segunda-feira, 18 de março de 2013

Capítulo 30 - O MASTIM


Capítulo 30
O MASTIM
                                                                                                                            
                                                                         

              

“A grande estrela brilhará por sete dias,
E a nuvem fará dois sóis aparecer:
O grande mastim uivará durante a noite,
Quando o grande Pontífice mudar de residência”.
                                                                       Nostradamus
                                                                                 
                                                                                 


O caminho de volta para a Sala Sagrada parecia agora durar anos. Assim que chegaram a porta de onde haviam partido, o chefe da guarda afirmou:
- Vossa Santidade está escutando?
O Santo Padre ficou estático querendo ouvir.
- Não ouço absolutamente nada.
- É isso que está estranho. Enquanto andamos por esses corredores e quando estávamos aqui nessa sala eu sempre ouvia algum tipo de ruído distante, só que agora tudo está em silencio.
Antes mesmo que o secretário terminasse a sua frase os dois homens foram surpreendidos.



As forças do mal através do seu líder pareciam agora tomar conta do planeta. A guerra localizada no oriente estava se alastrando por todos os cantos do mundo como uma peste causada por um vírus. Mesmo não se confirmando ainda uma guerra de proporções atômicas, os seus resultados eram desumanos isso porque ressaltava a discórdia, o ódio, a violência e suas consequências a fome, a dor, as pestes. Por mais que a humanidade tivesse sido alertada por seus profetas, esses dias eram imensamente doloridos por aqueles que o viram de perto.
Nessa situação o Santo Padre desabafou ao seu amigo confidente:
- Secretário, estamos muito perto de sermos tocados por esses conflitos, temos que nos preparar para o pior.
- Vamos ter que pensar na possibilidade de partirmos do Vaticano, Santidade. Aqui somos um alvo fácil.
- Você sugere que o capitão abandone o seu barco meu amigo? – perguntou o Santo Padre sorrindo.
- Não Santidade, apenas que nos afastemos por um tempo. Podemos ir para um lugar mais seguro até que as coisas se acalmem.
Nesse mesmo instante o mordomo do Papa interrompeu a conversa informando que o monge Miguel gostaria de ser ouvido.
- Peça para que ele entre.
O monge entrou calmamente com a expressão de quem não tinha boas noticias.
- Quais são as boas novas meu jovem? – falou o Papa.
- Aconteceram coisas que até agora não entendi, Santo Padre. Talvez os senhores pudessem me ajudar.
- Você encontrou as relíquias? – perguntou o secretário ao jovem.
- Encontrei os santuários, o local exato de onde estavam guardadas as relíquias como também um pequeno baú onde provavelmente estavam as joias, só que dentro deles apenas anotações com uma data em algarismo romano.
O Papa e o secretário olharam um para o outro confirmando aquilo que eles já esperavam, todas as relíquias já haviam sido resgatadas e provavelmente por aqueles que vinham seguindo os passos que eles estavam tomando ou talvez já conhecessem todos esses segredos a muito tempo.
- E você acredita que essas datas encontradas são exatamente o que? – perguntou o secretário ao monge.
- Eminência, tenho certeza que foram as datas em que as relíquias foram retiradas de seu local original.
- Como você concluiu isso meu jovem?
- Através de pesquisas também descobri que no mesmo período em que foram retiradas as relíquias dos santuários, esses locais ficaram desprotegidos e consequentemente a região sofreu catástrofes ou de forças naturais ou de forças humanas como as guerras.
Mais uma vez o Papa olhou para o seu secretário e agora impressionado com as conclusões a que chegaram o monge Miguel.
- E quem você acredita que mantém o controle agora dessas relíquias?
- Aqueles que querem destruir a Igreja, Santidade. – respondeu de pronto o jovem como se já esperasse aquele tipo de pergunta.
- E como eles pretendem fazer isso? – questionou o secretário.

- Acredito que a tentativa de destruição da Igreja não é apenas da instituição em si, mas de tudo que esteja relacionada a ela, o grande mastim pretende acabar com a cidade do Vaticano e com tudo que ela representa. E mais, creio que essas forças negativas tem certeza que a Sala Sagrada com todos os seus símbolos é uma enorme fonte de energia capaz de realizar aquilo que eles desejam.
O Pontífice foi novamente lembrado por seu mordomo que tinha em sua agenda uma reunião com os astrônomos do Vaticano que estavam urgindo para algo que parecia ser ainda mais importante do que estava acontecendo na face da terra. Agradeceu ao monge Miguel por suas descobertas e por toda sua aplicação naquelas buscas.
Pela mesma porta e no mesmo instante em que o monge se retirava entrava o padre responsável pelo observatório do Vaticano e alguns de seus acompanhantes.
- Os céus continuam a nos apavorar amigos? – perguntou o Papa olhando o semblante sisudo dos responsáveis pelo observatório que traziam consigo computadores portáteis.
O diretor, um padre, da Specola Vaticana ou melhor do observatório astronômico foi logo se dirigindo ao Santo Padre:
- Santidade, temos algo muito importante para apresentar: uma projeção astronômica dos caminhos que vem fazendo nosso planeta na direção de uma zona desconhecida do nosso céu.
O padre abriu então um computador pessoal e pediu permissão ao seu líder espiritual para que colocasse sobre a sua mesa as imagens que tinha para apresentar. O secretário Rafael já havia mostrado algumas imagens e o próprio Papa já tinha ido ao observatório do Vaticano observar de perto aquela zona desconhecida, só que os astrônomos agora traziam não apenas as imagens como também projeções com datas para uma entrada nesse local que parecia estar fora de nossa galáxia. O pequeno filme mostrava os céus que nos cercam e a aproximação do nosso sol de uma zona em que os próprios astrônomos começaram a chamar de uma zona cinzenta. Com datas especificas de sua aproximação, de um possível contato e de sua passagem, aquela apresentação que durava apenas alguns minutos parecia assustadora.
- Olhando essas datas, parece que já estamos dentro dessa tal zona cinzenta é isso mesmo?- perguntou o secretário.
- Eminência, sua observação é verdadeira, nós já estamos dentro dessa zona e o que é pior existem muitas possibilidades de que esse lugar esconda desde pequenos cometas e asteroides até planetas errantes e dessa maneira estarem sujeitos a colisões de energias que nem podemos imaginar. É como se entrássemos numa chuva de astros que tanto podem desde nos atingir de raspão como nos destruir completamente.
- Quando vamos poder ter certeza do que enfrentaremos? – perguntou o Papa.
- Santidade, praticamente todos os grandes observatórios do planeta já identificaram esse evento e estão tentando mapear esse lugar por onde nosso sistema solar está atravessando. Alguns cientistas acreditam que essa passagem ocorre de tempos em tempos e que as grandes destruições que sofreram nosso planeta provavelmente têm a ver com essa passagem – respondeu o padre colocando a projeção em seu novo início.
- Uma informação dessas colocaria o planeta em pânico. – afirmou o Santo Padre como se tivesse conversando com seus próprios pensamentos.
- Por enquanto a população parece que está sendo preservada. – afirmou o secretário olhando novamente a tela do computador.
- Mesmo porque ainda não temos certeza absoluta do que enfrentaremos nesses próximos anos. Talvez apenas algumas turbulências como a queda de pequenos meteoros, mas como também poderíamos nos defrontar com um outro sistema que poderia ser algo como um segundo sol para nosso planeta.– disse o padre
- Que Deus tenha misericórdia de toda a humanidade.
- Amém. – pronunciaram todos que estavam na sala em resposta ao pedido de Sua Santidade. 
Quando terminou aquele dia e Santo Padre se recolheu para descansar não conseguiu fechar os olhos para dormir. Passou a noite reavaliando toda sua trajetória de vida e principalmente o seu pontificado. De idade já avançada sentindo cada vez mais que suas noites eram imensamente curtas, levantou-se e se pôs a reviver principalmente os mistérios que vinha vivendo. A última conversa que tinha tido com monge Miguel e com os astrônomos martelavam sua mente. Pensou contigo se deveria deixar o estado do Vaticano para se refugiar em algum outro lugar, mas isso como se fosse um pensamento negativo ele tentou afastar.
O Santo Padre repentinamente sentiu um cheiro doce e na procura instintiva de localizar a origem do evento olhou para a cabeceira de sua cama e lá as profecias e anotações sobre os pontífices que havia trazido de Castel Gandolfo. Elas e livro sagrado eram agora sua leitura diária e uma delas lhe chamou a atenção:
“A grande estrela brilhará por sete dias,
E a nuvem fará dois sóis aparecer:
O grande mastim uivará durante toda a noite,
Quando o grande Pontífice mudar de residência”.   (Nostradamus).
O Santo Padre leu uma vez, duas vezes, três vezes, quatro vezes, e quando perdeu a conta das vezes em que havia lido foi tomado por duas questões que vieram em sua mente:
‘ A profecia poderia estar falando sobre um sol criado pela mão dos homens, uma bomba nuclear, que ficaria nos céus inicialmente por sete dias. Com isso, o Santo Padre teria que se afastar do Vaticano, fizessem que o filho do mal uivasse em triunfo. Só que ainda poderia estar se referindo a aproximação do nosso sistema solar durante sete anos de um lugar em que as forças gerariam um segundo sol e que esses eventos enlouqueceriam a todos. Com essa oportunidade, o reino das trevas através de sua besta tomaria posse da terra aniquilando a Igreja na figura do Pontífice. ’

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