Capítulo 38
O DIA DO SENHOR
Bem sabeis que o dia do
Senhor chegará como o ladrão à noite. Quando disserem: “Paz e segurança”, então
de repente sobrevirá a ruína, como as dores do parto à gestante, e não
escaparão.
Carta de São Paulo aos Tessalonicenses
Os três homens depois de tamanho evento sentiram-se
parte daquela tremenda força. Foram tomados assim por um sentimento de infinita
plenitude.
Depois de algum tempo voltaram suas mentes para
o que os cercava.
- O que faremos agora, Santidade? – perguntou o
Chefe da Guarda ao Santo Padre. - Vamos recolher as relíquias e transportá-las
para outro lugar, este não é mais seguro. – respondeu o Papa.
O Chefe da Guarda correu imediatamente para
retirar das portas as joias em ouro e tirando sua camisa fez uma espécie de
saco onde começou a depositá-las. Enquanto isso o monge Miguel tentava ajudar o
Papa a retirar o Grande Sétimo do centro da Sala Sagrada.
- Monge, é melhor carregar as seis relíquias,
enquanto o Santo Padre a pedra principal. Assim fico com as mãos livres e
caminho a frente desses corredores para defendê-los de alguma eventualidade. –
disse o Chefe da Guarda.
A ideia foi aceita de imediato e logo os três
homens estavam caminhando para fora das catacumbas do Vaticano.
Andando pelos túneis tiveram que passar por cima
dos corpos daqueles que acompanhavam o filho do mal. Andaram lentamente não
querendo despertar nenhuma atenção. Ficaram surpresos por não encontrarem
nenhum tipo de luta por onde andaram talvez a luz gerada pelo Grande Sétimo
tivesse afastado os soldados. Provavelmente a impressão de que uma bomba tinha
sido detonada teria assustado todos das dependências do Vaticano.
- Monge, quando você foi capturado pelas forças
do mal, como estava tudo ao redor do Vaticano? – perguntou o Chefe da Guarda
preocupado com o que enfrentaria na saída.
- As tropas da Besta sofreram uma resistência
apenas na entrada da cidade de Roma. Em questão de poucas horas já estava tudo
tomado e entrar no Vaticano foi como que um passeio para todos os seus
soldados. Ao perceberem que tudo estava vazio como o Papa havia recomendado
para todos os residentes, o filho da perdição pediu para que seus homens
invadissem todos os locais ao redor para encontrar o Santo Padre, os seus
bispos e sacerdotes.
- E o que eles fizeram com todos nossos irmãos?
– perguntou o Papa.
- Santidade, o falso profeta, aquele que fora
excomungado de nossa Igreja acompanhava a Besta e sabia exatamente o que
queria. Procurava o Santo Padre, pois estava atrás de seus anéis para abrir as
passagens necessárias para chegar à Sala Sagrada. – respondeu o monge.
- Eles conheciam todos os nossos passos, não é
mesmo?
- Sim eles estavam à frente de todas as nossas
buscas, só não tinham o conhecimento intuitivo que Vossa Santidade utilizou para
desvendar os mistérios.
E quantos aos nossos irmãos, Miguel?
- Santidade, eles foram arrancados de seus
esconderijos e arrastados para a Praça de São Pedro. Lá foram em sua maioria
torturados e assassinados. A população
civil também não escapou das atrocidades. Aqueles que não fugiram para os
campos foram arrancados de suas casas e mortos brutalmente. Dessa carnificina
não escaparam nem idosos, nem crianças.
- Essa é a igualdade e a justiça que tanto
apregoou o filho do mal. – afirmou o Santo Padre com a voz embargada de dores e
sofrimentos pelo que ouvia e imaginava em seu coração.
- E como você sobreviveu? – perguntou o Chefe da
Guarda.
- Eles sabiam que eu conhecia boa parte dos
segredos e pouparam minha vida, porque para eles eu era útil.
- E o que deu de errado para a Besta que foi
torrada ao acionar a força do Grande Sétimo?
- Colaborei com ele em quase tudo. Porém sabia
que seu coração perverso não teria o poder de acionar a energia pura do Grande
Sétimo. Na via da dúvida dei-lhe também o salmo 121 não em sua forma original
em hebraico como deveria ser lida. Sabia que não iria funcionar, porque nos
pergaminhos estava claro que apenas um bom coração pronunciaria os sons
necessários para unir o céu e a terra.
- Corremos riscos demais o mal quase abriu completamente
as portas dos infernos para este mundo. – afirmou o Santo Padre.
- Ainda corremos muitos riscos Santidade. –
disse o Chefe da Guarda observando que a saída das catacumbas por onde haviam
entrado estava fechada por uma montanha de entulhos.
- O que faremos agora? – perguntou o monge?
- Essas catacumbas possuem mais saídas que
entradas. – afirmou o Papa.
- Como assim Santidade! – exclamou o Chefe da Guarda.
- Todos esses corredores com arcossólios,
criptas, sarcófagos, já foram também utilizados até em celebrações. Também
eventualmente em momentos de perseguição foram utilizados como esconderijos
passageiros, dessa maneira foram criadas também várias saídas. A grande
abertura que podia se ver na Sala Sagrada era uma das claraboias por onde a luz
penetrava. Temos que procurar outra saída, tenho certeza que encontraremos.
Eles não podiam imaginar que presos naqueles
corredores estavam na verdade momentaneamente sendo preservados das
perseguições e dos eventos que o céu estava revelando ao planeta.
As dores na superfície da terra eram suficientes
para se desacreditar que pudesse existir algum coração caridoso sobre a face do
planeta.
Todo o sistema solar que passava por uma zona
cinzenta da galáxia estava sendo bombardeado por corpos celestes. O planeta
Terra em particular estava sendo atingido por meteoritos de diversos tamanhos
por toda a sua superfície. Toda a proteção parecia ter desaparecido e a ruína
atingiu todas as terras, todas as águas, todos os fogos e todos os ares.
Nessas mesmas horas os três homens tentavam
escapar das catacumbas. Andavam por todas as escuridões e quando viam uma
pequena fresta de luz se agarravam a ela como a um farol que pudesse levá-los
para fora daqueles corredores.
Nessa busca acabaram encontrando um cubículo
onde a iluminação parecia ser maior que nos outros lugares. Entrando viram um
enorme mausoléu com várias figuras representativas e várias frases.
- O que é tudo isso, Santidade? - perguntou o
Chefe da Guarda.
- Parece que é uma representação do que estamos
vivendo em nossos dias. – respondeu o Santo Padre observando as figuras que se
referiam ao dia do Senhor.
- Como assim? – insistiu o Chefe da Guarda.
O monge Miguel então começou a ler as frases
citadas por todos os cantos:
”Eis que o dia do Senhor vem implacável, com
furor ardente, para transformar o país em ruína e exterminar dele os pecadores.
Porque as estrelas do céu e suas constelações não farão brilhar a sua luz. O
sol será escuro desde o seu nascer, e a lua não dará a sua claridade”. Isaías
13: 9-10.
“Mas esse é, para o Senhor Deus Todo-poderoso,
um dia de vingança, para se vingar de seus adversários: a espada devora e se
sacia, embriagando-se de seu sangue”. Jeremias 46:10
“Filho do homem, profetiza dizendo: Assim diz o
Senhor Deus: Soltai uivos de dor por aquele dia, porque está próximo o dia,
está perto o dia do Senhor! Será um dia de nuvens, a hora das nações.” Ezequiel
30: 2-3
- Monge aqui tem mais citações, esta, por
exemplo, é enorme. De uma olhada. – falou o Chefe da Guarda indicando outras
citações.
Miguel então continuou a ler:
“Está próximo o grande dia do Senhor! Ele está
próximo, iminente! O clamor do dia do Senhor é amargo, nele até mesmo o herói
grita! Será um dia de ira aquele dia: dia de angústia e de tribulação, dia de
devastação e de destruição, dia de trevas e de escuridão, dia nebuloso e
sombrio, dia da trombeta e dos gritos de guerra contra as cidades fortificadas
e contra as torres das muralhas. As pessoas ficarão aflitas e caminharão como
cegas, porque pecaram contra o Senhor; o seu sangue será derramado como pó e
suas entranhas como esterco.” Sofonias 1:14-17
“Porque está próximo o dia do Senhor para todas
as nações! Como fizeste, assim te será feito: teus atos recairão sobre tua
cabeça!” Abdias 15
- Monge Miguel, leia este aqui, pelo que o
entendi me parece um pouco diferente das outras citações, pois trás uma boa
nova. – disse o Papa ao jovem e
apontando para a citação a ser lida.
- A citação diz o seguinte:
“O sol se transformará em trevas, a lua em
sangue, antes que chegue o dia do Senhor, grande e terrível! Então, todo aquele
que invocar o nome do Senhor será salvo.” Joel 3: 4-5
A citação bíblica do profeta trazia acima um
afresco com ilustrações claras do que seria o dia do Senhor. Uma cena
apocalíptica.
- Aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo. – repetiu o Papa a frase como que tentando abrir algo.
O Pontífice parou de falara baixo para si mesmo
e disse alto:
- Senhor!
- O som parece ecoar de forma diferente nesse
lugar. – falou o Chefe da Guarda.
- Diferente! – exclamou o monge.
- Sim, ele não se propaga ecoando rápido como
nos outros lugares. Parece que algo o absorve. – disse o Chefe da Guarda
olhando para o alto e observando que realmente havia uma claraboia que parecia
poder ser escalada.
- Será que podemos subir por essa claraboia? –
perguntou o monge.
- Preste atenção esses sarcófagos servem como
uma espécie de escada. – falou o Chefe da Guarda já colocando os pés em
posições de escalada.
O chefe da Guarda logo já estava no topo.
- O que você consegue ver? – perguntou o monge
olhando para a abertura no teto.
- Tem aqui um corredor. Vou verificar se ele dá
em algum lugar. Já volto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário