Então a
multidão de fieis respondeu:
- Por ela entrarão os justos.
Após a
resposta da multidão de fieis o Santo Padre com a ajuda dos seus bispos abriu a
porta de ouro da entrada da Basílica de São Pedro, iniciava-se o Ano Santo. O
Sumo Pontífice dirigiu-se ao trono que o esperava do outro lado da porta e
sentando-se aguardava a entrada dos que representavam os vários povos do
planeta.
Sentado ali
observando toda aquela maravilhosa celebração procurou o significado mais
profundo do que o cercava. A porta era o caminho ao sagrado dentro de cada um
de nós que para ser aberto necessitava de nossos esforços pessoais. Precisamos
bater intensamente para sermos atendidos, pois normalmente nos distanciamos de
quem realmente somos. É quando nos encontramos verdadeiramente. Promovemos assim
o caminho da justiça. Abriu-se o mundo novo, o novo tempo a nova era dentro
daqueles que se identificam com a essência do Todo.
Os presentes
trazidos por cada um dos que atravessavam a porta eram as pequenas e continuas
graças recebidas pelos que praticam a justiça. Para os que atravessam essa
porta as graças são a liberdade, a verdade, a paz, o êxtase espiritual, um
equilíbrio existencial permanente.
Os olhos do
Santo Padre naquele estado em que estava tiveram uma visão interior: viu
interiormente um feixe de luz subir ao céu. Ele partia do interior da terra e
quando olhava para os céus ele atingia o infinito. Imaginou o Grande Sétimo
gerando essa luz resplandecente e pensou, porque não essa sua busca tão
misteriosa não ser algum tipo de porta que poderia ser aberta para um outro
tempo! O sinal nos céus a quem tanto se referiam os profetas.
Esse evento
foi interrompido por um movimento de dois bispos que estavam sentados à sua
direita e que se dirigiram um ao outro para conversar e que de alguma forma no
estado em que se encontrava o Santo Padre pôde ouvir um dizer ao outro:
- Nosso
Pontífice está tendo a graça de conduzir a nau de Pedro com segurança apesar de
tanta turbulência não é mesmo? – disse o primeiro Cardeal.
- Sim é
verdade, mas você sabe o que diz uma das tantas profecias papais para esse
nosso tempo. – respondeu o segundo Cardeal.
- A qual
delas você está se referindo?
- Aquela que
diz que quando subir ao trono de Pedro um papa que levará a letra Z em seu nome,
chegou o momento de todos abrigarem-se em suas casas porque a tempestade está
próxima.
- Você está querendo
dizer que a sorte mudará completamente? – perguntou o primeiro Cardeal.
- Provavelmente,
Vossa Eminência.
- Então temos que nos
preparar urgentemente para essas dificuldades e retomarmos o trono de Pedro.
- Não tenho certeza
se haverá um trono, Vossa Eminência. – encerrou o dialogo misteriosamente o
segundo Cardeal ao perceber que a atenção do Papa havia se voltado para eles.
O Sumo Pontífice direcionou sua atenção
intuitivamente para os dois cardeais e depois que fez isso sentiu que realmente
estavam falando algo dele, só que já havia se acostumado com tantas conversas
paralelas e de corredores que novamente colocou seus olhos de volta ao
cerimonial. Começou então a recordar de tudo o que estava acontecendo desde os
seus primeiros dias de pontificado até aquele momento. Lembrou-se de seu fiel
escudeiro o monge Miguel, gostaria de saber se ele havia conseguido decifrar
por completo os seis pergaminhos.
Caso Miguel tenha
conseguido decifrar os seis pergaminhos, tinha agora outro trabalho, decifrar o
novo pergaminho que haviam encontrado e que estava escrito em aramaico. Esse,
sim, com certeza tinha os códigos que fariam com que todas as coisas tivessem
um sentido mais profundo. Ele daria
ordem aos enigmas que vinham sendo encontrados aos poucos em sua jornada.
O sentido mais
profundo vem de dentro.
A cerimonia estava
acabando e o Sumo Pontífice levantou-se de sua cadeira e dirigiu-se a saída da
igreja em meio a multidão. Então pensou consigo mesmo: ‘ Espero poder guiar
todos sabiamente para o que parece ser o fim de um tempo seja na verdade o
inicio de uma nova era de prosperidade para toda a humanidade. ’
Assim, seguiu
lentamente olhando sempre que possível para os olhos de cada um por onde
passava, dando-lhes a certeza de que a fé os conduziria pela nova porta que se
abriria novamente.
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