sexta-feira, 8 de março de 2013

3ª Parte - O DIA DO SENHOR Capítulo 22 - A PORTA SANTA


3ª PARTE

          O DIA
     DO SENHOR



                             

Capítulo 22
A PORTA SANTA
                                                                                                                            
                                                                         

                                                                         

Quando subir ao trono de Pedro um papa que levará a letra Z no nome, terá chegado o momento de abrigar-se em casa, porque a tempestade está próxima. 
A.Cassert



O fechamento da porta foi providencial, porque quando o Papa foi abri-la recordou-se que uma outra delas podia ser aberta e os levaria para fora da Basílica. Pelo menos é o que aparentemente podia se ver no mapa que ele havia encontrado em Castel Gandolfo.
- Chefe, tive outra ideia, vamos abrir aquela outra porta e sair por ela.
O chefe da guarda então ficou surpreso e logo procurou acompanhar o Papa na direção da porta que tinha um símbolo parecido com uma pomba.







O Ano Santo estava para se iniciar e seguindo a tradição, o Santo Padre havia marcado a abertura da Porta Santa para dias após ter descoberto os documentos da verdade. Resolveu então sigilosamente se reunir com o monge Miguel e seu amigo secretário Rafael. Copilaram com algumas alterações os três pergaminhos e os guardaram no cofre  reservado ao Papa e os originais foram distribuídos por três lugares secretos ao redor do mundo, mas não sem que antes conseguissem desvendar claramente aquela grande mosaico que havia sido escondido com tantos mistérios.
O Papa então seguindo a tradição se dirigiu ao cerimonial que tinha como inspiração a antiga disciplina cristã que proibia os pecadores públicos entrarem na Igreja, enquanto não terminasse o tempo estabelecido para as suas penitências. Apesar das tantas dificuldades que vinham vivendo o povo, a Basílica de São Pedro naquele dia estava cercada de uma multidão de fiéis conquistados pela liderança daquele que já era considerado um santo misericordioso.
A multidão entonava cânticos enquanto o Santo Padre acompanhado de dois cardeais caminhava lentamente na direção da Porta Santa. Suas vestes brilhavam como uma supernova e a iluminação desse estado se expandiam pelo horizonte. Ao chegar ajoelhou-se suportado por seu cajado e professou interiormente suas orações. Depois de alguns minutos se ergueu e definitivamente procurou abrir a porta e assim pronunciou:
- Esta é a porta do Senhor.
Então a multidão de fieis respondeu:
 - Por ela entrarão os justos.
Após a resposta da multidão de fieis o Santo Padre com a ajuda dos seus bispos abriu a porta de ouro da entrada da Basílica de São Pedro, iniciava-se o Ano Santo. O Sumo Pontífice dirigiu-se ao trono que o esperava do outro lado da porta e sentando-se aguardava a entrada dos que representavam os vários povos do planeta.
Sentado ali observando toda aquela maravilhosa celebração procurou o significado mais profundo do que o cercava. A porta era o caminho ao sagrado dentro de cada um de nós que para ser aberto necessitava de nossos esforços pessoais. Precisamos bater intensamente para sermos atendidos, pois normalmente nos distanciamos de quem realmente somos. É quando nos encontramos verdadeiramente. Promovemos assim o caminho da justiça. Abriu-se o mundo novo, o novo tempo a nova era dentro daqueles que se identificam com a essência do Todo.
Os presentes trazidos por cada um dos que atravessavam a porta eram as pequenas e continuas graças recebidas pelos que praticam a justiça. Para os que atravessam essa porta as graças são a liberdade, a verdade, a paz, o êxtase espiritual, um equilíbrio existencial permanente.
Os olhos do Santo Padre naquele estado em que estava tiveram uma visão interior: viu interiormente um feixe de luz subir ao céu. Ele partia do interior da terra e quando olhava para os céus ele atingia o infinito. Imaginou o Grande Sétimo gerando essa luz resplandecente e pensou, porque não essa sua busca tão misteriosa não ser algum tipo de porta que poderia ser aberta para um outro tempo! O sinal nos céus a quem tanto se referiam os profetas.
Esse evento foi interrompido por um movimento de dois bispos que estavam sentados à sua direita e que se dirigiram um ao outro para conversar e que de alguma forma no estado em que se encontrava o Santo Padre pôde ouvir um dizer ao outro:
- Nosso Pontífice está tendo a graça de conduzir a nau de Pedro com segurança apesar de tanta turbulência não é mesmo? – disse o primeiro Cardeal.
- Sim é verdade, mas você sabe o que diz uma das tantas profecias papais para esse nosso tempo. – respondeu o segundo Cardeal.
- A qual delas você está se referindo?
- Aquela que diz que quando subir ao trono de Pedro um papa que levará a letra Z em seu nome, chegou o momento de todos abrigarem-se em suas casas porque a tempestade está próxima.
- Você está querendo dizer que a sorte mudará completamente? – perguntou o primeiro Cardeal.
- Provavelmente, Vossa Eminência.
- Então temos que nos preparar urgentemente para essas dificuldades e retomarmos o trono de Pedro.
- Não tenho certeza se haverá um trono, Vossa Eminência. – encerrou o dialogo misteriosamente o segundo Cardeal ao perceber que a atenção do Papa havia se voltado para eles.
 O Sumo Pontífice direcionou sua atenção intuitivamente para os dois cardeais e depois que fez isso sentiu que realmente estavam falando algo dele, só que já havia se acostumado com tantas conversas paralelas e de corredores que novamente colocou seus olhos de volta ao cerimonial. Começou então a recordar de tudo o que estava acontecendo desde os seus primeiros dias de pontificado até aquele momento. Lembrou-se de seu fiel escudeiro o monge Miguel, gostaria de saber se ele havia conseguido decifrar por completo os seis pergaminhos.
Caso Miguel tenha conseguido decifrar os seis pergaminhos, tinha agora outro trabalho, decifrar o novo pergaminho que haviam encontrado e que estava escrito em aramaico. Esse, sim, com certeza tinha os códigos que fariam com que todas as coisas tivessem um sentido mais profundo.  Ele daria ordem aos enigmas que vinham sendo encontrados aos poucos em sua jornada.
O sentido mais profundo vem de dentro.
A cerimonia estava acabando e o Sumo Pontífice levantou-se de sua cadeira e dirigiu-se a saída da igreja em meio a multidão. Então pensou consigo mesmo: ‘ Espero poder guiar todos sabiamente para o que parece ser o fim de um tempo seja na verdade o inicio de uma nova era de prosperidade para toda a humanidade. ’
Assim, seguiu lentamente olhando sempre que possível para os olhos de cada um por onde passava, dando-lhes a certeza de que a fé os conduziria pela nova porta que se abriria novamente.
                        

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