quinta-feira, 21 de março de 2013

Capítulo 33 - AS CIDADES


Capítulo 33
AS CIDADES
                                                                                                                            
                                                                         


              

 “...Roma, a Roma esplendida dos mármores será transformada em uma enorme montanha de cinzas infectas”
                                                           Monge Olivetan
                       


                                                                                 
- Tragam-me os elementos que precisamos para realizar minha ascensão. – disse o filho da perdição para aqueles que o acompanhava.
Foi então que o falso profeta apareceu, aquele mesmo que o Santo Padre havia ameaçado de excomunhão. Depositou no chão da Sala Sagrada uma maleta escura, abriu-a e de dentro começou a retirar as relíquias que tanto foram procuradas durante o pontificado.
- Você não sabe o que está fazendo!  - falou o Papa ao filho do mal.
-Sua Santidade está completamente enganada sei perfeitamente o que estou realizando.
- E o que você acredita estar realizando?
- Abrindo as portas das forças que para cá me enviaram e ao mesmo tempo retornando para minhas origens. – respondeu o filho do mal.




Depois de horas de voo de retorno, o Santo Padre estava se aproximando de Roma para se dirigir aquilo que ele acreditava ser seu sacrifício final. Olhando pela janela do avião observou como são na verdade a grande maioria das cidades desse tempo:
“Podia-se ver as casas e os edifícios da cidade olhando de cima, como também podia se imaginar o que estava agora na cabeça das pessoas. Elas agora normalmente buscavam apenas consumir. Antes fosse educação ou quem sabe uma boa comida, mas não era somente isso, passaram a sentir somente alegria em compras fúteis que lhe traziam apenas prazer momentâneo. Então compram um amontoado de bugigangas, compram também, sexo acreditando que somente assim poderão se aproximar do amor. Todos estão agora sempre correndo e sempre atarefados. Um dia de vinte quatro horas tornou-se um tempo pequeno para realizar todas as tarefas, que se resumem praticamente em ficar diante de um universo de coisas externas e nunca diante de si mesmos. A sociedade se corrompeu por um deus monetário, isso porque ele pode lhes fornecer todos os prazeres que as mãos podem alcançar. Assim praticamente todos se corrompem querendo acumular bens e capitais. Bens como a verdade ou a justiça são desprezados e coisas essenciais como a caridade e a compaixão são desconhecidas. Eles, correm, correm e correm atrás daquilo que é transitório, e não percebem que o eterno está muito mais numa corrida para si mesmos. Os que têm mais tem infinitas vezes mais do que aqueles que tem menos. Para onde carregarão todo o excedente? Os que têm menos carregam mais, mesmo sem perceber.”
“De cima também se podem ver as almas desgovernadas andando pelas ruas, ora largas, ora estreitas. Abandonadas por causa da corrente individualista que vem escravizando toda uma sociedade. Nas praças já não se buscam os verdadeiros valores. O centro do centro agora são os vícios que invadiram até as almas mais puras. Drogas fizeram com que pais, filhos e até avós se amontoassem pelos cantos. Estão alucinados querendo escapar de uma realidade que nem mesmo os mais perversos imaginaram um dia poder criar. Querem alívios para as suas dores e encontraram apenas ilusões. Onde estão os anjos! Diz então aquele que viu os anjos, o Apostolo João:”
‘Depois vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder. A terra ficou iluminada com sua glória. Ele gritou com voz potente: “Caiu, caiu a grande Babilônia. Tornou-se morada de demônios, refugio de todo espírito impuro e abrigo de toda ave impura e repugnante. Pois com o vinho do furor da sua prostituição embriagaram-se todas as nações, com ela se prostituiram os reis terra. Também os comerciantes da terra se enriqueceram com seu luxo desenfreado”. Ouvi outra voz do céu que dizia: “Saí dela, meu povo, para não serdes cumplices de seus pecados, para não vos atingir parte de suas pragas. Os seus pecados se amontoaram até o céu, e Deus se lembrou de suas injustiças. Pagai-lhe com a mesma moeda, e dai em troca o dobro de suas obras. Na taça que preparou, preparai o dobro. Na mesma proporção em que se envaideceu e entregou-se ao luxo, dai-lhe pranto e tormento. Já que disse em seu coração: ‘Como rainha estou sentada, não sou viúva nem jamais verei luto’, por isso num só dia virão sobre ela as calamidades: a morte, o pranto, a fome, e ela será devorada pelo fogo, pois poderoso é o Senhor Deus que a julgou”. Por sua causa hão de chorar e lamentar-se os reis da terra que com ela se prostituiram e se entregaram ao luxo, quando virem a fumaça de seu incêndio. Parados ao longe, com medo do seu tormento, dirão: “Ai, ai, Babilônia, grande cidade, cidade forte, porque bastou uma hora para o teu julgamento!” Também os comerciantes da terra vão chorar e ficar de luto por causa dela, pois ninguém mais lhes compra as mercadorias: carregamentos de ouro e prata, pedras preciosas e perolas, linho e purpura, seda e escarlate, todo tipo de madeira defumada, objetos de marfim, de madeira preciosa, de bronze de ferro e de mármore, canela, temperos e perfumes, mirra e incenso, vinho e azeite, flor de farinha e trigo, animais de carga e ovelhas, cavalos e carros e vidas humanas. Os frutos que cobiçavas afastaram-se de ti, a opulência e o esplendor terminaram para ti, e não mais serão encontrados. Os comerciantes dessas mercadorias que enriqueceram pararão ao longe com medo de seus tormentos, chorando e lamentando-se assim: “Ai, ai, grande cidade, que se vestia de linho, purpura e escarlate, que se enfeitava de outro, pedras preciosas e perolas, bastou uma hora para destruir tanta riqueza!” Todos os pilotos, navegantes, marinheiros e todos que trabalharam no mar pararam ao longe e exclamaram ao ver a fumaça do incêndio: “ Que cidade era igual à grande cidade?” Jogaram pó sobre as cabeças e gritaram entre prantos e lamentos: “ Ai, ai grande cidade. Com tua fartura enriqueceram-se todos os armadores do mar. Bastou uma hora para seres destruída!” Alegra-te, ó céu, por causa dela, e vós, santos, apóstolos e profetas, porque Deus julgou a vossa causa contra ela. Então um anjo poderoso levantou uma pedra como uma grande mó e atirou-a ao mar, dizendo: “Com a mesma força será atirada Babilônia, a grande cidade, e nunca mais será encontrada. Nunca mais se ouvirá nela a voz dos citaristas e dos músicos, dos flautistas e dos tocadores de trombeta, nem artesão de qualquer arte será jamais encontrado em ti. O ruído do moinho já não se escutará, a luz da lâmpada já não luzirá, nem se ouvirá a voz do esposo e da esposa, porque teus comerciantes eram os grandes da terra, e as tuas magias seduziram todas as nações, e nela foi encontrado o sangue dos profetas, dos santos e de todos que foram mortos sobre a terra”.’
O Santo Padre diante do que via ao observar Roma como também outras tantas cidades inclusive o Vaticano, concluiu em seus pensamentos: “As cidades tornaram-se Babilônias, corromperam-se em sua essência”.      
Ao aterrissar, o avião provocou uma forte turbulência e o Papa brincou com seu novo Secretário:
- Parece que as turbulências já começaram antes mesmo de chegarmos ao Vaticano.
- Santidade, em minha nova função, procurei acompanhar de perto as notícias do oriente, através dos amigos que fiz quando ainda era o Patriarca de Jerusalém. As notícias não são nada boas. A guerra se intensificou profundamente e a Besta que vem querendo dominar o mundo está tentando jogar suas garras sobre a Europa.
- Agora ele mostrará realmente porque veio a este mundo. – disse o Papa recordando-se do filho do mal na primeira vez em que o viu numa das audiências no Vaticano.
 - Sua guerra é perversa. Vem arrasando os países pelos céus, mares, e terras. Levando desgraças por onde passa e ameaçando deflagrar definitivamente uma guerra atômica.
- Ele virá atrás de nós em busca daquilo que tanto quer. – falou o Papa
- O que ele tanto deseja Santidade? Destruir nossa Igreja? – perguntou o novo Secretário.
- Além de querer destruir nossa Igreja, Eminência, ele deseja para si o Grande Sétimo.
- Grande Sétimo! O que é isso, Santidade?
- É uma longa historia, que devagar vou lhe contando Eminência, agora vamos urgente ao Vaticano antes que cheguemos lá depois do filho do mal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário