sexta-feira, 15 de março de 2013

Capítulo 28 - A PAZ! A PAZ!


Capítulo 28
A Paz! A Paz!

                                                                         


              

“Tenho medo da parte do oriente. Explodirá uma guerra ali com tanta rapidez que à noite se dirá: A paz! A paz! E não haverá paz, pois os inimigos se encontram já à porta e por todo lugar ressonarão os ruídos de guerra.”
“Não será uma guerra de religião, e os que creem em Cristo farão causa comum. Explodirá um sinal principal sobre a guerra para saber quando ela será iniciada: esse sinal será a fraqueza geral em assuntos de religião e a corrupção dos costumes em diversos lugares.”
Jasper

                                                                                 


Com o celular tentando clarear a parede os dois homens começaram a revistar tudo que estava diante dos dois. Onde não conseguiam ver tateavam à procura de alguma forma de fechadura.
- Santidade, parece que estamos apenas diante de uma parede e se aqui havia alguma porta ela foi fechada por um muro de tijolos.
- Das seis portas as únicas que abriam eram as que tinham o símbolo do Filho e a do Espírito Santo, as outras quatro abriam apenas uma espécie de antessala, mas que também não possuíam saídas, sempre acreditei que a sala que se referia ao Espírito Santo nos levaria para fora do Vaticano.
- Provavelmente isso era uma saída e possuía uma porta, só que foi fechada com essa parede.


O Santo Padre chamou o seu mordomo e pediu para que convocasse urgente o seu secretário Rafael. Assim que ele se apresentou foi falando rapidamente:
- Precisamos ir à Jerusalém de qualquer maneira e de passagem iremos à Turquia. Você acredita que pode localizar aquilo que procuramos?
- Tenho quase certeza que sim. – respondeu o secretário retirando de seu habito um arquivo digital.
- O que você tem aí?
- Imagens dos pergaminhos de como deveriam ser construídos os lugares que ocultariam os símbolos.
- Você deu essas dicas para o monge Miguel tentar encontrar as relíquias a que se referem os quatro elementos?
- Sim Santidade, informei apenas os detalhes que achei relevante. Ainda tenho dificuldades em acreditar que o jovem seja capaz de manter segredos fundamentais sobre sua guarda.
- Entendo, você tome também muito cuidado com esses documentos, porque os que querem nos destruir estão em nosso encalço. – falou o Papa pegando em suas mãos os arquivos.
- Tenho dormido com eles, Santidade.
- Vamos aproveitar a grande crise que se instalou novamente no oriente médio e visitaremos Jerusalém para localizarmos os símbolos. Vamos aproveitar e fazer uma escala em Istambul para tentarmos completar o serviço.
- Não sei se deveríamos Santidade! – falou o secretário com voz de preocupação e devolvendo para trás de seu hábito os arquivos eletrônicos.
- Estou decidido meu amigo.
- E se isso for determinante para que o conflito se agrave?
- Já pensei nisso, só que acredito que qualquer ataque a Israel é na verdade um ataque aos filhos de Abraão e por isso dificilmente um conflito dessa magnitude possa se concretizar.
- Tenho minhas dúvidas. – disse o secretário e depois de pensar por alguns instantes completou – talvez eles queiram é que esse conflito realmente se generalize.
- Vamos ter que enfrentar nosso destino seja ele qual for e venho orando para que possamos conduzir nossos fiéis para um novo tempo. – disse o Papa.
Depois de algumas semanas a vontade do Pontífice se fez, ele e sua comitiva estavam num avião com destino a Jerusalém. Quase todos não acreditaram que o Santo Padre tomaria uma atitude tão ousada, pois afinal ele poderia ser o fogo que ascenderia o estopim de inicio de uma guerra que tinha tudo para se tornar uma catástrofe em termos planetários.
Antes de chegar a Jerusalém o secretário Rafael já havia com autorização do Papa enviado um cardeal de sua confiança para preparar toda a visita junto ao Patriarca Latino da Igreja em Jerusalém. Mesmo reconhecendo todos os perigos da visita do Santo Padre, o Patriarca fez de tudo para que aquela visita se tornasse o mais seguro possível em virtude do iminente conflito.
Enquanto o Papa promovia a visita protocolar em busca de paz para a região o seu secretário sairia numa procura discreta pelas relíquias que marcariam o local exato do esconderijo do símbolo do Filho.
Rafael de imediato quis visitar discretamente a Catedral do Santo Sepulcro, pois tinha quase certeza que se existisse algum lugar em que o símbolo do Filho pudesse estar representado seria naquele lugar sagrado para os cristãos.
O secretário já havia estado anteriormente dentro da igreja construída sobre as pedras onde havia morrido Jesus, só que daquela vez tinha passado quase que como um turista. O que recordava claramente era da emoção que havia sentido por estar no mesmo lugar do martírio e da ressurreição do líder maior de sua fé.
Ao começar a entrar novamente naquele santuário seu coração estava completamente tomado de alegria, assim como a igreja também estava tomada de gente. Preferiu assim, pois se misturando aos visitantes poderia olhar detalhe por detalhe sem ser percebido, principalmente porque aquele templo era administrado não apenas por católicos e sim principalmente por ortodoxos.
 O secretário havia pesquisado tudo sobre a igreja e por isso sentia que poderia se decepcionar com sua busca porque aquele monumento histórico - havia sido construída sobre um templo romano de Adriano e posteriormente destruída pelos persas e que reconstruída sofreu nova destruição pelos mulçumanos. Foi desse evento que sobraram apenas os pilares da igreja da época de Constantino e que com a retomada de Jerusalém pelos cruzados foi erguida uma nova basílica que basicamente era a que se podia se ver até hoje – dificilmente teria conseguido abrigar algum segredo por esses dois séculos de mudanças ferozes.
Antes de entrar na igreja, Rafael tentou memorizar todos os detalhes que estavam revelados no pergaminho que desvendava a localização do Símbolo do Filho. O sol e a cruz, ele se recordava bem deviam estar alinhados e entre os dois estaria uma espécie de relicário onde a joia sagrada seria depositada. Esses símbolos estavam em quase todas as igrejas e por todos os lugares sagrados do mundo cristão.
Já dentro do Santuário, o secretário pode ver a capela construída no centro onde Jesus foi sepultado e ressuscitou. Sobre ela o domo deixava entrar um enorme feixe de luz que representada a luz do mundo. Caminhou em sua direção na busca de encontrar o que procurava, entrou lentamente naquele lugar sagrado e ali não encontrou nada. Saiu e tentou caminhar lentamente por mosaicos que representavam as diversas formas de crucificação e ressureição de Jesus.



Só quando sua atenção se dirigiu para o local reluzente onde estava o Cristo crucificado debaixo de um arco dourado acreditou poderia estar perto do que procurava. Olhou então procurando o símbolo do sol que representava o Pai e não encontrou. Teve que se aproximar lentamente porque era um dia comum de visitas e mesmo com todo aquele boato de guerra o santuário estava completamente tomado. Enquanto muitos turistas apenas passeavam, muitos religiosos procuravam orar por paz para aqueles tempos, mas todos naquela igreja o que queriam como sempre era que as lutas cedo ou tarde cessassem como vinha acontecendo a anos naquelas terras.
Diante daquele amontoado de gente ele seguiu procurando o tal relicário e se surpreendeu quando conseguiu olhar para os seus próprios pés e ver o que parecia serem raios, como estavam muitas pessoas ficou olhando cada pedaço daquele mosaico que estava representando no piso em frente ao símbolo de Jesus crucificado. Na confusão procurou retirar de seu hábito uma cópia daquilo que procurava, o que via sobre os seus pés era exatamente o que estava retratado no pergaminho. O símbolo de Jesus crucificado estava diante do sol. Entre eles estava o altar do qual se aproximou lentamente e lá o local exato onde esteve a cruz que recebeu o corpo de Jesus um dia. Debaixo dele uma proteção de vidro que mostrava num andar abaixo uma espécie de gruta. Continuou assim olhando tudo ao seu redor no meio daquelas pessoas procurando algum tipo de abertura, sinal ou relicário que mostrasse o símbolo que ele procurava.
Um homem observou que aquele homem não era apenas um visitante comum.
- O senhor está a procura de alguma coisa? – perguntou um monge ortodoxo se dirigindo ao secretário trajado como um homem comum para não ser percebido.
- O senhor poderia me dizer como faço para estar naquela gruta que está debaixo do altar? – respondeu o secretário com outra pergunta.
 - Posso leva-lo até lá. Sou um dos monges responsáveis pela administração do Santuário e o Senhor nos parece ser um visitante que vem de longe.
- Venho do Vaticano.
- O senhor está sem o seu hábito!
- Estou junto com a comitiva do Papa que está em Jerusalém e resolvi conhecer melhor o Santo Sepulcro.
- O Senhor pode me acompanhar vou mostrar-lhe como se chega ao local exato da crucificação de Jesus Cristo.
O secretário ficou sem saber exatamente se o que estava acontecendo era bom ou ruim, porque sua procura agora estava acompanhada de um monitor, mas sem ajuda provavelmente teria mais dificuldades. Acreditou que a providência tinha se manifestado.
O monge ortodoxo seguiu abrindo caminho pela multidão que existia naquele santuário com tanta facilidade que fez o secretário se recordar que ele parecia Moisés abrindo o mar morto. Seguiu assim colado no monge aproveitando as suas passadas.
 Em poucos segundos atravessado o mar de gente o monge já começava a descer uma escada que levaria para uma abertura debaixo do santuário.
- Ali esta o lugar exato onde acreditamos ter sido crucificado Jesus Cristo. – falou o monge apontando para o centro da gruta.
O secretário se aproximou já como quem observa em todos os detalhes algo como uma tampa ou parede ou pedra que possa esconder o relicário que procurava. Percebeu que o local rústico era desprovido de qualquer símbolo e para onde o monge havia apontado era uma espécie de pedra talhada. Começou a pensar consigo mesmo ‘Se tivesse que esconder algo muito precioso onde colocaria!’. Instintivamente olhou para cima e pode ver a sala superior através do vidro que estava abaixo do altar. De onde olhava viu que debaixo da cruz onde estavam os pés de Jesus crucificado parecia ter uma abertura como daquelas que abriam os locais de acesso à Sala Sagrada.
- Agradeço por vossa preocupação e por ter me acompanhado. – falou o secretário ao monge que se mantinha ao seu lado.
- Fique a vontade. O senhor é um padre não é mesmo? – falou o monge ao secretário que ficou surpreso com a afirmação.
- Isso mesmo. – respondeu o secretário percebendo que o habito que sempre vestira agora mesmo quando não o usava continuava sendo vestido de alguma forma.
- Se precisar de algo estou a vossa disposição. – afirmou novamente o monge agora se retirando.
O secretario Rafael ficou ainda por algum tempo observando a gruta e procurou não chamar mais a atenção só que antes de sair voltou para o andar superior e se abaixou para observar novamente a sala do andar inferior só que agora olhando também para o pé da cruz que se encontrava no mural a sua frente e nele pode observar que seria necessário o anel de Salomão para conseguir abrir o que parecia ser o cofre procurado.
O Santo Padre se mantinha em conversas e conferencias em Jerusalém e estava em estado de ansiedade esperando notícias de seu secretário Rafael em sua procura. Assim que ele chegou foi recebido:
- Então amigo como foram as buscas? – perguntou o Papa com voz de ansiedade.
- Parece que encontrei o local que procuramos Santidade, só que para chegarmos até ele vamos ter alguns problemas.
- E quais seriam?
- Precisamos estar a sós, porque o lugar é bem público e vamos provavelmente necessitar do anel de Salomão para abrirmos o que parece ser uma espécie de cofre.
O secretário contou detalhadamente tudo que havia ocorrido em sua busca e depois disso foi tomar providências oficiais para visitar o Santuário do Santo Sepulcro juntamente com o Santo Padre.
No dia posterior o Santuário fechou suas portas mais cedo e o Papa e seu secretário acompanhado do Patriarca de Jerusalém estavam diante do Cristo Crucificado. O secretário pegou o anel de Salomão e abriu uma pequena abertura ao pé da cruz, dentro dela um relicário lindo todo dourado como estava detalhado no pergaminho ao qual ele entregou ao Santo Padre que o abriu lentamente. Dentro dele apenas um papel com uma data em algarismos romanos. A relíquia já tinha sido descoberta.
- Chegamos tarde secretário. – falou o Pontífice, parece que esperando por aquilo.
- Verdade, basta apenas entendermos quanto tempo estamos atrasados.
O Patriarca de Jerusalém se manteve paralisado tentando entender o que era tudo aquilo.
Naquela mesma semana o Santo Padre voltou de Jerusalém ao Vaticano só que com uma parada na Turquia. Ao partir levou consigo a paz que vinha sendo respeitada durante a sua visita. A guerra invadiu as casas da região e feriu novamente o coração de seus habitantes só que agora com a lamina que não cicatriza. Todo o mal, a perversidade, o ódio que havia se condensado por milênios nos céus do oriente agora estavam para ser derramados na forma de um Armagedom.



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